Postado em: 8 de fev de 2013.
No final de 2004, com o time rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, a diretoria do Grêmio decidiu realizar uma grande reformulação em sua estrutura. Principal mudança, a contratação de dirigentes profissionais em todas as áreas do clube passou a ser uma obrigatoriedade garantida pelo estatuto do Imortal. Pouco mais de oito anos depois, aquela decisão, que mudou os rumos do Tricolor gaúcho, afeta diretamente o futebol carioca. Em processo de formação de um modelo de gestão profissional, Fluminense, Vasco e Flamengo contam atualmente com diretores remunerados com origens no Grêmio. Após curta passagem pelo Vasco entre 2010 e 2011, Cristiano Koehler retornou ao Gigante da Colina em janeiro e tentou encontrar o porquê de tamanha representatividade dos executivos gremistas em terras cariocas. “O Grêmio saiu de uma situação desorganizada, com patrimônio depreciado para um clube com estrutura, estádio moderno e milhares de sócio. O mercado está atento a isso e começa a reconhecer e buscar esses profissionais. Foi o que aconteceu com o Rodrigo, depois comigo”, explicou. O Rodrigo a que ele se refere é o atual diretor de futebol do Fluminense, Rodrigo Caetano. Contratado pelo Vasco em janeiro de 2009, o primeiro executivo gaúcho a trabalhar no Rio comandou processo de reconstrução semelhante ao passado pelo Grêmio em 2005. “Quando recebi o convite do Vasco vi como uma grande oportunidade. O clube passava por um momento difícil, de queda e a possibilidade de recuperá-lo me motivou”, disse Caetano. “Aqui no Rio é onde tudo acontece, o futebol ganha uma outra dimensão. Aceitei porque vi o Vasco como uma grande marca num grande centro.” A oportunidade de trabalhar no mercado carioca, aliás, também foi o principal fator de atração apontado por Paulo Pelaipe, contratado pela diretoria do Flamengo para gerir o futebol do clube em dezembro de 2012. “O Flamengo é o clube de maior torcida do Brasil, que tem um apelo popular muito grande, uma grande cobrança. Aceitei por isso e por ter confiado nas pessoas que iriam assumir o clube”, ponderou. Atraídos pelos mesmos motivos, os três profissionais também encontraram um mesmo cenário assim que puseram os pés na Cidade Maravilhosa. Habituados à estrutura já consolidada no Sul, acharam no Rio um lugar em transição. “Aqui ainda precisa se estruturar. Os clubes do Sul já estão mais sólidos. O Inter tem 100 mil sócios, o Grêmio acabou de construir uma arena nova. Os clubes do Rio ainda carecem dessa estruturação”, analisou Pelaipe, de 62 anos. Reconhecido por seu bom trabalho à frente do Gigante da Colina, Rodrigo Caetano trocou de endereço no começo de 2012, levando seus conhecimentos para o Fluminense. Para ele, a procura do mercado é o exemplo mais claro da mudança de mentalidade nos clubes. “Não tenha dúvida que a visão do dirigente está mudando. E não é só no Rio, é no Brasil inteiro. Quando se fala em profissionalização já se admite a necessidade de um profissional capacitado, com dedicação exclusiva ao clube”, salientou o dirigente tricolor. Ex-companheiro de Caetano no Imortal e no Vasco, Koehler enxerga no novo pensamento da cúpula dos clubes cariocas a chave para uma melhor relação entre as partes política e profissional dos times. “Cheguei para ser o CEO, o presidente executivo do Vasco, mas tenho que sempre respeitar a política do clube, suas correntes. Mas os clubes vem buscando se organizar, mudar e liberar os profissionais para aplicar novos conceitos e ver o clube atingir um novo patamar”, esclareceu. Antigo dirigente amador no Grêmio, onde trabalhou por cerca de 20 anos, Paulo Pelaipe, novato no sempre conturbado ambiente político da Gávea, preferiu não entrar nesta seara. “Política eu não comento, sou profissional. Só apresento os projetos, a maneira de trabalhar e a diretoria decide”, disse o diretor rubro-negro, apresentando como se dá a relação amador-remunerado no clube. “Converso todo o dia com o Wallim (Vasconcelos, vice-presidente de futebol), decidimos as coisas um comum acordo.” Com liberdade para trabalhar, o trio Pelaipe, Koehler e Caetano parecem ter a confiança de seus comandantes para estarem, como fazem atualmente com o Grêmio, contando as mudanças trazidas pela revolução na gestão esportiva carioca.
Fonte: Ei
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