Mano Menezes vem fechando treinamentos e mudando constantemente a formação do Flamengo. Ora por necessidade, como os desfalques de Felipe e Chicão, ora por opção. Ou pela falta de soluções. A variação no desenho tático do 4-3-3/4-1-4-1 para o 4-2-3-1, passando pelo 4-4-2 quando Carlos Eduardo atua como atacante, é sutil, mas revela o enorme buraco na criação.
Por isso as indas e vindas de Carlos Eduardo e as frequentes mudanças dos ponteiros. O treinador até consegue coordenar os setores e a execução do esquema. Falta, porém, a jogada que sai do trivial e desarticula a marcação adversária.
O Fla vive da onipresença de Elias, única centelha de lucidez no meio-campo que marca e ataca – responsável por três gols, três assistências e 55 desarmes certos. De volta ao time, Léo Moura acompanha o camisa oito na liderança e também na criatividade tão rara na construção das jogadas.
Nos 2 a 1 sobre o Santos, o lateral iniciou e concluiu lance confuso que desmontou a estratégia do desfalcado time de Claudinei Oliveira. Equipe postada no 4-3-1-2 e saindo nos contragolpes com Everton Costa e Thiago Ribeiro entrando em diagonal e Cícero chegando pelo meio. Renato Abreu, personagem do jogo pela saída conturbada do Flamengo, não apareceu sequer nas cobranças de falta.
Mesmo com pouco mais de 20 mil presentes, o Maracanã criou o clima para o time rubro-negro jogar efetivamente como mandante – são três vitórias e um empate no estádio pelo Brasileiro, triunfo sobre o favorito Cruzeiro na Copa do Brasil – e acuar o rival. Até fazer Carlos Eduardo entrar em ação e, no contragolpe, servir Hernanes. Sexto gol do camisa nove no Brasileiro e 21º do artilheiro do Flamengo na temporada.
Se não consegue dar sequência às jogadas e fazer com qualidade o trabalho de pivô, o “Brocador” aproveita melhor a presença na área que Marcelo Moreno. E o principal: é mais eficiente nas conclusões.
O Flamengo ainda deve sofrer com a inconsistência defensiva que recolocou o Santos no jogo com o pênalti de Samir sobre Everton Costa que Cícero converteu. A reação do time paulista morreu nos desfalques e no cansaço pelo esdrúxulo calendário brasileiro.
De volta à lateral, André Santos até pode criar solução na frente, mas complica o combate direto e a cobertura por dentro pela esquerda. A zaga precisa de equilíbrio entre a experiência, mas lentidão, de Chicão e González e a vivacidade, embora afoita muitas vezes, de Wallace e Samir. A solidez da retaguarda é essencial para melhorar o aproveitamento fora de casa e o saldo de gols, hoje negativo de três gols.
Na frente, Carlos Eduardo teve lampejos e Paulinho acelera a transição ofensiva. Só Gabriel que destoa, bem distante da revelação do Bahia no ano passado. Embora longe do ideal e com muitos passes errados (45 na partida), o time aos poucos vai ganhando fluência.
Enquanto segue buscando soluções, Mano Menezes depende de Léo Moura, Elias, dos gols de Hernane e da força do Maracanã para manter o Flamengo longe de crises e do Z-4, esperando o duelo carioca com o Botafogo pela Copa do Brasil em outubro.
Fonte: Blog Olho Tático