Sendo um liberal, sou sempre a favor da privatização. O estado deve cuidar apenas de poucas áreas básicas, que não podem ser administradas pela iniciativa privada em busca do lucro. Arenas esportivas, definitivamente, não fazem parte dessa lista. Há vários exemplos no mundo de estádios privados, muito mais eficientes que os estatais.
Portanto, sou totalmente favorável à privatização do estádio Mario Filho, o nosso velho Maracanã. A Suderj sempre foi uma gestora incompetente, e todos que frequentavam o Maraca sabem disso. A iniciativa privada costuma ser capaz de melhorar bastante os serviços, de olho na satisfação do público, de quem depende para lucrar.
Dito isso, há muitas coisas estranhas na concessão do Maracanã para o grupo liderado pela Odebrecht, que tem Eike Batista como sócio minoritário. Para começo de conversa, teve aquela controvérsia estranha envolvendo o estádio Célio de Barros e o Museu do Índio. Os locais seriam usados para um grande estacionamento e um shopping, e demandariam investimentos da ordem de R$ 600 milhões.
Após alguns protestos pontuais (um deles com apenas uns 30 gatos pingados na sede da Odebrecht), o governador Sergio Cabral desistiu da ideia, e curiosamente a empresa vencedora aceitou rapidamente abrir mão dessa parte da licitação. Por que? Será que viu que o valor era alto demais e não compensava pelo retorno? Quebra de contrato não costuma ser aceita de forma tão cordial. Estranho.
Em segundo lugar, fica evidente a diferença de tratamento entre Corinthians e Flamengo, os dois times com as maiores torcidas do país. O primeiro ganhou praticamente de mão-beijada o Itaquerão, algo absurdo, pois suas obras custaram mais de R$ 1 bilhão. Teria alguma ligação com o fato de o ex-presidente Lula ser um dos “mano”, e ter ótimo relacionamento com o presidente do clube? Andrés Sanchez, não custa lembrar, já esteve envolvido em escândalos por aí.
Chama a atenção, portanto, a diferença de tratamento nos dois casos. Por que o Flamengo não contou com o mesmo tipo de benefício? Onde fica a isonomia? Por que o Timão teve acesso a um privilégio tão escancarado, incluindo participação do BNDES?
São questões que merecem respostas, e mais investigação. A forma que foi feita a privatização do Maracanã merece duras críticas, assim como essa vantagem absurda que recebeu o Corinthians. Quem paga o pato são os flamenguistas. A torcida e a diretoria do Flamengo, com razão, têm se sentido lesadas nisso tudo. Tanto que o clube acaba de emitir um comunicado sobre o assunto:
Fonte: Blog do Rodrigo Constantino