A dificuldade era inegável, os obstáculos vários, mas o adversário, um só: o próprio time. Ninguém faz alguém feliz se nunca conseguir fazer a si mesmo feliz e, como o Flamengo não vem conseguindo produzir por si só boas partidas, fica sem possibilidades de fazer a nação rubro-negra feliz.
No jogo de semana passada, no Maracanã, foram duas falhas defensivas que permitiram ao bom time do Bolívar – BOL marcar dois gols. No jogo da Bolívia foi a mesma coisa: outra falha defensiva, desta vez inegavelmente de Samir, o melhor zagueiro revelado na Gávea desde Juan. O Flamengo iniciou perdendo o jogo que não podia perder.
Costumeiramente, diz-se que no futebol as derrotas ensinam mais do que as vitórias. Bem, se o empate de semana passada soou como uma derrota, os erros cometidos naquela partida não. Desta vez, o Flamengo não só teve dificuldades para marcar o time boliviano, principalmente pelos efeitos da altitude como já era esperado, como encontrou barreiras para atacar o adversário, já que mais uma vez a equipe não conseguia trocar passes.
Em uma partida como essa na altitude, tratar a bola com carinho é essencial para conseguir resultados positivos. Durante décadas, por exemplo, a seleção brasileira sobrou em La Paz porque era tecnicamente muito superior ao adversário; o próprio Flamengo, durante a conquista do título da Libertadores em 1981, venceu o Wilstermann em Conchabamba por 2 a 1. Nesses casos, os times vencedores tratavam bem a bola, conseguiam levá-la do seu campo de defesa ao de ataque, coisa que o atual time do Flamengo não faz. Nestes duelos, fazer a bola correr mais do que você é essencial para vencer.
Com dificuldades para tocar a bola, o Flamengo só ameaçou na 1ª etapa por meio de jogadas aéreas. No 2º tempo, por sua vez, a troca de Gabriel por Paulinho fez o Flamengo melhorar, mas as chances que surgiram não foram aproveitadas: as finalizações do próprio Paulinho, de Hernane e de L. Mugni não foram capazes de transpor a meta do goleiro Quiñonez. Por outro lado, o Bolívar perdeu muitas chances de gol que poderiam ter feito a situação rubro-negra piorar.
O sonho do bi na Libertadores parece estar escorregando das mãos e dos pés rubro-negros, mas o Flamengo ainda depende de si. Depende de vencer os dois próximos jogos e só. Parece pouco, mas não é; muito menos será fácil conseguir isso, porém é possível. O Flamengo precisa encontrar a si e o seu bom futebol, precisa ser feliz para voltar a fazer sua torcida feliz.
Fonte: Lanceativo