#FicaHernane

Nos últimos dias, os debates nas redes sociais e nos fóruns rubro-negros esquentaram diante da possível saída do Hernane. No final de 2012, nosso artilheiro quase foi parar no Avaí na transação que envolvia a chegada do Renato Santos e do Cléber Santana. Pois bem, o mundo do futebol dá muitas voltas. Ele se recusou e ficou. Já os que chegaram sequer terminaram o ano na Gávea. Enquanto isso, nossa então moeda de troca acabou tendo oportunidade no estadual pela absoluta falta de outro atacante com mais status. Foi jogando e fazendo gols. Um atrás do outro.

Enquanto diziam que só fazia gols em times pequenos, ele decidia os clássicos. Mesmo assim, a desconfiança continuava grande. Para o Brasileiro, não poderíamos ir com ele, sentenciavam por aí. Trouxeram o Moreno e o Brocador foi parar no banco, onde ficou praticamente todo primeiro turno do Brasileirão. O Flamengo chegou ao ponto absurdo de pagar uma multa para não escalá-lo contra o Grêmio. Pois a bola, que não entra por acaso, pune! O Grêmio venceu o jogo numa cobrança de falta coincidentemente no lugar exato onde Marcelo Moreno estava na barreira. Após, esse jogo, o então titular foi atuar pela seleção boliviana e Hernane herdou a vaga e não saiu mais. Terminou a temporada como artilheiro do ano. Antes dele, o feito só fora alcançado por jogadores com passagens pela seleção brasileira: Neymar (2x), Leandro Damião, Jonas, Tardelli e Keirrison (na primeira edição em 2008). No Flamengo, o último que fez mais gols que ele em uma só temporada foi Romário e isso em 1999.

Ao longo de 2013, um fato curioso, enquanto alguns amigos rubro-negros teimavam em brigar contra os números e continuavam com medo do desempenho do Brocador, outros, que não souberam escolher o time, nos invejavam e comentavam comigo sobre a frieza de nosso matador. Hernane terminou a temporada com 36 gols em 58 jogos, numa média superior a 0,6 gols por jogo, que é bastante expressiva. Só para efeito de comparação, a média do Adriano no Flamengo é inferior a 0,5 por jogo. A de Nunes também. Isso demonstra o tamanho do feito do Brocador, que marcou de pé direito, pé esquerdo, cabeça e até de letra. Normalmente com um toque só na bola. Reclamavam, como se isso fizesse alguma diferença.

Com números impressionantes, seria natural que o jogador se valorizasse no mercado. O mundo árabe veio atrás dele e, segundo o noticiário, o Flamengo recebeu uma proposta de 6 milhões de euros pelo jogador. Muitos afirmam que se trata de um negócio e tanto. Depende!

Embora o valor da aquisição dos 50% dos direitos econômicos do Hernane não tenha sido revelado, estima-se que o Flamengo obtenha um ótimo lucro com a operação. O problema, contudo, começa com o destino do dinheiro. Como não dá para imaginar que ficaremos sem centroavante, é bem provável que a diretoria irá usar o dinheiro para contratações.

Segundo o noticiário, o Flamengo está contratando Alecsandro. Estará vindo para substituir o Brocador ou para compor o elenco? Inúmeras matérias indicam que os ex-viceíno recebia R$ 250mil no Galo (como essa da FoxSport, por exemplo), contra R$ 150mil do Hernane (graças a um aumento dado por esta própria diretoria). Se o novo contratado não vier ganhando bem menos (e, segundo a mídia, viria pelo mesmo valor), isso significa que passaria a ter um salário bem superior ao do Brocador, o que por si só já pressiona a própria diretoria a aumentar o salário do artilheiro do Brasil de 2013. Afinal, ele estaria sendo remunerado bem abaixo das possíveis reposições disponíveis no mercado. Se vier para substituir o nosso atual camisa 9, estaremos aumentando nossas despesas com salários com um atacante que teve um desempenho pior do que o do Hernane, porém com mais grife e experiência de Libertadores, que inflacionam o preço e não garantem resultado. Aliás, sabemos que o Manto Sagrado pesa e que não é qualquer um que consegue suportar a pressão.

Como defender a meritocracia se o artilheiro do time não é valorizado e passará a receber menos do que um recém-contratado? Qual será o reflexo no ambiente? E onde está a austeridade se passarmos a pagar mais para tentar obter o mesmo? Qualquer uma das alternativas (compor o elenco ou substituir o Brocador) não se revela, portanto, vantajosa.

Um clube de futebol pode gerar receitas com atletas de duas formas: em transações comerciais de compra e venda ou pelo resultado financeiro obtido em conseqüência do desempenho esportivo com os jogadores. A primeira forma se assemelha muito a investimentos em gados de corte ou compra e venda de imóveis. Visa-se ganhos de capital com o lucro obtido em transações comerciais. Já a segunda se equivale a investir em gado leiteiro ou ter imóveis alugados. O objetivo é a geração de caixa. Ao invés de pensar em transações planeja-se um sistema que atraia um ciclo virtuoso por meio do sucesso de um time competitivo que garanta prestígio e traga incrementos na renda.

Não é à toa que os melhores times do mundo são muito mais compradores do que vendedores. Pensam muito mais no modelo da geração de caixa do que no ganho de capital com direitos econômicos. E sabemos que para montar times competitivos leva-se tempo. Assim, faz-se necessário manter a base e os principais jogadores. Como pensar em substituir logo o artilheiro, aquele que faz o principal no futebol: os gols?

Ah! Mas, o Flamengo ainda não pode se dar a esse luxo? Certamente alguém irá dizer isso. A questão é que isso trata de um sistema, de uma doutrina, de filosofia, de um caminho. Não adianta ficar esperando o clube estar saneado financeiramente para esse dia chegar. É preciso acelerar. Revolucionar, como fez o Barcelona Somos um time de massa. Precisamos da torcida apoiando e a chance disso acontecer com um time limitado, mas “encaixado” como o que terminou o ano é muito maior do que tendo que testar novos jogadores para as posições chaves. Luxo não é deixar de vender o artilheiro, mas perder um tempo precioso montando um time todo ano.

Entendo que ainda exista um grande medo do Hernane ter vivido uma ótima fase, um ano mágico e ter agora um efeito cinderela e a sua carruagem virar abóbora. No entanto, se não há garantia do Hernane modelo 2014 ter desempenho próximo ao de 2013, da mesma forma, não se pode ter qualquer garantia de um substituto dar certo. Portanto, ou teremos que trazer um atacante de ótimo nível e a um custo muito mais alto (o que ainda é inviável para nosso padrões financeiros) ou é preferível arriscarmos com quem já vem dando certo, não?

Outrossim, o problema maior é que a sua venda agora, no auge, fará com que se crie um monstro. Qualquer jogador que for entrar em seu lugar terá que substituir um mito! O sentimento de que o “Hernane resolveria” será espalhado pelas redes sociais e arquibancadas, tal como aconteceu com Adriano, ou ainda com mais intensidade. Portanto, ao invés de encontrarmos a tão temida abóbora, a sua venda perpetuará a carruagem e a magnética ficará a procura da chuteira que caia tão bem em algum pé como nos do Brocador. Se a pressão de jogar no Flamengo já é enorme, nessas condições será sobre-humana e o risco de fracasso, iminente. Isso aqui vai virar um inferno, caso o substituto, qualquer que seja ele, não faça um caminhão de gols. Para que correr esse risco? Realmente acham que vale o preço?


Autor: Jorge Farah
Fonte: Magia Rubro-Negra

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