Falar depois de uma derrota, ainda mais diante do que aconteceu na quinta-feira, é sempre complicado. A emoção fala sempre mais alto que a razão. Mas, talvez, esse seja o ponto crucial. O Flamengo, depois de muitos anos de ostentação fora das quatro linhas, agindo no impulso, passou a ser racional. Até demais.
Apesar de o Mais Querido ter melhorado nos aspectos administrativo, financeiro e jurídico por agir racionalmente, o futebol estagnou, fez escolhas erradas e os frutos estão sendo colhidos. Aquela máxima de que “2013 é o ano da reestruturação” deve ser vista com ressalvas, porque, por mais que o clube se reestruture, deve haver um equilíbrio entre as frentes de trabalho. O futebol não pode padecer em nome da melhora administrativa, por mais que possa soar contraditória essa frase, assim como a administração do clube não pode ficar refém do futebol. Como dito acima, deve haver equilíbrio.
É aí que aparece o dilema “razão x emoção”. Não vou nem entrar no mérito da decisão do Mano Menezes, se covarde ou não, pois isso é passado e não importa mais. Ele passa e o Flamengo sempre fica. O essencial, agora, é agir com o emocional, de maneira inteligente. Isto é, colocar no comando quem realmente saiba o que é o Flamengo. A escolha do Jayme de Almeida para dirigir o time no próximo jogo, a meu ver, é bastante acertada. Ele sabe, há muitos anos, o que se passa dentro do Rubro-Negro, além de poder passar sua experiência para os comandados.
Se ele conseguir mostrar o que é ser Flamengo para uma meia dúzia de “come e dorme” que existe no elenco, talvez a atitude mude. E, para fazer isso, ele precisará contagiar os jogadores à sua maneira. Essa é a melhor forma de agir com a emoção. Parece um discurso idealizado, mas é o que podemos ter até o fim do ano.
Querendo, ou não, vamos com esse elenco limitado até o fim do Brasileirão e da Copa do Brasil. Já que não podemos trocar os jogadores, que se mude a postura! Já houve times piores que esse, mas que tinham mais cara de Flamengo, pois havia raça e entrega. A hora é agora. Que essa derrota doída seja um divisor de águas até o fim do ano. O Flamengo só sabe jogar sendo Flamengo. Vestir o manto sagrado deve estar acima dos limites da razão e deveria, por si só, servir de motivação. Tomara que os jogadores tomem consciência disso.