Há um mês se reapresentava ao trabalho o time campeão da Copa do Brasil. Com o privilégio obtido de forma despretensiosa de participar do mais importante torneio continental da América Latina, o Flamengo traçou seu planejamento visando a uma campanha promissora, condizente com a força de sua história de glórias.
Formou três times e decidiu enfrentar seus adversários de forma que a equipe chamada principal tivesse tempo necessário e suficiente para adquirir adequada preparação física, técnica e tática.
Após duas vitórias alcançadas pelos jogadores reservas, os titulares interromperam a sequência com um desanimador empate contra o Duque de Caxias. Calor, desentrosamento, musculatura presa foram os motivos aventados para o tropeço.
A primeira vitória veio contra o fraco Friburguense, ainda sem mostrar um futebol animador. Sem o calor como bode expiatório, dada sua maior benevolência nos arredores da serra montanhosa, sobraram poucas desculpas para o ainda claudicante time da Libertadores.
No terceiro e último jogo antes do início da competição sul-americana, o time A amargou humilhante derrota para o multicampeão de futebol de tapete.
Um empate, uma vitória e uma derrota. Isto num campeonato de baixo nível técnico: o carioca. Fim do período de testes. Conclusão óbvia e ululante: Não estamos prontos. Tivemos o tão sonhado tempo para preparação tão reclamada por treinadores e jogadores, contratações rápidas e de qualidade, manutenção de grande parte do elenco. Quase tudo perfeito, não fosse pelo triste fato de que às vésperas da estreia na altitude mexicana não termos um time pronto.
Diferente do campeonato brasileiro, quando, devido a sua longa duração e quantidade de jogos, pode-se formar um time durante a campanha, no torneio da América não há tempo nem espaço para erros.
O time, enfraquecido pela perda de seu ponto de equilíbrio, melhor jogador de 2013, Elias, não encontrou substituto à altura. Elano, exímio batedor de faltas, é lento. Muralha, instável. A transição ofensiva rápida e insinuante do time do ano passado não existe mais.
No lado esquerdo, André Santos, mais gordo e displicente do que na temporada passada, Paulinho ainda absorto no sentimento de êxtase do sucesso meteórico do ano terminado e o zagueiro, ainda procurando a bola, Frikson Erazo oferecem ao adversário o mapa para o fundo de nossas redes.
No lado direito, Léo Moura ainda não reencontrou seu melhor futebol. No meio, uma insistência inexplicável com um ex-jogador de futebol que resolveu adiar a aposentadoria para ganhar um dinheiro no Rio de Janeiro sem fazer nada.
No ataque, o artilheiro, talvez frustrado por ver evaporar a montanha de petrodólares das arábias, desfila ansiedade visível e já não demonstra, com exceção daquele jogo em que tudo deu certo, a mesma eficácia de antes.
Diante dos fatos e dos resultados, difícil não perceber que o time considerado titular não está composto pelos jogadores de melhor desempenho deste início de temporada.
André Santos tem sorte de não termos ninguém melhor que ele. Gabriel está jogando muito melhor que Paulinho. O jovem e inexperiente Samir é um gigante perto do selecionável do Equador. Léo Moura está pedindo para o xará mais novo roubar sua posição. Carlos Eduardo não pode jogar no Flamengo. Mugni é nosso camisa dez. Éverton ainda não está pronto (demorou a estrear). E Alecsandro, isso mesmo, Alecsandro tem demonstrado mais frieza, experiência e capacidade de finalização do que nosso artilheiro do Maracanã.
Nesta hora, com time ainda desencaixado, até a torcida, principal parceira do time decidiu jogar contra. Prefere estender faixas de protesto e boicotar o time por causa do preço dos ingressos.
Apesar de tudo, temos que ir para o jogo. Adversário difícil, altitude e pressão da torcida mexicana…Para enfrentar a complicada estreia, meu time seria o seguinte: Felipe, Léo Moura, Wallace, Samir, André Santos. Amaral, Murallha, Elano, Mugni. Gabriel e Alecsandro.
Antes de ler os xingamentos por causa do Alecgol, quero lembrar que ele, além de ter o mesmo número de gols que o Brocador até o momento, jogando muito menos tempo que o baiano, é um bicampeão da Libertadores. Melhor momento, maior experiência; só não escala quem não quer.
Boa estreia, Mengão!
FLAVIEW