No segundo ano de mandato, a nova diretoria do Flamengo continua devendo à torcida o poderoso time que prometeu. Compromisso de campanha que foi reafirmado logo após a inesperada conquista da Copa do Brasil, garantindo a vaga na Libertadores — que ora disputa com uma equipe medíocre, já praticamente eliminada, num grupo horroroso, sem um concorrente forte sequer.
Se no aspecto administrativo os novos dirigentes parecem trilhar o caminho certo, o mesmo não se pode dizer no comando do futebol. As limitações financeiras não impediram uma chuva de contratações equivocadas, incapazes de compor um elenco minimamente talentoso.
Desde que assumiu, a antiga chapa azul acertou em cheio apenas uma vez ao trazer Elias, emprestado. Mas foi incapaz de mantê-lo, privando o Fla de seu melhor jogador, justamente na hora em que participa da principal competição do continente.
Carlos Eduardo é o mais escandaloso dos equívocos (com o que ele ganha num ano, daria para contratar vários reforços), mas a lista é bem mais extensa, passando por Val, Bruninho, Diego Silva, Erazo, João Paulo, Feijão, Mugni etc. Nem aqueles que se tornaram titulares (ou quase), como Wallace, Gabriel, Elano, Éverton e Paulinho empolgam — o último terminou o ano muito bem, mas em 2014, ainda não conseguiu repetir as boas atuações.
O mesmo pode-se dizer do técnico Jayme de Almeida, que teve o mérito de reconstruir o grupo que estava desunido e desorientado na era Mano Menezes, mas na atual temporada parece perdido, incapaz de encontrar a fórmula para suprir as ausências de dois de seus principais jogadores em 2013: Elias e Luís Antônio (este último, de volta, mas ainda sem poder jogar na Libertadores). Sua opção por Carlos Eduardo para o jogo em La Paz beirou o absurdo!
É bom que a diretoria se dê conta de que a conquista da Taça Guanabara não é suficiente para iludir a torcida. E nem será a do Estadual, velho “Me Engana que Eu Gosto”, este ano piorado…
Se o Flamengo fracassar rotundamente na Libertadores (e caminha a passos largos pra isso), se verá obrigado a fazer um grande Campeonato Brasileiro para compensar a imensa frustração que a eliminação precoce no torneio continental causará.
Mas para que isso seja palpável é preciso melhorar muito na contratação dos reforços. Algo que com o histórico da dupla Wallim/Pelaipe parece bastante improvável.
Inexperiência + arrogância
Muitos dos erros da atual diretoria podem ser creditados à inexperiência e à arrogância (a segunda potencializando os problemas da primeira). Além dos equívocos na escolha dos reforços, os cartolas atuais erraram feio na contratação dos treinadores e na forma atabalhoada de dispensa de jogadores como Wagner Love, Ibson, Renato Abreu etc (a conta na Justiça pode ser alta!). Isso sem falar na inacreditável (e até hoje não bem explicada) trapalhada na escalação de André Santos, na última rodada do Brasileiro. Está na hora de calçar as sandálias da humildade e reconhecer os muitos enganos no futebol que é a área mais importante do clube.
A farra continua
Cadeiras cativas, com distribuição a cargo da Suderj e venda proibida, continuam a ser negociadas pelos cambistas no Maracanã, diante de policiais que ignoram a contravenção. Foi uma festa no jogo do Botafogo com o Independiente del Valle.
Armadilhas do novo Maraca
As primeiras filas do Maracanã (aquelas bem juntinho ao gramado) tornaram-se uma nova versão da geral. As placas de publicidade impedem que se veja a linha lateral e a falta de educação da maioria dos torcedores completa o quadro de horror, obrigando todos a ficarem de pé os 90 minutos, com uma péssima visão, praticamente igual àquela que o “geraldino” de outros tempos tinha, pagando muito menos. Já nas fileiras iniciais do segundo piso, o problema é um vidro de segurança, que divide a visão do gramado em dois. Dependendo de onde se desenrola o lance, se é obrigado a ver a jogada por cima ou através da tal vidraça, que ainda tem um corrimão de alumínio. Se acontecesse num estádio em Lisboa, certamente, ia ter muita gente rindo e dizendo era coisa de português…
Fonte: Blog do Renato Maurício Prado