Ela é a maior do mundo. Sonho de muitos, pesadelo de tantos outros. A energia da união de suas milhões de cordas vocais, em harmonia indescritível, faz o oxigênio de quem corre fluir mais rápido e suas fibras musculares crescer em explosão. Transforma o medíocre em craque, o pequeno em gigante.
São quarenta milhões em todo o mundo. Torcida, como nenhuma outra, capaz de levar o Flamengo ao topo da escala futebolística, considerando sua incomparável fidelidade, capacidade de consumo e mobilização.
É dessa paixão que o renascimento do rubro-negro carioca está se alimentando. Em um ano difícil, de reestruturação, como foi 2013, sessenta mil torcedores aderiram ao programa sócio torcedor; dezenas de milhares adquiriram produtos licenciados… Cada um, à sua maneira, ajudou o clube a reduzir seu déficit – o câncer financeiro que quase nos leva a óbito, em 60% no ano que passou.
É desanimador assistir, durante o primeiro jogo de um ano tão importante para a consolidação do Mais Querido, meia dúzia de pretensos torcedores protestando contra preços de ingressos e vaiando injustamente um jogador jovem, cria das divisões de base do clube, há tanto tempo tentando voltar a ser aquela inesquecível fábrica de craques.
Os mesmos que pedem Elias querem pagar dez reais para entrar no estádio usando carteira de estudante falsificada. Esquizofrenia ou ignorância? Um time campeão custa dinheiro. Dinheiro que no futebol vem de várias fontes. Uma destas fontes é exatamente a renda da bilheteria. Todo espetáculo tem seu preço. Quem acha o valor do entretenimento justo e tem os recursos para gastar com ele, compra ingresso, quem não se enquadra em algum destes requisitos, não compra. Simples!
Os manifestantes, pretensos torcedores “organizados”, órfãos de administrações predadoras e irresponsáveis que, por muito pouco levaram o clube à bancarrota, servem sabe-se lá a quem (eu imagino a quem servem), mas com certeza não representam a verdadeira nação. Somos infinitamente maiores do que isso.
Eternos protagonistas de arruaças e pancadarias Brasil afora, redutos, muitas vezes, de bandidos disfarçados de torcedores, decidiram não entrar no estádio. As famílias e verdadeiros flamenguistas agradecem. Esperam há anos, não apenas o soerguimento do clube, mas a chance de assistir a jogos em estádios modernos e seguros, ao lado de torcedores de verdade.
Não bastasse a demonstração de cegueira crônica no caso dos ingressos, os mesmos sujeitos resolveram contribuir um pouco mais com a dilaceração do patrimônio do clube, vaiando, sem nenhuma razão, o jovem Mattheus, nosso camisa dez na partida. Gostem ou não do seu futebol, do fato de ser filho do Bebeto ou de sua quase saída do clube, ele é jogador do Flamengo e enquanto o for, merece nosso apoio e respeito. Para os que o querem longe do clube, melhor que se torne um jogador de destaque, cuja venda nos traga bons dividendos. Val, um dos piores jogadores que já vestiram nossa camisa, fez um jogo irritantemente desprezível e não teve o mesmo tratamento.
De nada adiantará o choque de gestão, a profissionalização e reestruturação do clube se nós, torcedores, não entendermos nosso papel nessa história. E não basta gritar na arquibancada, hastear bandeiras e produzir mosaicos. Gritos não pagam dívida. Acabou a mamata. É hora de os verdadeiros rubro-negros mostrarem a cara. Só assim colocaremos, definitivamente, um ponto final no passado dos mercenários desvairados.
Sejamos verdadeiros sócios do Flamengo. Vamos deixar trabalhar os dirigentes que estão lutando para limpar o clube de anos de pilhagem. Não tem trinta ou sessenta reais para ir a um jogo? Seja sócio torcedor! Não pode? Assine o pay-per-view! Sem condições? Compre a camisa oficial e pague em dez vezes! Não? Então, por favor, ouça o jogo no rádio e deixe os verdadeiros torcedores ajudarem a fazer do Flamengo o maior clube do mundo.
FLAVIEW