O Flamengo anuncia que sua dívida é de R$ 750,7 milhões e não vislumbra um prazo para reduzir esse montante. Cerca de quatro meses depois e muito estudo, o clube percebe que não conseguirá quitar seus compromissos e decreta a falência. No mesmo dia, Eike Batista compra aquilo que um dia foi o Clube de Regatas do Flamengo por menos de R$ 20 milhões e o refunda como Flamengox Esporte Clube. A nova equipe reinicia sua história de quase 120 anos do zero, na Série D do Campeonato Brasileiro.
Tirando o valor da dívida rubro-negra e as dificuldades para achar uma luz no fim do túnel, a história acima soa risível e muito distante da realidade do futebol brasileiro. Ainda mais difícil imaginar quando se leva em conta que o clube em questão é o de maior torcida do país. No entanto, na Escócia, foi mais ou menos isso que aconteceu com o Glasgow Rangers, maior campeão escocês da história, e seus 140 anos de vida. E por um rombo muito menor do que o do Flamengo.
Fundado em 1872, 23 anos antes do Flamengo, o Rangers detinha 114 títulos nacionais na Escócia. No entanto, o tamanho de sua história não foi suficiente para manter o clube vivo diante de uma dívida de 21 milhões de libras (quase R$ 68 milhões). Entre pendências trabalhistas, fiscais e bancárias e a renda de ingressos penhorada, a equipe entrou em processo administrativo, perdeu pontos no Campeonato Escocês até decretar a falência no dia 14 de junho de 2012.
Um mês mais tarde, o milionário britânico Charles Green se tornou dono do clube por 5,5 milhões de libras (R$ 17,7 milhões) e teve que mudar de nome. No mesmo dia da falência, o Glasgow Rangers deixou de existir para o nascimento do The Rangers Football Club. Depois de uma consulta a todos os clubes da primeira divisão, a Liga Escocesa de Futebol anunciou que a equipe recém-nascida não herdaria a vaga na elite e teria que disputar a quarta divisão nacional em 2013, contra times semi-amadores.
Logo em seu primeiro ano de reconstrução, o Rangers não teve dificuldades para conseguir o acesso e estará na terceira divisão na próxima temporada. Apesar de não ter encontrado problemas dentro de campo, fora dele, o clima ainda é instável. Após decretar falência, o clube foi impedido de realizar qualquer contratação por um ano e o ex-presidente Craig Whyte foi banido do futebol por gestão danosa e ainda corre risco de ter de ressarcir a ex-equipe.
Ao menos no caos das contas, o cenário é parecido com as últimas gestões do Flamengo. Do total da dívida de R$ 750 milhões, R$ 394 milhões são referentes à parte tributária. Desse total, R$ 86,7 milhões são apontados como pertencente à última gestão, de Patricia Amorim, e o restante cairia sobre gestões como a de Edmundo Santos Silva, Kleber Leite e Marcio Braga – os dois últimos, importantes aliados na base de apoio da Chapa Azul, que elegeu o atual mandatário Eduardo Bandeira de Mello.
Outros exemplos – A falência de clubes por problemas financeiros não é algo inédito no futebol. Na Itália, o Napoli deixou de existir em 2004 e foi refundado como Napoli Soccer. Dois anos antes, a Fiorentina decretou falência e ressurgiu como Florentia Viola. Posteriormente, ambos reconquistaram o direito de usar os antigos nomes, mas antes também tiveram que refazer sua trajetória no futebol até retornar a elite. Na América do Sul, o principal exemplo é o Racing, que faliu em 1999 e foi rebatizado como Blanquiceleste, antes de recuperar seu nome original.
Fonte: MSN Esportes
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