Arthur Muhlenberg desaprova escalação de Amaral, Carlos Eduardo e critica zaga Rubro-Negra.

Uma das últimas coisas que eu pretendia fazer nesse domingo de Páscoa era ter que batucar entre 500 e 700 palavras para falar sobre o mais recente e improvável jogo de vida ou morte da história do Flamengo, um eletrizante Flamengo x Audax disputado em Bangu. Não sou capaz de conceber um programa dominical mais atrativo.
Temos que louvar os heroicos rubro-negros que deslocarão seus corpos até Bangu, com esse tempinho sem vergonha que está fazendo no Rio (chuva fina e inconstante, que para o carioca médio equivale a geada), pra servir de testemunha do Flamengo enfrentando uma potencia futebolística que até outro dia era um time de supermercado.
Tem que bater palma pra esses malucos que vão estar molhando os fundilhos nas arquibancadas sem cobertura do histórico Estádio Proletário. Eles é que são a razão de ser dessa maluquice toda. Ainda mais sabendo que se pode sofrer da mesma maneira com o time do Flamengo, e com muito mais conforto e privacidade, em sua própria casa já que a partida será televisionada para qualquer um que consiga se manter acordado após os regabofes pascoais.
E com a mesma intensidade com que louvamos os heróis anônimos que dão sentido ao espetáculo temos que malhar quem conseguiu reduzir o campeonato carioca a esse nada. Essa cartolada inútil e dispendiosa que transformou uma simples ida um jogo de futebol em um ato de resistência cultural. É simplesmente inacreditável que essas mesmas sumidades esportivas estejam envolvidas com a organização de uma Copa do Mundo. Logo esses caras, que onde pisam não nasce grama. Pensando bem não é nada inacreditável, tem tudo a ver.
Mas nosso assunto é o Flamengo, esse esplêndido gigante atolado na lama do meio da tabela da Taça Rio. Precisando ganhar de toda a população de Lilliput só pra manter a prerrogativa de continuar respirando no infame carioqueta. É brincadeira um negócio desses. Olha, meus amigos, não adianta desesperar. Tem que ter paciência porque esse time vai demorar a, perdoem-me o termo, encaixar.
Como torcedores experientes vocês já devem ter percebido que a equação técnico novo + time velho = um tempão do cacete até que o novo professor conheça os jogadores, dê pelo menos uma chance a cada um deles, incluídos os perebas mais execrados pela torcida e finalmente faça sua lista de pedidos de reforços. Para só então colocar em prática as ideias que se originam em seu vasto cabedal tático.
Enquanto isso nos exasperamos por miudezas. Talvez o jovem Rodolfo comece jogando, talvez apareça outra vez o mala do Carlos Eduardo. Não se pode ter certeza de nada porque Jorginho gosta de surpreender. Como com essa zaga botinuda e com a inexplicável preferencia pelo Amaral. A única coisa legal dessas escalações amalucadas é que, pelo menos por enquanto, Jorginho demonstra estar cagando e andando pro que a torcida acha.
É um ponto positivo que espero que seja incentivado, torcedor em geral é um desastre escalando o time. Leva mais em consideração tempo de serviço, amizade e nome do jogador do que a maioria dos próprios treinadores. Torcedor é muito mais corporativista e seguidor da ética de vestiário. E reclama muito mais. Já pressionado pela necessidade extrema da vitória é bom Jorginho ir endurecendo a sua couraça porque daqui até a 7ª rodada a Taça Rio vai ser estressante. E isso vale pra nós também.
A não ser que seja possível extrair algum prazer da decepção anunciada, não devemos esperar grandes exibições do Flamengo nem hoje e nem durante esse período em que Jorginho está sendo gente boa e deixando qualquer um entrar em campo. O lance é tapar o nariz , tolerar a presença de quem detestamos e torcer pra irmos ganhando os pontinhos no sufoco mesmo pra tentar levar o bagulho até a decisão. Que são as ocasiões onde a superior herança genética rubro-negra representada pelo Manto fala mais alto que as nossas limitações técnicas.
De toda sorte está mais que consagrada a tese de que o carioqueta não vale nada. Sem grandes equipes, sem torcida e agora, au grand complet, sem estádios, o carioqueta tem tudo para ser, já em 2014, o primeiro campeonato regional a ser extinto. Para desafogar de uma vez o calendário, criar novas oportunidades de arrecadação para os clubes com amistosos e torneios que atraiam a torcida de volta aos estádios (quando houver algum, claro) e, principalmente, para acabar com essa festa do queijo da nossa lamentável federação. O Rio de Janeiro, sempre pioneiro e prafrentex, não pode perder essa chance de ouro que caiu da cobertura do Engenhão.
Portanto, Flamengo, vai com tudo pra cima do Audax. Se tudo der certo esse pode ser o último Carioca da história. Por via das dúvidas é melhor que ele fique na Gávea.
Fonte: Urublog

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Coluna do Flamengo

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