Ibson não aceita redução salarial e dificulta sua saída para outros Clubes.


Um casamento próximo de seu terceiro divórcio. Desta vez, unilateral e que a parte reticente terá que aceitar na marra. Esse é o panorama da relação atual de Ibson com o Flamengo. Relegado a segundo plano desde a chegada de Jorginho, o volante dificilmente emplacará o Brasileirão na Gávea. O problema, ao contrário do que tem sido exposto ao público, não está somente na parte técnica. O imbróglio financeiro envolvendo clube e jogador, que se arrasta desde o começo do ano, causou um desgaste que fez com que a diretoria chegasse a um consenso de que uma transferência é a única saída.
Contratado junto ao Santos em maio do ano passado, Ibson está vinculado ao Rubro-Negro até 2015 e vive situação idêntica às de Vagner Love e Dorival Júnior, que deixaram o clube sob a justificativa da diretoria de que recebiam salários altos demais. Com vencimentos que superam a casa dos R$ 600 mil mensais, no somatório de luvas, salário e direitos de imagem, o volante não aceitou a redução do valor proposta pela diretoria em reuniões. A postura do jogador nos encontros colabora para a decisão de romper com o atleta. Internamente, dirigentes reclamam que Ibson não tem se dedicado.
O problema é que, ao contrário de Dorival Júnior, que teve a cláusula de rescisão reduzida a partir de março, e do Artilheiro do Amor, com proposta vantajosa para voltar ao CSKA da Rússia, Ibson dificulta a saída. O motivo? Novamente o alto salário, que assusta também possíveis interessados. Nos bastidores do Flamengo já é cogitada até mesmo a possibilidade de arcar com parte dessa despesa para solucionar o problema. Em fevereiro, o clube chegou a negociar o empréstimo ao Palmeiras, recusado pelo jogador.
Membros da alta cúpula do clube deixam claro em conversas informais que consideram que Ibson não vale o que recebe e expõem outros fatores como determinantes para a decisão da transferência. Enquanto uns usam até mesmo o termo “peladeiro” ao revelarem que Dorival e Jorginho se mostraram incomodados com uma dificuldade para cumprir obrigações táticas, outros sugerem que ele não se empenha o suficiente.
– Qual torcedor do Flamengo não vai querer o Ibson de 2007, 2009? Agora, o valor que se paga é muito alto. Qualquer jogador diferenciado tecnicamente atuaria na equipe atual, basta ter um pouco de vontade, dedicação – reclamou um dirigente.
Outra comparação pesa contra o jogador. Se Dorival Júnior e Love optaram pelo desligamento, casos como Renato Abreu e Léo Moura, que também tinham contratos considerados pela direção como fora da nova realidade, optaram pela adequação. A diferença é que Renato e Léo discutiam renovação no fim de 2012 e aceitaram as novas condições para ficar. Segundo dirigentes, Ibson não foge da postura de “cumprir o que está assinado”.
Titular durante toda a Taça Guanabara, Ibson chegou a se destacar na campanha invicta até a semifinal, diminuindo bastante a resistência a seu nome criada após as más exibições no segundo semestre do ano passado. Desde que Jorginho chegou, porém, tudo mudou. Apesar de titular na estreia do treinador, contra o Boavista, ele foi substituído no começo do segundo tempo, quando tinha boa atuação. Em seguida, figurou no banco diante de Audax e Duque de Caxias, entrou nos minutos finais, ou sequer foi relacionado, como contra Bangu e Remo.
O vice de futebol Wallim Vasconcellos diz que a decisão de escalar Ibson é exclusivamente de Jorginho, mas deixa claro que todo o grupo está sob análise.
– O Ibson é uma cria do Flamengo, saiu, voltou, é Flamengo. Ele só vai recuperar a posição no dia que o Jorginho achar que deve ser titular. A responsabilidade é dele. Eu vou cobrar dele o desempenho do time, e ele do jogador que não tiver o desempenho esperado. Se o Ibson está no banco, vai depender dele voltar. A questão é saber se o atleta que tem remuneração mais alta está performando ou não. Os jogadores aqui são de qualidade. Ou não estariam recebendo remunerações mais altas. O atleta vai demonstrar se é capaz de estar no Flamengo. Todos que estiverem aqui têm condições de estar no Flamengo.
O empresário de Ibson, Eduardo Uram, diz que acredita plenamente que a ausência de Ibson na equipe titular é uma decisão técnica e que ainda não foi procurado para tratar de qualquer outro assunto sobre o jogador.
Confio nos critérios e nas atitudes do Jorginho e da comissão técnico técnica. Cabe ao Ibson, dentro dos treinos, onde tem diariamente oportunidades, convencer com atitude e com trabalho o treinador de que ele tem espaço no grupo do Flamengo e nos onze do Flamengo. Qualquer coisa diferente disso o Flamengo tem que me contar, me procurar e me propor. Enquanto não fizer isso, cabe apenas ao Ibson reverter isso diariamente, provando a eles que ele tem capacidade de fazer parte do grupo. E não me cabe papel algum. Este assunto é do Ibson com a comissão técnica. Não me cabe intereferência.
Segundo foi apurado, há três semanas o Flamengo procurou Ibson para renegociar a dívida que tem com o jogador referente a direitos de imagem de 2012 em atraso. Dados internos do clube apontam que o Rubro-Negro deve ao volante cerca de R$ 750 mil, quatro vezes menos do que dirigentes do clube comentam internamente. De acordo com o Uram, Ibson sempre mostrou-se disposto a negociar e nunca colocou o débito do clube como razão para sair.
– O Ibson compreende o processo de reestruturação financeira do Flamengo e em nenhum momento se recusou ou colocou qualquer obstáculo para renegociar com o clube o montante devido do ano passado a ele – frisou o agente.
Diante do panorama, a situação pode ser vista como uma queda de braço. De um lado, o clube testa a paciência do jogador diante de sua exposição como reserva ou até mesmo fora da lista de relacionados em algumas partidas. Do outro, ele se mantém firme no desejo de cumprir seu contrato. No casamento rubro-negro, Ibson já dorme no sofá da sala. Resta saber se aceitará sair de casa.
Fonte: GE

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