Postado em: 7 de mar de 2013.
Reportagem: Como a senhora analisa a decisão da diretoria de manter apenas quatro esportes, além do futebol? Patrícia Amorim: Quando as pessoas não têm intimidade com um assunto e pleno conhecimento da história multiesportiva do Flamengo, um dano como este pode ser causado. O Flamengo é um clube de competição, não de escolinha. É assim desde a fundação. A senhora já foi atleta olímpica. Como fica a imagem do clube? Esporte de alto rendimento é algo a longo prazo. Até mesmo com o futebol é assim. Não se monta uma estrutura do dia para noite. Mas se pode destruí-la em pouco tempo, como foi feito agora. É algo muito radical diminuir o investimento. Sempre vi o Flamengo competitivo. A mim, me assusta essa mudança de viés. Fui duas vezes vice-presidente de remo e outras duas vice de esportes olímpicos, até chegar a presidente. Não virei presidente da noite para o dia. Mas a diretoria justifica a medida por déficit anual de R$ 5 milhões… O problema de dinheiro do Flamengo existe desde sempre. As modalidades cortadas foram todas individuais. Mas, sabe-se que as coletivas gastam mais. O vice-presidente (de esportes olímpicos, Alexandre Póvoa, o Pocotó) manteve o polo aquático por questões políticas, pelos apoios que recebeu de lá. Mas acabou com o judô, que tem uma técnica campeã olímpica, atletas de ponta e custava R$ 25 mil mensais. Acabou com a ginástica, cuja estrutura custava em torno de R$ 80 mil e tinha campeões mundiais. A diretoria alegou que Cesar Cielo, sozinho, consumia R$ 80 mil mensais na natação. Não é muito? Cielo recebia R$ 80 mil mensais, dava uma nota fiscal e pagava oito profissionais de sua equipe, entre técnico, fisioterapeuta, preparador e nutricionista. Era zero de encargo para o Flamengo. Cielo era um investimento de R$ 80 mil, que ainda trouxe um patrocínio de R$ 500 mil da Gatorade. A diretoria diz que o corte é temporário. Qual a sua opinião? O dano foi imenso. Faltou respeito da diretoria do Flamengo com os atletas. Sequer foram chamados para conversar. Quebrou-se um elo de confiança. Isso se propaga. A diretoria acha que o dinheiro compra tudo e que, se quiser formar uma outra equipe, conseguirá facilmente trazer os de ponta. Atletas desconfiam, pedem opinião, consideram o histórico. Tem um valor agregado nisso. Judô, ginástica e natação eram modalidades com bastante apoio durante sua gestão… Tem um lado de revanchismo. Não tenho dúvida. O Flamengo tinha modalidades olímpicas campeãs. Eles (a diretoria atual) adoram falar do modelo do Minas e do Pinheiros, mas o Flamengo é o atual campeão brasileiro de natação e de ginástica, títulos conquistados na minha gestão. Agora, nem disputará.
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