Ficou bem difícil.

É extremamente complicado escrever depois de mais um jogo decepcionante na Libertadores 2014 e, principalmente, quando estas decepções se tornam freqüentes e corriqueiras ao longo dos anos. Quem se esquece do América-MEX, Defensor-URU, Emelec-EQU, Olímpia-PAR e Universidad do Chile? Agora temos mais um algoz: o Bolívar-BOL. De todos os citados, talvez este fosse o menos provável e o menos esperado. E uma pergunta, em especial, é muito difícil de ser respondida: por que o Flamengo consegue ser competitivo em todas as competições que se faz presente, mas tem tanta dificuldade de se impor na Libertadores?

Uma das respostas possíveis, e bastante repetida há alguns anos, é que para disputar a Libertadores com competitividade é necessário estar sempre presente e que o Flamengo a disputava esporadicamente. Lógico que este argumento é uma balela. O Santos foi campeão logo em suas primeiras disputas; o Flamengo venceu a primeira Libertadores em que participou; o São Paulo, antes de ser campeão em 1992, havia disputado apenas outras cinco Libertadores, chegando às semifinais em 1972 e sendo vice-campeão em 1974; o Grêmio foi campeão em sua segunda participação em 1983. E o São Caetano? Vice-campeão na segunda vez que disputou a competição? Ano passado o Atlético-MG foi campeão depois de muitos anos fora da competição.

Existem outros argumentos, igualmente repetidos à exaustão. Um deles é que os jogadores da equipe precisam ter “experiência de Libertadores” ou “experiência internacional”. Analisando a equipe que jogou na quarta-feira, temos muitos jogadores que já disputaram a competição ou jogaram em equipes do exterior: Felipe, Leo Moura, Wallace, André Santos, Alecsandro, Everton, Lucas Mugni, dentre outros. Acredito que o que falta a este time do Flamengo não é experiência e sim atitude de quem quer vencer e convencer. E para isto tenho uma explicação: o trauma que existe no clube pelas eliminações em 2007 e 2008, pela forma trágica como foram. Principalmente a derrota para o América do México, em 2008.

Tanto em 2007 quanto em 2008 o Flamengo não tinha um grande elenco, pelo menos não era melhor que a equipe atual, muito menos era comparável às equipes de 2010 e 2012. A primeira fase, nas primeiras disputas, foi impecável: primeira posição no grupo, com folga, e a segunda posição na classificação geral, apenas atrás de Santos e Fluminense, respectivamente. Nas oitavas-de-final enfrentamos os segundos piores classificados na primeira fase (Defensor do Uruguai e América do México) e o resultado todos conhecem: eliminação para ambos, com direito a derrotas por 3×0 (em 2007, fora de casa, e em 2008 em pleno Maracanã), por puro “salto alto”. Menosprezamos os adversários e nos demos muito mal.

Após estes desastres o Flamengo passou a ter “medo” da Libertadores. Os fracassos já na fase inicial passaram a ser freqüentes e a grande dificuldade em jogar fora de casa, e se impor em casa, passaram a serem evidentes. Em 2012 esta dificuldade se iniciou contra o Olímpia, em casa: estávamos vencendo por 3×0 e permitimos o empate nos 15 minutos finais. Fora de casa fomos facilmente batidos por Emelec e Olímpia, em partidas que entramos na “catimba” adversária e tivemos “medo de vencer”. Em 2010 a dificuldade em passar da 1ª fase já tinha ocorrido e só conseguimos o feito através de uma combinação de resultados após não conseguirmos vencer o “forte” Caracas, da Venezuela, por dois gols de diferença, em casa.

Este ano não está sendo diferente: primeiro fomos para o México acreditando que estaríamos disputando uma guerra e não uma partida de futebol. Resultado: derrota por 2×1 com a expulsão do Amaral aos 8 minutos; depois não nos impusemos contra o Bolívar em casa e permitimos o empate (quase perdemos); e na quarta-feira, novamente, fomos jogar na Bolívia com medo, cautelosos demais e, em mais um erro individual, fomos derrotados.

Agora só o que nos resta é vencer as duas partidas que faltam ou torcer por outra combinação de resultados esdrúxula e bem pouco provável. Mas as vitórias são perfeitamente possíveis. O Emelec é fraco, vencemos o primeiro jogo por 3×1 no Maracanã, jogando fácil; o León já deve vir para o último jogo classificado e sem maiores responsabilidades, este talvez seja um jogo mais fácil ainda. Mas precisamos tornar as partidas fáceis, indo pra cima desde o início e mostrando ao adversário quem é o time gigante. Entrar nervoso será um bom ingrediente para outro fracasso. Todos eles têm medo e respeitam o Flamengo, precisamos apenas levar para o campo esta superioridade técnica e histórica. Afinal, quem é o clube campeão do mundo e seis vezes campeão do Campeonato Nacional mais difícil do planeta?

Ficou difícil, mas eu acredito. E os jogadores? Vão acreditar? SRN.

Daniel Mercer.


Coluna do Flamengo

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