Cosme Rimoli comenta sobre o Fla ser um Real Madrid e o Timão um Barcelona.

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“O Corinthians será o Barcelona da América do Sul pela arrecadação que tem, pelo time que tem, pelo técnico que tem, e pelo que arrecadará em um futuro próximo. Se o comando não mudar, será o Barcelona. E será o favorito em todas as competições do Brasil e do no continente.
Na realidade, isso já acontece agora, o Corinthians fatura o dobro de nós, Inter e Grêmio. São R$ 400 milhões ao ano. Quando inaugurar o estádio (Itaquerão), o quadro social vai aumentar. Hoje, está em quase 100 mil sócios, e com o estádio inaugurado, o Corinthians vai faturar R$ 600 milhões por ano. Será muito difícil ganhar deles em torneio de pontos corridos.
E o Real Madrid será o Flamengo, caso consiga se organizar. O fim do Clube dos 13 levou a isso.”
As palavras são de Fernando Carvalho, ex-presidente do Internacional. Foi quem modernizou o clube gaúcho. Iniciou para valer no país a fórmula do sócio-torcedor, viabilizou a reconstrução do Beira-Rio. Com ele, o clube ganhou Libertadores, Mundial.
Carvalho é um dos dirigentes mais bem preparados do Brasil. Disse em voz alta à Zero Hora o que outros sussurram.
O desequilíbrio no futebol brasileiro começa a ficar evidente. Corinthians e Flamengo foram os eleitos para os privilégios, são as galinhas de ovos de ouro da TV Globo. São os clubes que recebem maior cota disparada nos torneios que disputam. Acumulam R$ 120 milhões por ano, e ganham mais porque levam maior audiência. É uma bola de neve que já está girando.
A Globo os mostra mais que os outros clubes. Logo, os maiores patrocinadores pagam mais por suas camisas. As gigantes Nike e Adidas brigaram para entrar no Parque São Jorge e na Gávea.
A Caixa Econômica Federal fechou patrocínio master com o Corinthians, mas está lutando para se livrar de uma ação contra a associação. A alegação de um advogado gaúcho é o privilégio da estatal. O departamento jurídico da Caixa tem certeza da vitória. Assim que se livrar deste obstáculo inesperado o dinheiro da estatal tem outro destino.
Vai também para a camisa do Flamengo. Os R$ 750 milhões que o clube deve servem de mantra para o ministro Aldo Rebelo. Ele briga pelo projeto do deputado Vicente Cândido e quer a isenção de R$ 5 bilhões aos clubes do país. O maior endividado é o Flamengo, o de maior torcida.
Enquanto isso, Fernando Carvalho deixou claro que o Corinthians foi o mais hábil. Graças a ligações políticas de Andrés Sanchez, o clube tem um estádio. Não é segredo que o ex-presidente Lula teve a garantia que a Odebrecht construiria a obra.
E Andrés era o homem de confiança de Ricardo Teixeira. Ainda é. O ex-presidente da CBF lutou, tirou a da Copa do Morumbi. Sua briga com Juvenal Juvêncio foi decisiva para este ato e fez Blatter aprovar um terreno baldio como sede da abertura do Mundial de 2014. O terreno baldio virou um estádio de mais de R$ 1 bilhão.
“Não tenho dúvidas que Corintians e Flamengo estarão na frente dos outros clubes do País. Só eles têm essas condições.”
A confissão vem de dentro da Gávea e com a visão de um gaúcho que viveu tudo no Grêmio. O diretor de futebol Paulo Pelaipe fez essa confissão ontem à rádio Bandeirantes. Ele sabe o quanto esses dois clubes são privilegiados.
O Flamengo já tem proposta dos dois grupos econômicos que brigam pelo Maracanã. Eles o querem como dono do novo estádio de R$ 1,5 bilhão.
“O Maracanã sempre foi a nossa casa. Quando ele estiver liberado, nós voltaremos a crescer. Serão sempre de 40 a 50 mil pessoas na nova arena. Nossos recursos financeiros aumentarão muito.” Diz Pelaipe, animadíssimo.
A direção do clube mandou enviado ao São Paulo para avaliar o CCT da Barra Funda. E o CT de Cotia para os garotos da base. O clube já está construindo centros de treinamentos modernos, ricos. Tanto para os profissionais como para as categorias de base.
Os outros clube estão travados, não reagem. Acompanhando o processo de ‘espanholização’ nascer. Vão se arrepender depois. Aceitam esses privilégios, e depois não será possível correr atrás. Principalmente do Corinthians. O clube não ganhou a Libertadores e o Mundial por acaso. Usou o livro “A bola não entra por acaso” como manual de vida. Ele foi escrito pelo espanhol Ferrán Soriano.
Ferran, responsável pela parte econômica do clube catalão. Em “La pelota no entra por azar” mostra a revolução que provocou. Exatamente quando vivia uma greve crise, em 2003. O clube corria até o risco de ser um dos grandes do país. Se fixou como um dos maiores do mundo.
O Barcelona representa a causa catalã. A parte que deseja se separar da Espanha. Assim como o Real Madrid foi um clube protegido pela ditadura Franco. Os dois têm o que Flamengo e Corinthians passaram a ter.
O tratamento privilegiado da televisão, o pagamento desproporcional trouxe maiores patrocinadores e gestões sérias os tornaram preponderantes no país ibérico.
Com os melhores times. Com os maiores ídolos do mundo: Messi e Cristiano Ronaldo. Virou até covardia com os demais clubes. É este o caminho que Fernando Carvalho e Pelaipe apontam. Assim será no Brasil. Corinthians e Flamengo já disparam na frente, se estruturam para mandar no futebol do País e os demais seguem de braços cruzados, de olhos fechados.
Já está ruim. Quando o Itaquerão e o Maracanã estiverem prontos será tudo pior. Como competir com os corintianos e seus R$ 600 milhões por ano? Naming rights, Nike, Caixa Econômica, Globo e torcida. O Flamengo com Adidas, Caixa, Maracanã, Globo e torcida.
O Brasil caminha rápido demais para ser de dois clubes. O Barcelona de Itaquera e o Real Madrid do Ninho do Urubu. A bola de neve está crescendo…
Fonte: Blog do Cosme Rímoli

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