Entre a Razão e a Paixão.

Não era uma arena antológica de grandes proporções feita para a Copa, era uma praça aqui perto de casa. Em campo não havia material orgânico, apenas peças de madeira de diversos formatos. Competindo, apenas dois jogadores. E não eram jovens esguios, ‘dribladores’ e velozes, mas dois senhores já em idade avançada que repousavam às sombras da arvore enquanto jogavam uma partida de xadrez.

Era uma cena tão comum no meu bairro, que uma reação natural seria simplesmente continuar o meu caminho sem dar muito mais atenção àquilo. No entanto, pelo simples fato de os dois trajarem uniformes de times de futebol, algo de diferente naquela partida mexeu inexoravelmente com o âmago de meu espírito de torcedor. Era um Fla x Flu septuagenário disputado em tabuleiro. Sem campeonato, sem título, sem taça, não valia nada. Mas então… Por que o meu interesse repentino em torcer por um senhor que eu nem ao menos conhecia só pelo fato de me identificar com o rubro-negro da sua camisa?




A única explicação plausível que eu posso imaginar para essa questão é a mesma que é capaz de responder o porquê de Milhões de pessoas acreditarem que seu time por mais fraco que seja ainda é capaz de derrotar um mais forte, dependendo apenas de um apoio que vem das arquibancadas; de elevarem qualquer jogador, até ontem peladeiro, ao status de craque mundial um dia após fazer um gol importante; e de essas mesmas pessoas nunca terem sofrido com o vexame de um rebaixamento: Paixão.

Fazemos parte de uma platéia ativa de apaixonados que assistem à peça pouco influenciados pelo elenco escalado e mais preocupados com o figurino. Basta estar bem vestido e será aplaudido, a não ser que sua atuação não condiga com aquilo a que foi designado a fazer. E se ela vaia, não adianta reclamar, só resta provar que estão enganados. São cobradores orgulhosos nesse quesito, pois nada lhes poderia ferir mais o orgulho que manchar a imagem daquilo que mais amam.  Porque para essa massa o único nome de peso que faz com que acreditem em título todos os anos, que os fazem pagar preços altos para acompanhar o espetáculo de pertinho, que incita a venda de camisas e mais camisas por mais caras que sejam, não veio de uma contratação ou surgiu dos campos da base, ele está cravado do lado esquerdo do peito, bem próximo ao coração de cada rubro-negro.



Um nome capaz de perpetuar devaneios na mente do mais são dos homens, incitar desmaios naqueles com mais forte coração e provocar lágrimas nos mais isolados de emoção. E tal qual este nome, também é preciso respeitar essa paixão (ou loucura) que busca a rivalidade até nas disputas mais corriqueiras do cotidiano, cria heróis improváveis e há décadas desafia a lógica daqueles que desconhecem a sua força.

SRN: Reinaldo Rodrigues
Coluna do Flamengo

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