Postado em: 11 de mar de 2013.
A pouco mais de três anos para a abertura da primeira edição dos Jogos na América do Sul, os atletas radicados na cidade não conquistam novos espaços para treinar para 2016. Muito pelo contrário: num intervalo de poucos meses, algumas das principais instalações de treinamento esportivo do Rio fecharam as portas, deixando os atletas órfãos – e prejudicando de forma dramática os preparativos desses candidatos a medalhas olímpicas. Entre as modalidades afetadas estão o judô, a natação, a ginástica e o atletismo – as maiores fontes de medalhas para o Brasil nos últimos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Maltratados na cidade que está gastando bilhões de reais para receber a Olimpíada, esses atletas agora esperam que as promessas sobre a construção de novos locais de treinamento sejam concretizadas – de preferência, rapidamente, já que falta relativamente pouco para o início dos Jogos.
A última turma de atletas desalojados no Rio é da ginástica. Na semana passada, o Flamengo anunciou o fim de seu apoio aos atletas que vinham defendendo as cores do clube, como Diego e Daniele Hypolito e Jade Barbosa. Os atletas do judô também foram avisados de que não representam mais o Flamengo. Diego Hypolito, no clube há dezenove anos, ficou perplexo com a decisão. “Como é possível que, em um início de ciclo olímpico no Rio, o Flamengo não tem condições de manter seis atletas da ginástica? O dinheiro para manter esses atletas é ridiculo. O salário de um só jogador de futebol bancaria nós todos.” No fim do ano passado, o campeão olímpico e mundial César Cielo já tinha sido dispensado pelo Flamengo, que citou falta de recursos para acabar com sua equipe de natação profissional. Cielo estava no clube havia dois anos. Os integrantes da equipe de ginástica já tinham sido prejudicados pela perda de seu local de treinamento – o incêndio no ginásio do clube, em novembro do ano passado, tinha desalojado o grupo. Alguns atletas da modalidade tinham conseguido um abrigo temporário no velódromo construído para o Pan de 2007. A solução durou pouco: no início de fevereiro, o velódromo, primeira pista de ciclismo de nível internacional a ser construída no país, foi fechado.
A pista está sendo desmontada e a estrutura ao seu redor será demolida, já que o local não atenderia todas as exigências necessárias para receber as provas de ciclismo da Olimpíada. Um novo velódromo será construído na cidade, mas não a tempo de servir de local de preparação para 2016. “A gente vai passar a treinar na rua. Mas o ciclismo de velocidade e o de estrada são dois esportes totalmente diferentes. A gente vai ter que viajar para não perder muito contato com a pista. Vai ser horrível”, disse Bruna Martins, de 19 anos, promessa da modalidade, em entrevista concedida ao site Globoesporte por ocasião do fechamento do velódromo. “É muita hipocrisia querer sediar Olimpíada e não dar a menor condição para os atletas se prepararem. O resultado não virá desse jeito. Eles só podiam mexer nesse velódromo quando houvesse um novo pronto.” A pista do Pan deverá ser reconstruída em Goiânia. Outros atletas prejudicados pelo fechamento das instalações também estão sendo remanejados para outros estados, como Minas Gerais e São Paulo. Além dos ginastas, judocas e ciclistas, representantes do atletismo e da natação também estão de malas prontas – e sem um novo lugar para ir.
Em função das obras no complexo do Maracanã (que, ironicamente, será o palco da abertura e do encerramento dos Jogos de 2016), duas das principais instalações esportivas da cidade, o estádio de atletismo Célio de Barros e o parque aquático Júlio Delamare, também serão desmontadas. O Célio de Barros já não funciona mais – virou parte do canteiro de obras do Maracanã. O Júlio Delamare, que também foi reformado para o Pan e também deixará de existir, não tem data para fechar, mas sua demolição é considerada irreversível – o edital de concessão do Maracanã prevê a construção de estacionamentos, lojas, restaurantes e um museu do futebol no local. Quem ganhar a disputa para gerenciar o estádio terá de assumir o compromisso de construir novos centros esportivos de natação e atletismo perto do complexo, reparando o problema criado pelo desaparecimento do Célio de Barros e do Júlio Delamare. Assim como no caso do ciclismo, porém, essas novas instalações podem acabar ficando prontas apenas às vésperas dos Jogos – quando já será tarde demais para auxiliar na preparação dos nossos atletas olímpicos.
Fonte: VEJA
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