Só com o tempo saberemos se o Brocador é insubstituível.

Quem não foi surpreendido pelo anúncio da venda de Hernane pro Shangai Shenhua da China? Na hora em que todo mundo voltava sua atenção para o jogo com o Emelec pela Libertadores uma notícia dessas caiu como uma bomba. Imediatamente começamos a questionar o acerto e a conveniência da transação. Seria esse o melhor momento pra abrir mão do artilheiro da equipe?

Argumentos contra a venda do Brocador expressos na forma interrogativa se empilharam nas redes sociais. Vai vender o cara no meio da Libertadores? Vai botar quem no lugar dele? Por que não venderam pros árabes por mais dinheiro há um mês atrás? Diminuem muito as chances de Hernane jogar a Copa do Mundo no Brasil?

A maioria dessas perguntas vai ter que esperar o desenrolar dos acontecimentos pra serem respondidas. Ao contrário do aspecto financeiro, que é pão-pão queijo-queijo, preto no branco, casadinho dorme junto, os ganhos e perdas no aspecto técnico só poderão ser apurados depois que a água passar por baixo da ponte. Ao contrário dos 3,5 milhões de euros que podem ser contados e gastos agora, só depois de algum tempo poderemos saber com certeza se o Brocador é ou não é insubstituível no comando do ataque do Mengão.

A tarefa de substituir o artilheiro do Brasil em 2013 inicialmente recai sobre Alecsandro. Enfrentando as carne-assadas do carioqueta AlecGol não sentiu nenhuma dificuldade pra se desincumbir da missão, balançou a rede legal. Claro que jogar vindo do banco confere uma leveza e um certo descompromisso que certamente facilita a vida do jogador em campo. É óbvio que alçado à condição de titular a pressão sobre Alecsandro vai aumentar bastante. É só aí que vamos ver se ele pode ou não pode ser O Cara que o Flamengo precisa na grande área.

Como até agora nem clube e nem jogador confirmaram a notícia, só nos resta especular e, humildemente, fornecer opinião não solicitada sobre o tema. Opinião que, como a de qualquer um que não fale pelo Flamengo, pelos chineses ou pelo Hernane, nesse momento vale pouco, quase nada.

A primeira opinião é sobre o momento em que a venda ocorre. Por mais que se exibam números e planilhas demonstrando a real necessidade do Flamengo em fazer caixa pra poder fechar o orçamento desse ano creio que não exista um momento ideal pra se vender o artilheiro do time. Seja quando for, sempre será ruim e arriscado ficar sem os serviços de um centroavante que está funcionando. Nunca esquecendo que a atividade-fim do Flamengo não é dar lucro, e sim ser campeão.

Mas mesmo com o Flamengo disputando o campeonato mais importante do continente, todo mundo vai concordar que a hora ideal para se vender um jogador sempre será quando ele está em boa fase. Principalmente um jogador que custou quase nada ao clube e que pode significar uma lucratividade acima do normal. Não é segredo pra ninguém que o Flamengo precisa de dinheiro desesperadamente. Nesse sentido, vender o Brocador antes que o risco, hoje remoto, da carruagem virar abóbora se torne uma realidade é uma decisão administrativamente acertada.

Outro fator que obrigatoriamente deve ser considerado em tais casos é a vontade do jogador. Sem saber exatamente o que deseja o Brocador fica difícil fazer uma analise imparcial. Ficamos sabendo que os salários oferecidos (130 mil euros por mês) são daqueles muito difíceis de serem recusados. Todos nós sabemos que a vida do Hernane não foi das mais fáceis e que ele tem todo o direito de querer colocar o seu boi na sombra o mais rapidamente possível. Se fosse eu já tava lá.

Apesar de deter apenas 50% dos direitos do Hernane o Flamengo pode embarreirar a negociação, mesmo se opondo à vontade do atleta. Mas é bastante discutível a conveniência em manter no clube alguém que está pedindo pra sair. Nesses casos penso que a regra a ser seguida é a que diz Só Joga no Flamengo Quem Quer Jogar no Flamengo. Aos que pedem pra sair, um abraço e boa sorte. Vamos em frente que atrás vem gente.

Em 1925 Calvin Coolidge, então o 30º presidente dos Estados Unidos, cunhou uma frase que se tornaria célebre: O negócio da América são os negócios. Na verdade me lembrei dessa frase, um clássico do laissez faire econômico, como um anti-exemplo, porque o negócio do Flamengo não são os negócios. O negócio do Flamengo é ser campeão. Como torcedor fico puto com a saída do Broca, mas como sócio do clube não me sinto muito inteligente em criticar uma diretoria que, ao contrário de muitas que a precederam, trabalha pra fazer o Flamengo ganhar dinheiro e não o contrário.

Mas ao mesmo tempo fico feliz em ver que o Flamengo, mesmo com toda a modernização da gestão, mantém as suas tradições. E entre as nossas tradições poucas nos são tão caras quanto o perrengue institucionalizado. Se as coisas estão tranquilas então é porque não é o Flamengo. Role ou não role a venda, a simples ameaça de ficar sem o centroavante titular um dia antes do jogo mais importante do ano era o perrengue que estava faltando pro Mengão decolar na Libertadores.

Amanhã vamos conferir o acerto dessa minha previsão.

Fonte: Urublog

Coluna do Flamengo

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