Postado em: 15 de mar de 2013.
A gangorra do futebol tem atingido quatro nomes do futebol carioca nos últimos meses. Desde o início da temporada, Oswaldo de Oliveira, Gaúcho, Abel Braga e Dorival Júnior se acostumaram a conviver com os questionamentos sobre seus trabalhos. É praticamente um revezamento. Basta um resultado ruim ali, uma declaração sobre a torcida ali e uma suposta insatisfação de patrocinador lá para que os técnicos de Botafogo, Vasco, Fluminense ou Flamengo caminhem sobre uma corda bamba.
A bola da vez é Dorival Júnior. A melhor campanha no primeiro turno da Taça Guanabara foi por água abaixo tão logo o time foi eliminado diante do Botafogo na semifinal da Taça Guanabara. Os questionamentos logo começaram. Possíveis incoerências de Dorival, como a insistência em escalar um Carlos Eduardo visivelmente fora de forma e a troca constante de zagueiros, foram levantadas. A derrota para o Resende no início da Taça Rio só colocou mais lenha na fogueira. A pressão existe. E diante da ligação do empresário Carlos Leite, empresário de Mano Menezes, com o departamento de futebol rubro-negro, o nome do ex-técnico da seleção brasileira logo vem à baila.
A diretoria rubro-negra, claro, trata logo de descartar qualquer possibilidade de mudança no momento. Afinal, houve tempo para optar pela continuidade do treinador tão logo a mudança na presidência do clube foi efetivada pelas urnas. Dorival conversou, acatou novas decisões e continuou. A alta multa rescisória, que regride mês a mês, também foi considerada decisiva para a permanência. O bom trabalho realizado com jovens e o desempenho eficiente do time dentro de campo afastaram qualquer sombra. Mas as duas derrotas consecutivas colocaram o técnico de novo na berlinda. Por enquanto, Dorival continua.
No Botafogo, a situação é praticamente o inverso. Às turras com a torcida desde o fim do Brasileiro de 2012, quando chegou a discutir com alguns torcedores na saída de campo, Oswaldo de Oliveira curte o seu céu de brigadeiro. Campeão da Taça Guanabara no último fim de semana, o treinador derramou elogios aos botafoguenses e celebrou, além da taça, a volta da união entre time, comissão técnica e torcida. Nem de longe lembra a relação que chegou a ficar desgastada e, também, ameaçada. Mas, bancado pelo presidente Maurício Assumpção, Oswaldo de Oliveira continuou no comando. Logo após a conquista do primeiro turno do Campeonato Carioca, o treinador estava eufórico.
Talvez em tom de desabafo, o técnico do Botafogo mordeu a medalha, posou sorridente no palco de entrega do trofeu e, em determinado momento, abraçou Seedorf na saída de campo. Até mesmo a escalação do atacante Rafael Marques, contratado junto ao futebol japonês por indicação sua e grande motivo de seu desgaste com a torcida, passou praticamente despercebida. No início do ano, mais uma contribuição para a paz de Oswaldo em General Severiano: insatisfeito por não ser escalado, Loco Abreu, ídolo da torcida, deu adeus definitivo rumo ao Nacional, de seu país natal, o Uruguai.
Logo ali ao lado de General Severiano, nas Laranjeiras, o técnico Abel Braga também enfrentou períodos de desconfiança em 2013. Ainda que seja o atual campeão brasileiro e carioca, o Fluminense patinou neste início de ano com a eliminação para o Vasco na Taça Guanabara e o empate diante do Huachipato e a derrota para o Grêmio, em casa, ambos pela Libertadores. Embora seja o líder do Grupo 8 da competição continental, Abel teve de conviver com informações de que o presidente da patrocinadora do Fluminense, Celso Barros, estaria insatisfeito com o seu trabalho.
O auge da pressão sobre Abel ocorreu logo após a derrota por 3 a 0 para o Grêmio em casa. Uma reunião no camarote do patrocinador no próprio Engenhão teria discutido o futuro do técnico. A diretoria tricolor, claro, nega qualquer possibilidade de que o treinador deixe o clube. Valorizado no fim de 2012 após a conquista, por antecipação, do Campeonato Brasileiro, Abel teve propostas para voltar ao Internacional. Mas justamente com o apoio do patrocinador, renovou o contrato com o Tricolor. O mundo da bola gosta mesmo de girar. Em qualquer lugar. E a área técnica de São Januário não fica fora desta gangorra.
Promovido a treinador efetivo do Vasco para a temporada de 2013, Gaúcho sempre foi visto com desconfiança pela torcida do clube. Apesar de ter raízes na Colina, onde foi jogador, o técnico trabalhava na base e, posteriormente, foi auxiliar técnico. Sem ter comandado nenhum grande clube na carreira, a pouca experiência de Gaúcho foi apontada como um dos motivos para a desconfiaça pairar sobre o treinador. Ainda que o diretor-técnico Ricardo Gomes seja seu grande escudo, o técnico vascaíno ainda busca provar que pode continuar no comando da equipe. No período de incertezas, Gaúcho teve de lidar com um elenco em reestruturação e com a saída de medalhões como Fernando Prass, Juninho e Felipe.
O time foi remontado e o desempenho irregular na Taça Guanabara contribuiu para desconfianças. Se começou o Carioca de forma meteórica, com três vitórias e boas atuações, o Vasco de Gaúcho teve de conviver com críticas e questionamentos após as derrotas consecutivas diante de Flamengo e Bangu, esta última em casa. A ameaça de eliminação antes mesmo da semifinal da Taça Guanabara respingou no técnico. Mas o time voltou a andar, conseguiu a classificação em primeiro lugar do Grupo B e bateu o Fluminense a semifinal do primeiro turno. Paz de uma semana para Gaúcho. Às vésperas da final diante do Botafogo, o próprio treinador garantia, em entrevistas coletivas, que seu momento tinha chegado. Seria hora da resposta ao críticos. Não foi. Um tanto quanto retraído em campo, o Vasco viu o Botafogo vencer o clássico por 1 a 0 e levar a taça. Gaúcho segue sob desconfiança de torcedores.
Seu rival e companheiro de jornadas à beira da área técnica, Oswaldo de Oliveira chegou para a coletiva de imprensa no Engenhão e prometeu, de cara, que teria um tema central durante toda a entrevista.
“Hoje vou falar muita da carreira de técnico. Não é mesmo fácil”, afirmou Oswaldo.
Campeão e sob pressão, o comandante botafoguense tem razão. A corda bamba anda sempre a postos nas áreas técnicas cariocas.
Fonte: ESPN
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