Muhlenberg destaca atuação do Flamengo e prevê Copa do Brasil diferente.

Foi breve a nossa temporada na classe média alta no Brasileiro. Durou exatamente 69 horas e 30 minutos, das 23 horas de quinta-feira até às 20:30 de domingo. Vida boa, tranquila, casa própria, carro do ano, as contas em dia, muitos sorrisos e até planos de viagem ao exterior.

Foi bom enquanto durou, mas depois da derrota esdruxula temos que voltar pra realidade classe média baixa do Flamengo 2013. Que é pão com ovo no almoço e miojo no jantar. Uma vida de horizontes mais estreitos. Andar limpinho e arrumadinho com a merreca contada e sempre correndo atrás do prejuízo.


Essa brusca queda de status, tão brusca quanto a nossa meteórica ascensão, não chega a ser um problema para quem é fechado com o certo. Fomos todos informados no ato de inscrição que se não for perrengado não é o Flamengo legítimo. Mais difícil é saber como se comportar depois desse jogo em particular. Porque para o torcedor médio do Flamengo a sensação de perder pro Foguinho no Brasileiro, ainda mais do jeito que foi, pode ser descrita como bizarra, excêntrica, invulgar.

Não apenas pela raríssima ocorrência do fenômeno, mas principalmente por seu pequeno eco, pela limitada influência do resultado sobre a situação de ambos os times no campeonato. Verdade que continuamos a correndo risco de vida ou de morte. Ainda mais agora que os sábios decretaram que a navalha pode passar rasgando o pescoço de quem tiver menos de 47 pontos na conta na 38ª rodada. Mas nós já estávamos correndo esse risco antes e pra quem já estava devendo 8, dever 10 é mixaria.

Confesso que também acho esquisito esse negócio de perder pra eles. E ainda mais esquisito porque, ao contrário da não menos bizarra derrota no Carioca, dessa vez jogamos bem. Acho até que foi a primeira vez no Brasileiro em que perdemos jogando bem. Não é muito saudável pra moral das tropas ficar elogiando a própria atuação em derrotas, mas também não é pecado achar que foi uma das melhores apresentações do Flamengo no campeonato. Lógico que com as conhecidas limitações de sempre, mas conseguimos nos igualar e, por algum tempo, até dominar um adversário notoriamente mais ajustado que o nosso.

O jogo foi pau a pau desde o começo e qualquer um pode falar na resenha que o resultado poderia ter sido inverso sem forçar a amizade em um milímetro sequer. Foi um jogo aberto, as defesas eram amigonas e deram várias moles para a consagração dos atacantes. Que não estavam em seus melhores dias em nenhum dos times ou teríamos um placar bem mais dilatado. O Foguinho foi mais efetivo e perdeu menos oportunidades enquanto nós fomos pródigos em bolas mal finalizadas. Mas mesmo assim foi um jogo gostoso de ver como há muito tempo não acontecia.

Todos amamos o futebol bem jogado. Foi bonito ver o Flamengo trocando uma série de passes certos, com os jogadores se movimentando para sair da marcação e levando a bola em velocidade até a área adversaria. No segundo tempo, um pouco antes do segundo gols dos caras, o Flamengo engendrou uma linda combinação de passes, com a bola indo de pé em pé até a conclusão errada de alguém. Sem exageros, foi a jogada mais bonita do Flamengo no ano.

Essa é essência do belo esporte, criatividade, entrosamento, trabalho de equipe. Parabéns, Jayme e rapaziada, continuem evoluindo. Foi por isso que a torcida, mesmo com a derrota, aplaudiu. Aplaudi também, entretanto, como sou das antigas, ainda prefiro jogar mal e ganhar. Coisa que esse Flamengo já comprovou que sabe fazer muito bem e que vinha até agora sendo a nossa receita de sucesso. Por que parou? Parou por quê?

Talvez nosso elenco ainda não esteja devidamente preparado para ficar jogando bem durante 90 minutos e é sempre bom que o treinador tenha um botinudo ou dois à mão para enfeiar um jogo cuja beleza tática não esteja nos favorecendo. A verdade é que Jayme demorou pra mexer na equipe e o cansaço, sempre o cansaço, nos derrubou outra vez. Não podemos mais dar esses vacilos, quando o sujeito não está rendendo tem que substituir na hora.

Um aspecto positivo da derrota foi medir forças com nosso adversário na Copa do Brasil. Vimos que do outro lado não tem bicho papão nenhum, é o velho Foguinho pequenininho, nosso trivice e freguês dileto. Se apertar legal eles peidam. Não esqueçam que o primeiro milho é sempre dos pintos. É fato que a escrita mudou de lado, agora somos nós que não ganhamos deles desde 2010 no Brasileiro. Mas a freguesia continua firme e forte.

Eles estão comemorando a vitória, até com alguma justiça, como se fosse o seu segundo título na temporada. Compreensível, 13 anos pagando cerveja pra gente deve ser de amargar. A festa na Kombi não tem hora para acabar. Os mais supersticiosos entre os 18 da seita se apegam à cabala Zaggaliana e encontram significados ocultos em tudo. Logo após o apito final descobriram que BOTAFOGO É VICE tem 13 letras. Então devem ter descoberto que MENGO É TRI DA CB também tem. Cada um com seus objetivos, cada um com suas aspirações.Tremei.

Fonte: Urublog

Coluna do Flamengo

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