Inúmeras foram as grandes batalhas em que o exército mais fraco venceu o mais forte. Em todas elas, uma poderosa arma foi usada pelos generais: uma estratégia poderosa. Conhecer cada soldado, suas forças e fraquezas; treinar cada combatente para executar seu desígnio; entender o adversário e o ambiente da batalha, suas oportunidades e principais ameaças: estes são os encargos do líder da tropa.
Foi assim em Austerlitz, a obra prima de Napoleão em termos táticos, quando os franceses, com 13.000 homens a menos se impuseram e derrotaram as forças aliadas austro-russas. Aconteceu da mesma forma em Agincourt, quando sete mil ingleses subjugaram vinte e cinco mil oponentes franceses tendo comodiferencial o uso do arco e da flecha, surpreendendo a cavalaria inimiga. Muitos dirão: vencem batalhas, mas perdem a guerra. A história mostra que, quase sempre o poder, a superioridade e o domínio tecnológico indicam a hoste vencedora da guerra. Algumas batalhas, no entanto, vencidas pela inferioridade, mudaram o rumo do mundo. Libertadores da América, uma típica batalha do futebol no caminho para a conquista do mundo, é a arena em que vencem o planejamento, o treinamento, a aplicação tática perfeita, a surpresa, o condicionamento físico e o uso dos fatores ambientais como forças aliadas. A técnica é coadjuvante, o brilho nos olhos, a união e a vontade de vencer formam a linha de frente no campo de batalha. Já vi o São Caetano ficar a um passo da conquista da América; testemunhei a vitória épica do Papão da Curuzu sobre o todo-poderoso Boca Juniors na lendária Bombonera. No Corinthians campeão de 2012, faltaram os craques, sobrou a tática. O atual campeão achava que tinha um craque, mas venceram o pé esquerdo de seu esforçado goleiro e a força do Independência. Ao Flamengo de hoje, conquistador da batalha da Copa do Brasil, faltam a força de um elenco numeroso e homogêneo, o requinte do soldado técnico e renomado que o credenciaria à conquista de uma guerra prolongada. Com um líder identificado com sua história, uma estratégia bem definida, soldados motivados por representar uma nação de quarenta milhões de fanáticos cidadãos, resta ao exército rubro negro buscar o diferencial que pode ser determinante para a vitória. Ele pode ser alcançado com treinamento exaustivo e preparação física adequada. Motivados, bem treinados, organizados e correndo até o último minuto, nossos guerreiros podem escrever seus nomes na história do futebol.
Na falta dos renomados e badalados talentos, acredito na força de uma organização tática bem executada para vencer; acredito no poder da determinação, no coração amarrado na ponta da chuteira. Acredito no peso do manto sagrado, nas cores de nossa bandeira. Acredito no Flamengo. Libertadores, eu acredito.