A 10 não é para qualquer um.

Ela já vestiu Evaristo, virou sinônimo de gols com Dida e entrou de vez para a história do Flamengo na pele de Zico. Assinou gols inesquecíveis como aquele da conquista da América, em Montevidéu. Viu, de muito perto, aquela bola, em trajetória inexplicável, desafiar a lógica e encontrar o único caminho possível para o gol, com sotaque sérvio, que valeu mais um tricampeonato.

Do pequeno Djalma ao gigante Imperador, do Anjo Louro da Gávea ao Rei do futebol – sim, Pelé – o número mítico tem sua história contada por alguns dos maiores gênios do futebol mundial.
A dez não é para qualquer um. Não basta ser um malabarista dentuço, metido a pop star. Não! Ela é para poucos: para os que conseguem sentir o coração pulsar no ritmo marcado pelo surdo que embala quarenta milhões de aficionados movidos por uma paixão e traduzem, com os pés, o idioma que apenas os grandes artistas da bola conseguem compreender.

Temos testemunhado, nos últimos anos, o que pode ser comparado ao pior dos sacrilégios contra o símbolo de uma nação. Em pouco tempo vi Ronaldinho Gaúcho pisar no manto com os pés sujos de irresponsabilidade e desrespeito. Cleber Santana vestiu a dez. Nixon vestiu a dez. E não foi o presidente dos Estados Unidos – se bem que sua conduta no escândalo de Watergate me faz crer que pareceria muito melhor trajando o uniforme oferecido por um certo deputado descendente de portugueses.

Na busca desenfreada pelo dez, homens cheios das melhores intenções e de muita criatividade foram à Bahia e encontraram num time de lá, vindo da várzea, o menino franzino, com nome de anjo, para ser o cérebro do novo Flamengo. Gabriel vestiu a dez.

Até quem vestiu a vinte experimentou o peso da responsabilidade pelo simples fato de ter que jogar como os grandes fizeram e desaprendeu seu ofício. Cadu, graças a Deus, não vestiu a dez.

Diante da heresia dos que ousam destruir este baluarte do talento e da genialidade, temo pela surpresa vindoura. Quem será o próximo camisa dez da Gávea? Há quem diga que o atual será trocado por Feijão (outros já foram trocados por ouro).

Certo da irrepreensível boa vontade e honestidade de nossos dedicados dirigentes, espero, assim como toda a do torcida do Flamengo, que o escolhido para envergar o número honrado por tantos craques seja digno de tamanha responsabilidade. Entenderei e torcerei por quem quer que vista nossas cores. Só espero que, na impossibilidade de entregá-la a um nome digno de sua tradição, poupem a dez, ela não é para qualquer um.


FLAVIEW
Coluna do Flamengo

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