Vários amigos rubro-negros me procuraram para comentar a presença de Jayme de Almeida no comando do time, em substituição, interina ou não, a Mano Menezes. Lembraram que, com Jayme, o Flamengo venceu o Criciúma, no Heriberto Hulse, por 3 a 0, dando banho de bola. Lembraram ainda que grandes conquistas do clube foram com ex-jogadores como técnicos. Andrade foi campeão brasileiro em 2009, Carlinhos venceu o Brasileiro em 87 e 92 e a Supercopa em 99, Carlos Alberto Torres ganhou o Brasileiro de 83 e Carpegiani venceu o Brasileiro de 1982 e a Libertadores 81, além do maior de todos, o Mundial 81. Apenas Claudio Coutinho, campeão brasileiro em 80, não foi jogador do Flamengo, teve na Gávea seu primeiro trabalho como treinador.
O que mais preocupa é que, no clube, sempre algum dirigente concorda com essas crenças da torcida e pode achar que Jayme será ungido pela história e, sendo efetivado, não só evitará a queda como conquistará o hepta. Bem, devo lembrar, apenas falando em números, que na próxima quarta-feira o Flamengo tem uma Copa do Brasil. E nas duas que o clube conquistou, não houve ex-jogadores rubro-negros no banco – Jair Pereira em 90 e Ney Franco em 2006.
Além disso, nas supracitadas conquistas, lembro de alguns personagens que estavam em campo e ajudaram muito os números:
1980, 1982, 1983 e 1987 – Leandro Andrade e o maior de todos para o Flamengo, Zico.
1992 – Júnior, além de Gilmar, Gottardo, Zinho e o segundo maior de todos, o maestro Júnior.
2009 – Bruno, Petkovic e Adriano, todos voando baixo.
Tudo isso sem contar alguns coadjuvantes fantásticos, que puxados pelo protagonistas, deram às conquistas o caráter de incontestáveis.
E agora, quem tem Jayme? Felipe, um goleiro apenas normal; Léo Moura, lutando para manter pelo menos as boas memórias, mas a cada dia sofrendo mais com o físico; no miolo da zaga, o máximo que se pode citar como qualidade é Chicão nas cobranças de falta, isso quando o físico lhe permite entrar em campo. Na lateral esquerda, nada. Na cabeça de área, a alma e o motor do time, o que já prova de que algo está muito errado – Cáceres e Elias. O Corinthians provou ano passado que o melhor jogador do time pode até ser um volante, caso de Paulinho, desde que haja companhia para ele e o time esteja muito azeitado. Nada perto do que é o Flamengo hoje. Na criação, nada. No ataque, o coitado do Rafinha, um belo jogador que pode se queimar por falta de companhia na frente e afundar com o resto. De Carlos Eduardo e André Santos, que só são focalizados pelas câmeras nos jogos com os bofes para fora, não adianta mais comentar.
Com esse time, seria difícil para qualquer um dos ex-jogadores citados. Imaginem para Jayme, que só teve a chance de mostrar o que sabe contra o frágil Criciúma. Para não cair, esse time precisa de comando, de experiência. Paulo Pelaipe conseguiu, este ano, não chegar nem à final do Carioca e sofrer no Brasileiro. Torrou em torno de R$ 1,3 milhão por mês só com Mano e Cadu. Mano, pelo menos, mostrava competência. Agora, nem ele.
A diretoria deveria tomar as rédeas do futebol agora, antes que seja surpreendida pelo rebaixamento pelo rádio. Ou deixar, mais uma vez, para Pelaipe resolver. Se isso acontecer, o gerente de futebol não pode errar, sob pena de manchar seu currículo com o rebaixamento de um dos maiores clubes do futebol. Tem uma bala e três opções de tiro: chamar um bom técnico caro (há varios no mercado); chamar um técnico ruim e barato (há mais ainda no mercado); deixar sua salvação, e a do Flamengo, nas mãos de Jayme.