Carlos Eduardo pensa em se aposentar no Fla: “Um dos maiores do mundo!”

Postado em: 27 de fev de 2013.

Ele diz que é paixão. Daquelas arrebatadoras. Carlos Eduardo está no Flamengo há um mês, disputou só dois jogos, mas está enfeitiçado. Enquanto o coração ainda se resolve depois de um tempo num noivado de cinco anos, o meia-atacante se dedica ao Rubro-Negro e está empolgado com o novo clube, com a torcida e com o Rio de Janeiro. Aos 25 anos, enxerga um futuro de sucesso, de retomada de planos e de realizações. Às vésperas da primeira semifinal, o camisa 10 está com o sorriso aberto e empenhado em ser decisivo. Ainda longe da forma ideal, se prepara para enfrentar o Botafogo, domingo, no Engenhão, em jogo que vale vaga na decisão da Taça Guanabara. O otimismo e a confiança tomam conta.

– Estou feliz para caramba. Tenho muito a acrescentar.

CE10 conversou com a reportagem do na sede rubro-negra. No primeiro passeio pelo local, se impressionou com o tamanho da Gávea, viu taças conquistadas pelo clube e foi muito bem tratado por torcedores que estavam por lá. Coincidentemente, o jogador voltou ao campo em que fez o último treino dele antes da transferência para o Hoffenheim, da Alemanha, na metade de 2007.

– Dei um trote aqui nesse campo. O Mano (Menezes) me tirou do treino. Foi o último antes da transferência.

Na entrevista, Carlos Eduardo falou sobre tudo que viveu depois daquele treinamento: o bom futebol na Alemanha, o risco de parar de jogar durante a passagem pela Rússia por conta da lesão no joelho direito. Falou também sobre a timidez e da vida discreta que leva fora de campo. Agora, está concentrado nos 17 meses de contrato de empréstimo que ainda tem com o Flamengo. A felicidade no novo clube, segundo ele, é parecida com a que experimentou nos tempos em que morava sob as arquibancadas do estádio Olímpico, na base no Grêmio.

Abaixo, os principais trechos da conversa:

Volta ao Brasil

– Não foi uma decisão difícil porque estava com a intenção de ficar no Brasil, infelizmente o clube (Rubin Kazan) não liberou antes. Tive proposta da Alemanha para voltar, mas preferi o Brasil, seria meu recomeço, aqui está perfeito. É o Flamengo, estrutura, família do lado para me visitar, me deixa mais tranquilo.

Impressões sobre o novo clube

– O clube é legal, é o Flamengo. Para falar de Flamengo temos de falar das coisas boas. A diferença de estrutura em relação aos clubes da Europa choca um pouco, mas o que importa é ter condições de trabalhar. Clube sensacional, torcida maravilhosa, muitos sonham jogar aqui, está sendo legal, o grupo é sensacional, a molecada é dez. Faz um mês que estou aqui, tenho de me adaptar ainda ao grupo e ao futebol. Fiquei seis anos fora, joguei depois da lesão, mas não foram jogos seguidos. Tenho que pegar ritmo. O clube é dez, os jogadores que estão em volta, as pessoas que trabalham no clube me tratam com muito carinho.

Torcida do Flamengo

– Todo mundo sabe. Morava no Brasil e sabia que a torcida era fora do normal. O Flamengo tem torcida em todo lugar. O calor da torcida é muito legal, o carinho, todos me desejando sorte, motiva cada vez mais.

Negociação complicada

– Estávamos em Porto Alegre, no escritório do Jorge Machado, meu empresário. Estava tudo certo com o Flamengo, até então com o Rubin também. A gente anunciou antes a minha vinda, uns dez minutos antes, depois disso veio uma cláusula, mandaram o contrato dizendo que se eu fosse para a Seleção jogar na Copa do Mundo o Flamengo teria de pagar 13 milhões de euros. Como os caras iam cobrar isso se o Flamengo estava dando a vitrine para eu aparecer? Ia melar o negócio. Na hora deu bate cabeça, cinco, dez, 15 minutos, mas a gente conseguiu tirar essa cláusula. Estava tranquilo, com pensanmento positivo que ia dar tudo certo.

Craque do Flamengo?

– Por tudo que aconteceu na minha contratação, as especulações, pesa bastante. Minha passagem na Seleção também. Claro que a cobrança vai ser forte, mas estou tranquilo. Sei lidar com isso, tenho cabeça tranquila, me dou com todo mundo, isso ajuda bastante. Acho que tenho tudo para crescer no momento que voltar ao melhor nível físico. Tenho muito a acrescentar.

Protagonista

– Sonho com isso, imagino isso. Vestir a 10 do Flamengo é chance única, qualquer um quer vestir. Trabalho para ser um dos principais jogadores do Flamengo.

Zico como referência

– É normal, é um ídolo do Flamengo, todo mundo sabe. Não só do Flamengo, é ídolo do meu pai. Todo mundo admira esse grande jogador, fez muito para o futebol brasileiro e pelo Flamengo. Todo jogador que vestir a 10 do Flamengo vai ser mais cobrado. O Zico pode sempre passar uma experiência, conversamos a última vez quando ele treinava o CSKA. Passa confiança, tem respeito com todos, é carinhoso. Isso faz dele maior ainda. Seria muito legal um encontro com ele.

Boa fase do time

– O grupo uniu forças, isso ajuda muito. Não precisa ter craque para chegar (aos títulos). Claro que ajuda, mas um time unido, com bons jogadores, é um bom caminho. Rafinha está muito bem, o Hernane fazendo gol, Elias experiente, jogou fora. O Ibson também. Jogadores estrangeiros como Cáceres, González, que são jogadores de seleções. Léo Moura vivido, conhece o futebol brasileiro. Tem a molecada da base vindo forte. Adryan, Thomás, são bons tecnicamente, precisam evoluir, mas têm talento. Acho que o Flamengo está unindo jovens talentos com experiência. Isso para um time é muito bom, fortalece.

Chance de título

– A gente vai buscar o título, o fato de ter direito a dois empates ajuda bastante. Seria bom para mim também chegar numa reta final e conquistar um título. Tenho muito a evoluir, estou abaixo da forma física, na parte técnica também, mas essa semana vou me preparar, vou estar mais preparado.

Readaptação

– Muda muita coisa. Dentro de campo é a tática, na Europa somos mais cobrados. O calor também estou sentindo bastante no Rio. Senti na minha estreia isso, era um dia abafado, estou voltando da Rússia, um país muito frio. Na Europa é um jogo mais truncado, pegado, mas com o trabalho, paciência do clube, do treinador, creio que logo mais estarei em alto nível.

Momento pessoal

– Graças a Deus a cada semana estou mais feliz no Flamengo. Chegou um momento na Rússia em que eu estava muito triste, longe da família. As pessoas pensam que o jogador só está ganhando dinheiro, que não tem problema, mas o que pesa é o psicológico do atleta. Longe da família, dos amigos, sentia muito isso. Isso me deixou triste. Estou feliz para caramba, perto de tudo, minha família pode me visitar quando quiser. Estou falando a minha língua, sentindo o calor brasileiro, essa cidade. Daqui para frente a tendência é voar.

Tempo no sonho europeu

– Como tenho contrato com o Rubin Kazan até 29 anos, renovei por mais dois anos lá, claro que sonho voltar para a Europa, jogar num grande clube. Mas minha cabeça está aqui, quero me doar ao máximo. Seria muito legal ficar o resto da vida no Flamengo. Clube grande, vai evoluir muito ainda, vai crescer cada vez mais. Com a força da torcida e do clube, vai ser um dos maiores do mundo.

Vida fora de campo

– Curto muito o Rio, já fiquei um mês direto, tenho amigos aqui. A cidade é maravilhosa, dá energia para viver. Sou um cara tranquilo, fico em casa, saio para jantar, ir ao shopping. Vou à praia às vezes, mas sou caseiro. Quando estou nas férias gosto de escutar hip hop, um sambão, dá uma energia boa. Mas gosto de reunir amigos em casa, não sou de sair. Faço churrasco em casa para curtirmos todos juntos. É uma coisa natural, sou muito na minha, um cara tranquilo, não falo muito. Acho que não sou diferente dos outros, alguns gostam mais de sair, de curtir a vida, isso é normal, eu também gosto, isso faz parte. Mas procuro ficar na minha. Tudo tem momento. Vai ter o de curtir e o dia de ficar sério.

Timidez e assédio

– Agora melhorei, quando subi era muito tímido. Era mais tímido no dia a dia, nas entrevistas, conhecer pessoas famosas, ficava na minha. Lido bem com o assédio, não tem problema. Trato bem todas as pessoas. Agora estou enrolado, tinha uma noiva de cinco anos, tivemos uma discussão, mas estou enrolado por enquanto. A cabeça está no futebol no momento.

Experiências na Europa

– Foi muito rápido. Joguei seis, sete meses no Grêmio, tinha proposta do Benfica, do Porto, e essa do Hoffenheim. O projeto dos caras era fora do normal. O lado financeiro também pesou um pouco. O treinador me queria muito, isso pesou mais ainda. O presidente do Grêmio me ligou umas três vezes, era o Paulo Odone: “tem certeza que você quer ir para a Segunda Divisão da Alemanha?” Quero, respondi. Agregou experiência em tudo, viver sozinho, aprender a língua. No futebol você aprende mais taticamente, a cobrança é bem maior. Sinto um pouco a diferença aqui no Brasil. Lá as coisas são mais sérias, falo do treinamento. Começa o treino forte, aqui começa mais tranquilo. Não é crítica, são só diferenças. Deu tudo certo lá. Infelizmente tive uma lesão grave, prejudicou minha carreira, perdi um pouco, foi um momento triste. Mas quero recomeçar e daqui para frente é um desafio para mim estar no Flamengo, um dos maiores clubes do mundo. Ajuda a motivar para voltar a jogar no mesmo nível.

Fonte: GE

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