O clássico dos protestos contra os altos preços dos ingressos quase não teve presença de tricolores, que não puderam se beneficiar com meia entrada para os socio-torcedores no Maracanã.
Mas o time de Renato Gaúcho se fez presente com a melhor atuação de uma equipe do Rio de Janeiro em 2014.
Oscilação apenas nos 20 primeiros minutos, com o Flamengo pressionando e levando vantagem especialmente pela direita, com Léo Moura e o estreante Everton – aberto no 4-2-3-1 rubro-negro que trouxe Elano para o centro – para cima do solitário Carlinhos. Mas foi do lado esquerdo que partiu a bela conclusão de André Santos que bateu na trave de Diego Cavalieri.
Na primeira parada técnica, Renato acertou a marcação do 4-3-1-2 do Fluminense: Jean foi ajudar Bruno à direita e Rafael Sóbis, que já estava recuando para auxiliar na recomposição, passou a voltar pela esquerda acompanhando Léo Moura até a linha de fundo, se preciso. Na prática, uma linha de quatro com Valencia e Diguinho fechando o centro.
A solução deu liberdade a Conca, que passou a se movimentar mais e sair da marcação de Amaral.
Time fechado, compacto, a espera do contragolpe arquitetado por Conca ou da jogada aérea com bola parada ou rolando. O Flu de Renato Gaúcho em vários momentos lembrou o campeão brasileiro de 2010 com Muricy Ramalho.
Cruzamento preciso do argentino, dono do jogo, Michael se deslocou mais rápido que Erazo e fez o movimento perfeito na cabeçada que venceu Felipe. O zagueiro equatoriano do Fla também hesitou no combate a Gum e a bola sobrou para Elivélton praticamente resolver o clássico no início da segunda etapa que teve o Flu com camisa branca em vez da tricolor. Mas a mesma proposta de jogo que ganhou força com a boa vantagem no placar.
Jayme de Almeida tentou dar mais mobilidade ao ataque rubro-negro com Gabriel e o argentino Lucas Mugni nas vagas de Everton e Elano. Depois buscou presença de área e companhia ao pouco inspirado Hernane trocando Paulinho por Igor Sartori. Sem sucesso.
O Flamengo teve 53% de posse de bola, porém criou poucas chances claras de gol. Finalizou 19 vezes, mas só quatro no alvo contra seis do Flu em 17. O tricolor desarmou mais: 19 contra 13 (Footstats).
Renato trocou o exausto Sóbis por Chiquinho e promoveu a estreia de Walter, descansando Michael. Com velocidade na frente e espaços de sobra para os contra-ataques, o Flu matou o clássico em jogada dos substitutos: passe de Chiquinho, gol de Walter.
O atacante, visivelmente mais magro que nos tempos de Goiás, ainda teve a chance de transformar os 3 a 0 em goleada com forte arremate na trave. Impressiona a técnica nas finalizações do camisa 18 que será ainda mais útil nas Laranjeiras com as seguidas lesões de Fred que já preocupam a seleção brasileira.
Apreensivo também deve estar Jayme para a estreia na Libertadores contra o Léon. O Flamengo se ressente da ausência de um volante de saída mais dinâmico, como Elias e Luiz Antonio, que Muralha não consegue ser. Por isso o interesse em Hector Canteros, do Velez Sarsfield. A lentidão de Elano no centro do trio de meias complicou ainda mais a produção no meio-campo e o setor não melhorou. Mesmo sem Carlos Eduardo.
Melhor para o Flu que, mesmo sem o apoio dos torcedores no estádio vazio para um clássico, se impôs com futebol simples e prático. Que desequilibra com o talento de Conca. A fórmula vencedora de Muricy há quase quatro anos pode dar resultado em 2014 com Renato Gaúcho.
Fonte: Olho Tático