Reforma do Estatuto, urgente, necessária, começando com tropeços.

Aqui no MAGIA temos o privilégio de uma audiência muito qualificada e experiente em temas complexos, mas também temos o orgulho de contar com leitores mais jovens ou menos interessados em assuntos extracampo.

Para esses últimos não custa nada lembrar que um estatuto social é documento que regula as relações entre os associados, a distribuição de direitos e deveres entre eles, a forma de escolha dos dirigentes e suas respectivas responsabilidades, o modo pelo qual a instituição se relaciona com a coletividade. Tem o mesmo valor que uma Constituição para um país ou um Manual de Instruções para um aparelho eletrônico.

Quando o atual estatuto do Flamengo foi editado, fazia pouco que Junior levantara a Taça de nosso 5º título brasileiro, Fernando Collor ainda era Presidente, a Internet não existia, Neymar ainda estava sendo amamentado. E, é claro, o Código Civil Brasileiro seria reformado 10 anos depois.

Esses 22 anos, contudo, não foram suficientes para convencer os sócios do CRF a promoverem uma reforma no nosso estatuto. Ou melhor, até foram, já que é praticamente uma unanimidade que esse estatuto já deveria ter sido alterado, mas esse consenso não se transformou em realização porque até hoje foi impossível contornar a efervescente política rubro-negra e sua crônica dificuldade de criar soluções convergentes.

Ao que parece, contudo, agora vai!

As tentativas anteriores de reforma estatutária partiam de uma comissão de notáveis, lideradas por juristas de alto gabarito, que doavam seu precioso tempo para elaborar minutas próximas da perfeição, mas que eram derrotadas no passo seguinte, ou seja, não conseguiam sequer serem votadas pelo Conselho Deliberativo, por razões que eu desconheço e talvez ninguém saiba responder.

O grande mérito do estágio atual é que esse processo foi invertido. São correntes da política interna que elaboraram seus projetos e pretendem vê-los apreciados pelo Conselho Deliberativo, órgão responsável pela mudança. O que é uma enorme vantagem, porque antecipa o debate ideológico e amplia a discussão para um universo além dos Conselheiros.

Quero expressar a minha admiração e inveja pelas pessoas que estão à frente desse trabalho. É algo realmente insano compilar um monte de ideias e conceitos para gerar um texto base que norteará as discussões. Já fiz alguns estatutos na minha vida profissional, mas de forma remunerada, fui pago para isso. Essa gente está aí cedendo seu tempo de forma voluntária e por ideologia, se expondo à críticas públicas, aborrecimentos de toda sorte e constrangimentos mil. Meus mais sinceros parabéns.

Por outro lado, na hora de passar de teoria à ação, sinto que a condução não tem sido das melhores…

Ao invés de se focar no essencial, que é trazer um debate franco acerca de temas polêmicos, a reforma estatutária larga como uma guerra de panfletos, acusações pessoais e estímulo ao conflito, uma espécie de antecipação de uma disputa eleitoral ainda muito distante.

Há, de fato, divergências conceituais de relevo na hora de se elaborar o estatuto. A maior delas me parece ser relativa aos direitos políticos do quadro social.

Até aqui o Flamengo foi um clube profundamente democrático – acho que é o único com eleição 100% direta e universal entre todos os associados que já ultrapassaram o período de carência – mas com um colégio eleitoral reduzido. Alguns clubes estenderam esse direito de voto aos chamados “sócios-torcedores”. Há quem seja a favor disso. Há quem seja contra. E, convenhamos, não há uma resposta única para qual modelo seria melhor, é tudo uma questão de escolha.

Além dessa divergência central, há outras: o modelo deve ser presidencialista ou colegiado? a eleição deve ser direta ou deve haver uma votação prévia no Conselho? os eleitos devem trabalhar voluntariamente ou podem ser remunerados para isso? qual o papel reservado aos Conselhos? como deve ser paga a mensalidade dos sócios? E por aí vai…

São essas as questões que deveriam estar na ordem do dia dos debates, mas que por ora estão em segundo plano, enquanto as correntes se armam para uma guerra, até aqui restrita à escaramuças virtuais, mas que sabe-se lá onde isso vai terminar.

No entanto, como o tema é da máxima importância, a gente aqui vai tentar fazer a nossa parte. Além da série de entrevistas que Vivi Mariano, nossa editora de conteúdo, vem realizando e que a partir de agora se intensificarão, queremos aproveitar para estimular esse debate, que é profundo, cansativo, mas absolutamente indispensável.

O Flamengo merece um estatuto melhor, mais moderno e que seja um instrumento decisivo para a sua consolidação como o clube mais valioso do Brasil. E não há mais tempo a perder, portanto, foco máximo nessa reforma, senhores!

Fonte: Magia Rubro-Negra

Coluna do Flamengo

Notícias recentes

Flamengo desembarca em Montevidéu para jogo contra o Peñarol, pela Libertadores

Desembarque aconteceu por volta das 22h (horário de Brasília) O Flamengo entra em campo nesta…

25/09/2024

Flamengo ‘muda nome’ de Gabigol e confirma jogador contra o Peñarol

Gabigol, que já foi Gabi, virou Gabriel Barbosa nos canais oficiais do Flamengo Fora dos…

24/09/2024

Ídolo do Flamengo revela ‘arma secreta’ para classificação contra o Peñarol na Libertadores

Junior acredita em virada do Flamengo na Libertadores, mas fez alerta sobre o Peñarol (URU)…

24/09/2024

AGORA | Flamengo se posiciona sobre chance de Luís Castro substituir Tite

Tite segue como treinador do Flamengo até o final da temporada 2024 Luís Castro deixou…

24/09/2024

Torcedores do Peñarol compram ingressos de setor para torcida do Flamengo em jogo da Libertadores

Peñarol (URU) disponibilizou dois mil ingressos para torcida do Flamengo O jogo entre Flamengo e…

24/09/2024

Ex-joia do Flamengo é dispensado de vice-lanterna da Série B do Brasileirão

Jorge, que surgiu como grande promessa do Flamengo, teve contrato rescindido com o CRB-AL Revelado…

24/09/2024