Além de mais um erro individual no início da partida, parece que a altitude também atrapalhou os planos dos Flamengo na Bolívia. Samir provocou um pênalti após escorregar na grande área, eles ainda não sabiam, mas aquele momento definiria o placar do jogo. O time conseguiu criar algumas jogadas, mas não teve resultado. O repórter Thiago Asmar, do Esporte Espetacular, viajou com a equipe para a Bolívia, e mostra na reportagem os dramas enfrentados pelos jogadores quando a partida é a 3640 metros de altura.
Os efeitos da altitude de La Paz deixam marcas: pela Libertadores os clubes brasileiros já jogaram na cidade em 25 ocasiões. Apesar da superioridade técnica, foram somente sete vitórias, seis empates e doze derrotas. O Flamengo, com Zico e companhia, já havia perdido para próprio Bolívar, por 3 a 1, em 1983.
Para fugir do problema, o Flamengo teve dois dias de preparação em Santa Cruz de la Sierra, cidade boliviana só 400 metros acima do nível do mar e cheia de brasileiros que estudam medicina por lá, devido aos custos menores.
O preparador físico Joelton Urtiga explica como foi feita a preparação.
– A gente tem trabalhado muito com fadiga. Após os treinamentos de campo reduzido e coletivo, a gente faz um complemento trabalhando com déficit de oxigênio que é o que a gente vai encontrar lá em cima. São tiros curtos com mudança de direção e com a recuperação curta, mas com intensidade bem alta.
Mas os desafios para o Flamengo foram muitos. Ar rarefeito, temperatura gelada de seis graus, gramado molhado, chutes de longa distância e uma torcida que sabe bem a poderosa arma que tem e impulsiona seu time para pressionar o adversário. O Flamengo, pensando no sufoco, levou até cilindros de oxigênio, que ficaram encostados em um canto para não assustar os jogadores, como explicou Urtiga.
– A gente leva o cilindro de oxigênio, mas não vai deixar à vista para os atletas para que não crie aquela coisa de querer pegar logo para usar– explicou ele.
La Paz fica a 3640 metros de altitude. E quanto mais alto se vai, mais difícil fica a respiração. A quantidade de oxigênio não muda, o que diminui é a pressão do ar. A captação do oxigênio é bem mais difícil, e as frequências respiratória e cardíaca aumentam. O coração bate mais rápido para mandar mais sangue para os pulmões, e o corpo precisa de mais esforço para se adaptar.
Fonte: GE