Paulo Pelaipe comenta sua postura no Flamengo e descarta contratação galáctica.

Há quase seis meses no clube, Pelaipe já parece à vontade no cargo. Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, o dirigente não teve papas na língua. Eduardo, principal contratação do clube no ano e que ainda não rendeu o esperado. Por diversas vezes, Pelaipe aumentou o timbre da voz, principalmente ao falar sobre sua postura diante de possíveis indisciplinas. Entre pancadas na mesa, foi indagado sobre o estilo gaúcho. 

Confira abaixo a íntegra do bate-papo com este gaúcho de 62 anos, 35 de futebol, ex-corretor de seguros e que admite que ter sentido a diferença da cobrança do Sul para o Flamengo. 

Há a fama de que você é disciplinador, durão, num estilo gaúcho. Procede?

Nunca dei entrevista contra jogador e não falo mal de jogador. O que tenho de dizer para jogador digo dentro do vestiário. Imponho a disciplina sem ter problema, com atitudes, com exemplo. Eu concentro junto com jogador. Hotel em que eu estou nao tem sacanagem. Nem de jogador, de dirigente ou de quem está junto. Porque se tiver estou fora. Não deixo faltar nada para eles, exijo do clube dar do bom e do melhor para depois cobrar.

Nos últimos anos o Flamengo conviveu com notícias de indisciplina, principalmente com Adriano e Ronaldinho. Como você encontrou o departamento de futebol?

Encontrei uma equipe de trabalho fantástica, com bons profissionais na parte da nutrição, médica, de preparação física, que são quem faz o clube andar. Eles têm comprometimento com o clube e estavam um pouco desvalorizados. Mas conversamos, é importante o apoio do vice de futebol, Wallim Vasconcellos, que é sério e quer o bem do Flamengo. Não tivemos um caso de indisciplina dos jogadores porque demos exemplo. Ele estão sentindo a mudança. Aqui dirigente olha na cara do jogador, diz que vai pagar no dia 5 e ele recebe. A gente não diz uma data e desaparece. Se dissermos que não vamos pagar é por isso, isso e aquilo. Jogador não é bobo. Sabe em quem confiar. Ele sabe quem é do oba-oba. E o oba-oba acabou no Flamengo. Vestiário é sagrado, lugar de trabalho de jogador e da comissão técnica.

Depois desse início de trabalho, todos estão conscientes do tamanho do desafio no Campeonato Brasileiro?

É um desafio. Sabemos da responsabilidade, eles estão conscientizados física e mentalmente. Campeonato Brasileiro de pontos corridos não se decide nas últimas rodadas. Começa no dia 26 contra o Santos. Não tem essa de perde duas, três e depois recupera. Não recupera p…nenhuma. Tu tens que ter comprometimento com o clube e tens de ter as mesma disposição e vontade da primeira à última rodada. Se não fizer isso aí, a tendência é passar aperto no Brasileiro.

E pelo trabalho já desenvolvido, qual a meta? Talvez uma vaga na Libertadores?

Achamos que o campeonato está muito parelho. Já citei que equipes no início que estão bem reforçadas. Mas o Flamengo está numa fase de crescimento. Brasileiro é longo, você tem de ter reforços, a gente sabe disso. Mas o Flamengo vem de uma fase difícil. Ano passado lutou para não rebaixar e pela grandeza que tem isso não pode acontecer. Com isso, o auto estima de todos baixa. É um trabalho de recuperação que você tem de fazer. O Flamengo fechou o ano envolvido com problemas de contas, penhoras, salários de mais de quatro, cinco meses atrasados. Hoje você vê uma atmosfera diferente, os jogadores felizes. Você não vê penhora e para imagem do clube é muito bom. Estamos fazendo treinamentos muito bons e agora é hora de sairmos muito bem no campeonato. São cinco rodadas fundamentais para nós. Estamos trabalhando os jogadores para isso. Teremos uma pedreira, que é o Santos, mas é bom para sabermos até que ponto nossa equipe vai suportar.

Ainda chegarão reforços?

A gente vê o mercado e daqui a pouco se movimenta. Em um clube grande como é o Flamengo você não pode dizer que está fechado.

Mas pode chegar jogador top?

Não se pode dizer. Paulinho, Ralf e Jucilei não eram top e se tornaram.

Muito se fala em Kaká, uma busca na Europa…

Isso não existe. O (Flávio, vice de relações internacionais) Godinho foi convidado com Bap (Luiz Eduardo Baptista, vice de marketing) e o presidente para assistir à final da Champions League. Acham que isso aumenta a pressão. Tenho 35 anos de futebol, ela não pega em mim. Não tenho problema de pressão. A minha pressão é 12 por 8. Isso daí (Kaká) é para iludir torcedor. Eu sou cauteloso, não sou fanfarrão. Não é estilo gaúcho. É um estilo responsável. 

Fonte: ESPN

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Coluna do Flamengo

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