Lucas Reis: “Alô, torcedores do sofá, voltem aos estádios!”

Postado em: 12 de mar de 2013.

Os últimos clássicos válidos pelos campeonatos estaduais da temporada 2013 evidenciaram algo grave no futebol brasileiro: o torcedor vai cada vez menos aos estádios. A questão aqui não é a média de público dos estaduais (ou dos campeonatos disputados no país) e sim possíveis motivos que afastam os espectadores dos campos de futebol.

Dois clássicos foram disputados nos últimos dois domingos consecutivos no estádio do Morumbi, primeiro Santos e Corinthians, depois São Paulo e Palmeiras. Menos de vinte mil pagantes em ambos. Vergonhoso. No Rio de Janeiro não foi diferente: nas semifinais do Carioca disputadas no final de semana retrasado, dois clássicos, Vasco e Fluminense, depois Flamengo e Botafogo, valia vaga na final da Taça Guanabara. O público nos dois jogos no Engenhão não foi muito diferente de São Paulo. Foram quatro jogos envolvendo muita história e rivalidade, mas nenhum colocou mais do que vinte e tantas mil pessoas nas arquibancadas.

Dez anos atrás o argumento para o pequeno número de torcedores era violência nos estádios. Hoje, entretanto, os estádios deixaram de ser locais perigosos para torcedores e suas famílias. Ainda há conflitos, é óbvio, mas há um bom tempo a violência foi para as ruas, distantes das arenas, e o clima hostil se afastou das arquibancadas. Hoje, então, qual o motivo de uma média de publico tão baixo nos estádios tupiniquins? Altos preços dos ingressos? Estádios ruins? Jogos desinteressantes? Comodismo dos torcedores? Talvez um pouco de tudo.


Os preços dos ingressos são altos. Pagar mais do que vinte ou trinta reais por um ingresso de arquibancada em um jogo sem muita importância é muito se levar em consideração que tal lugar do estádio é o menos confortável. Nossos estádios não são dos melhores, nem confortáveis, e isso somado aos altos preços colabora para baixos públicos. Para piorar a situação, o espetáculo não é dos melhores. Como pagar cinquenta, cem ou duzentos reais por um ingresso para assistir o último Santos e Corinthians? Jogos chatos, sonolentos, totalmente desinteressantes, feios. E a baixa qualidade dos jogos se deve a uma série de fatores, entre eles, os inchados formatos dos estaduais. Em São Paulo, por exemplo, são 20 clubes (o mesmo número de equipes que disputam o Brasileiro) jogando todos contra todos. Um jogo pior que o outro, e meia dúzia de gatos pingados nos estádios, e ao final de tudo oito times se classificarem para disputar a fase de mata-mata até a final, e é apenas nessa fase com oito equipes classificadas que o campeonato fica interessante. Definitivamente: os campeonatos são chatos, inchados e os ingressos custam caro. Consequência: poucas pessoas nos estádios.

Há ainda outro fator importante que explica a baixa média de públicos nos jogos: o comodismo dos torcedores. Independente de todos os fatores citados acima, o torcedor brasileiro (de forma geral, pois há exceções) é acomodado. Os torcedores de arquibancada estão se tornando torcedores de sofá. A situação financeira do país melhorou, o brasileiro melhorou sua renda, ganha mais, consome mais, mas não vai em maior número aos estádios. Culpa da preguiça, do comodismo, da televisão, enfim, há uma série de motivos que formaram os torcedores de sofá.

Voltemos ao último Santos e Corinthians disputado no Morumbi, confronto cheio de rivalidade, encontro entre Neymar e Alexandre Pato, horário bom, campo bom, tempo bom. E o que se viu foi menos de vinte mil pessoas no estádio. Menos de um terço do Morumbi preenchido por torcedores alvinegros.

O Corinthians é exceção, tem uma média de público espetacular para os padrões brasileiros. Seus rivais, não. Quantas vezes no ano o São Paulo coloca mais do que trinta mil pessoas no Morumbi? Cinco, seis vezes em todo o ano, talvez. E o Santos, com Neymar desfilando seu talento, quantas vezes coloco mais do que seis mil pessoas na Vila Belmiro? O Palmeiras não é diferente, embora tenha uma média de público um pouco melhor, e tem ainda a ressalva por estar sem seu estádio. No Rio de Janeiro não muda: quantas vezes no ano os grandes cariocas colocam mais do que vinte mil pessoas no Engenhão ou em São Januário?

O brasileiro precisa voltar aos estádios, e os organizadores precisam colaborar para que o público volte a comparecer em peso. Não adianta comparecer apenas quando é decisão, ou quando o time está bem. E não adianta cobrar o ingresso três vezes mais caro que o comum e tentar elitizar o público. Futebol sem torcedores na arquibancada não é futebol. O torcedor é a alma, a essência do esporte.

Fonte: Terceiro Tempo

E aí Nação, o que vocês acharam? Aqui você é o comentarista!

Coluna do Flamengo

Ver comentários

  • A tabela do Carioca foi formulada para que o torcedor não vá mesmo ao estádio.

    Afinal, que outra justificativa alguém daria para colocar um Flamengo x Vasco numa 5a feira à noite e um Nova Iguaçu x Flamengo domingo às 17:00h?

    Discordo quando se diz no texto que o torcedor deixou de ir aos estádios por comodismo.

    Quem é torcedor de arquibancada nunca será torcedor de sofá! Os fatores são outros!

    É foda pagar R$40,00 reais (ingresso caro) para ver Flamengo x Audax Rio (espetáculo de pouco interesse) no Engenhão (acesso ruim) às 22h da noite (horário ruim)para chegar em casa 1h ou 2h da madrugada tendo que trabalhar no dia seguinte.

    O exemplo acima corrobora ainda mais o que eu disse: a tabela do Carioca foi feita para o torcedor não ir mesmo aos estádios!

    Mas o problema maior, além da tabela do certame, para o torcedor carioca ter deixado de ir aos jogos é o Engenhão. Definitivamente, o carioca não gosta do Engenhão!

    Eu tenho certeza de que todos os problemas listados acima eram compensados pelo prazer de ir ao Maracanã.

    Resta saber se o carioca vai gostar do novo Maracanã.

  • A culpa disso tudo é da globo e das federações, que colocam os jogos nos horários que interessam as emissoras, e o torcedor que se lasque, deixando seu carro na rua, no suburbio do rio até meia noite, e ainda paga de 40 a 80,00 pra assistir pelada de jogadorzinho despreparado ganhando 300mil/mes.... ai já sabe...perdeu mané!

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