Aprende-se muito ouvindo nossos treinadores depois dos jogos. Nisso, o fim de semana foi especialmente interessante. Ouvir Osvaldo de Oliveira, Vanderlei Luxemburgo, Paulo Autuori e Mano Menezes dá bem a medida da personalidade de cada um. Mais da personalidade do que da capacidade.
Osvaldo de Oliveira, por exemplo, acredita que teria resolvido bem a perda de Vitinho se ela tivesse ocorrido durante a Copa das Confederações, quando, no comando da equipe, ele teria tempo para rearrumar o Botafogo sem sua revelação. Como? – perguntamos nós. Seria Osvaldo de Oliveira um mágico capaz de reinventar um novo Vitinho em menos de um mês? Ou simplesmente encontraria, no próprio elenco do Botafogo, um modo de compensar o rombo técnico que Vitinho deixou?
Vanderlei Luxemburgo fala, fala, fala… e não diz nada. Tudo que tem a declarar sobre um Fluminense batendo às portas da zona da morte é que “este grupo nunca passou por isso”. Fala das contusões, a mais recente das quais a de Fred. Ora, campeão mundial de baixas, com um departamento médico que mais parece um hospital, o Fluminense deste grupo (e dos que o antecederam) já viveu isso e muito mais. Inclusive, e principalmente, com Fred. O que seu treinador não sabe é como transformar o time que dirige em algo ao menos razoável, que não corra o risco de cair de novo.
Paulo Autuori é mais cauteloso em sua análise do atual time do São Paulo, que já está há algum tempo na zona de terror da qual o Fluminense se aproxima. Ele sabe do quão improvável é o tricolor paulista e como é misteriosa a impossibilidade de armar um bom time com os bons jogadores que tem. Suas explicações, aparentemente, são mais técnicas, mais táticas, mas, vai-se ver, elas apenas camuflam o fato de o treinador ainda estar tateando.
Já Mano Menezes, este não economiza palavras. É o mais articulado dos quatro e o que defende seus pontos de vista com mais firmeza. E olha que é difícil falar deste Flamengo que ele dirige. Mano começou tecendo merecidos elogios ao Corinthians e acabou reafirmando que o Flamengo está apenas no início de um processo de reconstrução. Permitiu-se uma comparação: o Flamengo estaria agora na mesma fase que o Corinthians atravessava em 2008. Lendo nas entrelinhas, Mano Menezes diz que o atual e elogiável time corinthiano começou a ser preparado em 2008, quando voltou à série A. E quem dirigia o Corinthians em 2008 (e até assumir a seleção em 2010)? Claro, ele, Mano Menezes. Assim, é só a torcida do rubro-negra ter paciência. Nas mãos do seu atual treinador, é bem possível que o Flamengo esteja se preparando para ser o Corinthians de amanhã.
Fonte: Blog do João Máximo