Lucas Mugni, o “enganche”, o armador que tenta a sorte no Flamengo.

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Por Renato Zanata Arnos
“Lucas es un enganche y no un volante externo (lado de campo)”.
“Lucas es enganche y se siente mejor si juega liberado”.
Palavras de Roberto Sensini, ex-zagueiro com participação em três Copas do Mundo (1990, 1994 e 1998), e ex-treinador de Lucas Mugni no Colón durante o que foi o melhor momento deste meia criativo no clube sabalero. “Mugni tiene todo. Condiciones naturales y un gran carácter, aparece en la adversidad. Es el jugador q mas me gusta del fútbol argentino”, elogia o comentarista e colunista Diego Latorre. Ex-atacante/enganche argentino que formou histórica dupla com Gabriel Batistuta no Boca Juniors e foi campeão com a seleção argentina na Copa América de 1991.
Lucas Andrés Mugni, 22 anos, 1,82 metro de altura, canhoto habilidoso, é um típico meia de ligação (enganche) argentino. Disputou 75 partidas pelo time profissional do Colón de Santa Fé: 53 como titular e 22 saindo do banco de reservas. Marcou seis gols e ganhou continuidade a partir de fevereiro de 2012 (no torneio Clausura), quando passou a ser dirigido pelo técnico Sensini.
Lucas Mugni é do tipo “encarador”, ou seja, parte pra cima buscando o drible, a finta. Ele também recua até a intermediária defensiva para buscar jogo e carimbar a bola na transição de sua equipe, capitaneando contragolpes, buscando acionar os seus laterais e os homens de frente com lançamentos de 30, 40 metros. Quando já recebe a pelota na intermediária contrária, gosta de efetuar arremates de fora da área e principalmente, protagonizar o chamado “último passe”.
No Colón, também era o protagonista nas cobranças de escanteios e faltas (em dois lances) pelos lados do campo ofensivo. Assim, marcou uma vez. Embora canhoto, Mugni não faz feio com a perna direita. Ele chegou ao Colón com 10 anos de idade e por duas vezes quase desistiu do sonho de tornar-se um jogador profissional. Aos 14, quando ficou fora até do banco de reservas em várias ocasiões. Depois, quando o técnico Fernando Gamboa lhe sacou do elenco profissional.
Teve apoio do zagueiro Ariel Garcé, dos pais (Miguel e Beatriz), de seus quatro irmãos (Veronica, Javier, Juan e Luís), de Rubén Rossi, coordenador das divisões inferiores e dos treinadores pós-Gamboa (Mario Sciacqua e Roberto Sensini). Lucas Mugni encontrou o estímulo necessário para buscar e esperar novas e melhores oportunidades no time principal do Colón. Em 2 de maio de 2010, com a camiseta 40, debutou no futebol profissional argentino ao substituir Ricky Gómez na volta do intervalo da partida frente ao Atlético de Tucumán (empate em 0 a 0), peleja válida pela 17ª rodada do torneio Clausura. O técnico do Colón era Antônio “El Turco” Mohamed.
Observei que entre 2010 e 2013, o melhor momento de Lucas Mugni se deu no segundo semestre de 2012. Período que também constatei ter sido o melhor momento do Colón desde 2003, quando, sob o comando técnico de Edgardo Bauza, chegou à segunda fase da competição ao eliminar o Vélez Sarsfield.
Com o bom futebol apresentado na segunda metade de 2012, Mugni despertou o interesse de clubes europeus, como o Atlético de Madrid de Diego Simeone. Foi quando ecoou mais forte o apelido de “Zidane Santafesino”, relacionado ao drible à la Zidane aplicado pelo argentino. A jogada consiste em pisar na bola, por exemplo, com o pé direito, e sem movê-la, girar o corpo sobre ela ficando de costas para o adversário e terminar a finta puxando-a com o pé esquerdo e saindo pelo lado contrário ao que iniciou o drible.
Em 2012 o Colón sustentou uma invencibilidade nas seis primeiras rodadas do torneio Inicial, figurando na liderança em duas delas e terminando a competição no décimo posto. Mesma época em que obteve duas vitórias (3 a 1 e 2 a 1) sobre o Racing Club na Copa Sul-americana.
Resultados que garantiram ao Colón vaga nas oitavas de final, fase em que foi eliminado pelo paraguaio Cerro Porteño. Em novembro do mesmo ano, quando o Peixe procurava um bom nome para substituir Paulo Henrique Ganso na temporada seguinte, Muricy Ramalho tornou público o interesse em Lucas Mugni.

“Recentemente a gente foi atrás do camisa 10 do Colón da Argentina, um jogador de 20 anos, participou do Super Clássico agora. Um cara com nome esquisito. Mas a gente soube do interesse do Milan e teve de desistir. Não dá para competir”, comentou o então treinador santisa.
Mugni já mostrou que é um meia talentoso, porém, atuações sem brilho, irregulares, marcaram o seu futebol no ano passado. O que é normal para um jogador de 22 anos e também porque o “Colón 2013” (17º no torneio Final e último no Inicial) não colaborou muito com o futebol do jovem enganche, que em novembro chegou a rebater na mídia, críticas que recebeu de parte da torcida sabalera.
Ele ainda deve ser encarado como uma boa promessa. Precisará receber da comissão técnica do Flamengo uma satisfatória sequência de jogos para que possamos observar se a sua técnica é suficientemente qualificada, sólida, resistente e com prazo de validade generoso para sustentar boas atuações em partidas e competições importantes. Como já constatamos com Pablo Aimar, Juan Román Riquelme, D’Alessandro e Dario Conca.
Perfil tático
Lucas Mugni pode atuar (com liberdade de movimentação) tanto a partir dos lados do campo em um 4-4-2 ou 4-2-3-1, como também, na meia esquerda em um 4-3-3, ou ainda, a partir da faixa central do gramado dentro de um 4-3-1-2 ou 3-4-1-2 (melhores opções), para ser o principal nome de equipe a tramar tabelas, triangulações e assistências em cada palmo de campo do setor ofensivo. No 4-4-2 do Colón dirigido por Roberto Sensini, Mugni costumava ter o lado esquerdo da segunda linha de quatro como o seu posicionamento de referência, sem a bola. A partir dali tinha bastante liberdade para se movimentar por outros trechos da cancha quando sua equipe era a detentora da posse de bola, momento em que buscava um posicionamento mais adiantado que os outros três volantes sabaleros e logo atrás da dupla de ataque, configurando uma variação para o 4-3-1-2 durante a transição ofensiva do Colón.


No Flamengo, dentro do 4-2-3-1 de referência de Jayme de Almeida, Lucas Mugni pode atuar no posto que vem sendo ocupado por Carlos Eduardo. Sem a bola, por exemplo, o 4-1-4-1, com Elano e Paulinho recuando para compor uma segunda linha de quatro com Muralha e Mugni. Um possível Flamengo a partir do sistema 4-3-1-2, melhor contexto tático para o estilo de jogo do argentino. Mugni tendo a faixa central do gramado como referência e com plena liberdade de movimentação dentro da cancha. Sem a bola, por exemplo, o 4-4-1-1 com Paulinho recuando pelo lado direito ou esquerdo do campo se doando mais na marcação, enquanto Mugni permaneceria centralizado e posicionado entre a segunda linha de 4 e o centroavante Hernane.
Fonte: Blog do Mauro Cezar Pereira
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