2013: O ano que insiste em não terminar (parte 1).

Os últimos dias foram bastante tensos para o Clube de Regatas do Flamengo, mostrando que o fim de um ano conturbado, quase sempre termina conturbado. Mas é necessário para dar uma “exorcizada” e virar a página em sua totalidade. Como são muitas as coisas que precisam ser abordadas, dividi este artigo eu duas partes. A primeira publicada hoje, a outra parte será publicada na segunda (em homenagem aos tricolores, espero que sem recurso).

Desde o início do ano os torcedores do Flamengo já haviam percebido que 2013 não seria um grande ano para o clube, pelo menos no que diz respeito aos resultados dentro de campo. Desde o princípio, a diretoria recém-empossada já havia admitido que 2013 seria um ano de reconstrução, tanto do futebol quanto dos esportes olímpicos e que não teríamos muitas glórias. As maiores vitórias seriam um ajuste nas contas, com pagamento de parte das dívidas, aumento das receitas, anúncio de patrocinadores (que não tínhamos há praticamente três anos), diminuição dos gastos e conquista das CND’s (Certidões Negativas de Débito), além do pagamento em dia dos salários. Se, além de tudo isso, nos classificássemos para a Libertadores e não corrêssemos risco de rebaixamento no Brasileirão, seria um ano perfeito.

Já nos primeiros dias do ano, foi anunciado o fim da parceria do clube com César Cielo (maior nadador da história da natação brasileira) e o encerramento dos investimentos na equipe profissional adulta de natação. A equipe vinha de um título nacional por equipes no Troféu Maria Lenk no ano passado (o atual troféu Brasil de Natação), título que o Flamengo não conquistava há 10 anos. Logo depois foi anunciado o fim da equipe adulta de ginástica artística, demitindo alguns dos maiores nomes do esporte nacional, como os irmãos Diego e Danielle Hypólito e a revelação (e decepção) Jade Barbosa. O argumento foi o mesmo: o clube precisava cortar custos ao mesmo tempo em que priorizariam atletas que treinassem no Flamengo (algo impossível com uma piscina rachada, vazando 6,5 mil litros de água por dia e um ginásio que havia sido destruído num incêndio semanas antes). No futebol foram mandados embora alguns dos jogadores que tinham grande salário, como Vagner Love, Ibson (no começo do ano) e Renato Abreu (posteriormente), demonstrando que a diretoria não estava blefando.

Na parte administrativa as coisas vinham dando muito certo: foram pagos 40 milhões em impostos, parcelamento de diversos vencimentos e conquistando as Certidões Negativas tão necessárias; também conseguiu os patrocínios da Peugeot e da Caixa Econômica, aumentando bastante o dinheiro do clube e os salários passaram a serem pagos até o dia 5 de cada mês, algo que há muito não se via. Dentro de campo o time de futebol foi um fracasso no Campeonato Carioca (depois de iniciar bem a Taça Guanabara) e o time desandou. Dorival Junior não aceitou redução salarial e a diretoria apostou no jovem Jorginho. Não deu certo. No basquete começamos o ano fracassando, mais uma vez, na Liga da Américas, sendo eliminados pelo mediano Pinheiros (que havíamos vencido por 102×85 semanas antes, e que nem sequer chegou às semifinais do NBB). Perdemos para nós mesmos, deixando de conquistar mais um título internacional na modalidade. As coisas iam mal dentro de campo (e das quadras), porém muito bem administrativamente.

Porém as coisas foram se acertando durante o ano. Fomos campeões do NBB 5 no basquete, montamos um excelente time no Futebol Americano, para a disputa do torneio Touchdown (no qual fomos vice-campeões no último sábado, perdendo nos segundos finais) e começamos a acertar no futebol. Mano Menezes montou uma base que o Jayme de Almeida arrumou e colocou pra jogar. Alguns jogadores, que nem sequer acreditávamos no início do ano, começaram a render, como Paulinho e Hernane. Léo Moura voltou a ser o grande lateral que o consagrou como ídolo do Flamengo. Felipe, Wallace, Chicão, Amaral, Luís Antônio e Samir foram os outros destaques. Elias foi o grande nome do time e o espelho do ano. O título da Copa do Brasil veio pra coroar um ano complicado, mas que deu bons frutos e uma grande esperança para o ano que vem. Nos demais esportes continuamos disputando títulos no futebol de areia (apesar de sempre ficar no quase); nos tornamos imbatíveis no Fut7; fomos campeões, como sempre, no showbol; além de várias disputas de títulos e conquistas nas divisões de base dos diversos esportes do clube. Parecia que, pela primeira vez, em muitos anos, teríamos férias calmas, esperando apenas nossa estréia na Taça Libertadores 2014. Mas aí não seria o Flamengo.

O caso André Santos

Aí veio o caso mais comentado do ano para o clube: a escalação do lateral André Santos. Os emails trocados entre a diretoria e seu advogado, vazados nos últimos dias pela imprensa, mostraram que houve exagero no excesso de confiança. Não se pode dizer que os membros da diretoria erraram, já que tinham convicção de que estavam certos, porém correu um risco, na minha opinião, desnecessário. No email, Michel Assef Filho foi claro ao dizer que “se não fosse o descuido da Portuguesa, seríamos nós na Série B”. Fato.

Não acho que tal acontecimento mereça uma punição para alguém da direção, muito menos para o “Impeachment” que a oposição está articulando no Conselho Deliberativo. Na vida temos que assumir riscos o tempo todo. A diretoria foi informada da punição pouco antes da partida, que era de festa, e tinha que tomar uma decisão rápida. Reuniram-se e decidiram que o jogador tinha condições de jogo. E realmente tinha, se analisarmos as diversas resoluções, ofícios e códigos existentes na legislação desportiva e na CBF. No próprio site da entidade, tanto André Santos quanto Héverton, da Portuguesa, estavam com suas respectivas penas com status em “cumpriu”. E na sessão “partida a cumprir” (a pena), estava em branco, mostrando que ambos tinham condição de jogo. Isso não quer dizer que o Flamengo será absolvido no Pleno do STJD dia 27, porém são muitos os argumentos favoráveis ao clube. Têm-se, pelo menos, cinco argumentos plausíveis a favor e apenas um contra: a forma como o próprio STJD entende a resolução. Ou seja, no entendimento deles, estávamos errados. E é provável que este entendimento prevaleça, mesmo com todas as evidências em contrário. Nos pareceres encomendados pelo clube, que podemos verificar aqui e aqui, é muito fácil perceber que a direção está correta em seu entendimento. Mas talvez o Flamengo precise ir à Justiça comum ou à FIFA para ter seus argumentos aceitos. Que a justiça seja feita.

No próximo artigo tratarei do “caso Luiz Antônio”, da suposta multa de 10% da Adidas e do programa “Anjo da Guarda Rubro-Negro”, que parece que não vai dar certo, infelizmente. Lembrando que amanhã tem a decisão da Liga Nacional de Fut7, espero que com mais um título do Mengão. SRN.

Daniel Mercer


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