Vocês não imaginam o tamanho da minha decepção, quando, bem mais novo, achava que sabia jogar Xadrez. Digo “achava” porque reconstituía as partidas dos Grandes Mestres, para tentar aprender mais, e não conseguia entender absolutamente nada sobre suas intenções e estratégias. Ficava HORAS diante do tabuleiro olhando, olhando, olhando e NADA. O que me restou foi desistir e assumir minha limitação.
Me reportei a essa época, porque senti algo muito parecido nesse último domingo, assistindo nosso jogo contra a Ponte. Me esforcei, ME ESFORCEI MUITO MESMO, para entender as opções do “Grande Mestre” de futebol, ex treinador de Seleção e exímio recuperador de equipes rebaixadas Sr. Menezes mas, infelizmente, não consegui.
A começar pela escalação inicial. Se Paulinho funcionou bem como quebra-galho de lateral e Luiz Antônio funciona bem no meio, imaginei que, diante dos desfalques, essa seria nossa formação. Não foi! Tudo bem, foi a opção dele e tenho que respeitar. Mas e a insistência com Gabriel e Cáceres? O que justifica? O paraguaio é lento, faltoso, atabalhoado, sem inspiração na saída de bola. E o “Filé de Borboleta” não passa, não lança, não marca, não chuta.
Mas as surpresas não pararam por aí. Acontece a expulsão do Samir (tem futuro, mas precisa aprender que chegar atrasado nas jogadas é mais grave que se atrasar para treino) e, para minha surpresa, nada foi feito. Como temia, acabamos tomando um gol que não poderíamos tomar.
E então veio a gota d´água. Nosso treinador resolve recompor a zaga tirando nosso único centro avante e artilheiro da equipe.
Me senti novamente diante do tabuleiro, reconstituindo as partidas de Fisher, Karpov e Kasparov. Só que dessa vez, ao invés de me conformar e desistir diante da minha incapacidade de compreendê-lo, senti foi uma imensa revolta.
Para sorte dele, e nossa também, achamos um golzinho no final e trouxemos um pontinho importantíssimo pra casa. Mas caso não tivéssemos achado, mesmo tendo plena consciência das limitações do nosso elenco, colocaria na conta DELE a responsabilidade pelo mau resultado.
De jogar xadrez eu até posso desistir, mas do Flamengo nunca. Por isso, torço para que ele reveja seus conceitos, antes que eu, e grande parte da torcida, desista DELE.
O jogo de amanhã é COMPLICADÍSSIMO e NÃO PODEMOS nos dar ao luxo de errar TANTO novamente.
Nosso elenco é fraco? É! Mas é um dos quatro mais fracos da competição? Sinceramente que acho que não. O Flamengo desse ano é time pra meio da tabela. Vai oscilar um pouquinho pra cima, um pouquinho pra baixo, surpreender um mais forte, decepcionar diante de um mais fraco e ficar por ali mesmo, esperando pelo ano que vem.
Só que, mesmo com todas as suas reconhecidas limitações, e o desempenho pífio que vem tendo, bastaria que tivesse cumprido obrigações básicas (como ter vencido Náutico e Ponte com mando de campo nosso no primeiro turno), para estarmos disputando posição com Inter e CUrintia por vaga na Libertadores, e não apenas pensando em não cair.
Fonte: Flamengo RJ