O dia em que o Vasco (quase) foi Flamengo.

Demorei a escrever sobre a final do Carioca, pois sinceramente é uma competição que não estabelece mais nenhum grande interesse por parte da maioria dos torcedores. Não fosse a graça de termos sido campeões com um gol ilegal aos 46 minutos do segundo tempo, quando a torcida adversária já comemorava gritando “olé”, hostilizava e desrespeitava nossos jogadores e pareciam esquecer-se das outras decisões dos últimos 26 anos, a esmagadora maioria da torcida nem sequer se lembraria deste título com o passar dos dias.
Durante as duas partidas decisivas nosso time estava apático, tentando jogar com o “regulamento debaixo do braço”, algo que não é do nosso feitio e nem a cara do Flamengo. Todos estavam muito mais preocupados com a Libertadores (no primeiro jogo) e na tristeza que foi a eliminação já na primeira fase (na partida final). O título não apagaria o vexame da quarta-feira anterior, muito menos faria a torcida comemorar euforicamente. Muito pelo contrário, o título poderia até encobrir as limitações do elenco e fazer a diretoria acreditar que o fracasso na Libertadores foi uma fatalidade (o que já ocorreu outras vezes). E todos sabemos que foi uma tragédia anunciada, devido à fragilidade do nosso elenco: temos um time principal com alguns bons jogadores, mas não temos um armador, nem lateral esquerda, muito menos peças de recomposição que substituam os titulares de forma convincente. E, ainda por cima, o time joga sem vontade, sem empolgação e sem raça. O que pode ser mais desanimador?
E o pior é que o Vasco jogou mais nos dois jogos, seus jogadores pareciam estar na maior decisão de suas vidas. Pouco antes do gol de pênalti eu estava justamente comparando a raça e vontade de vencer deste time vascaíno com os times do Flamengo que foram campeões em cima deles, em especial os três títulos cariocas de 99/00/01 e da Copa do Brasil em 2006. Num certo momento estava na cara que o Vasco faria o gol no final do jogo e seria campeão, assim como fomos nas decisões anteriores.
Quando houve o pênalti, de forma extremamente infeliz e amadora do Erazo, fiquei a pensar com meus botões: como pode o Vasco ser campeão em cima do Flamengo? O que aconteceria com o mundo se algo tão extraordinariamente incomum acontecesse? Será que uma anti-matéria teria início no meio de campo do Maracanã dando origem a um imenso buraco negro que engoliria o estádio, sugando para seu interior todo o Universo? Será que se daria início ao “Juízo Final” e o Flamengo seria condenado a ser vice do Vasco, ano após ano, durante toda a eternidade? Seria o fim do mundo não confirmado em 2012 e transferido para 2014? Via aquele momento se consolidando em frente aos meus olhos na TV e não acreditava. Será que, enfim, veria o Flamengo ser “vice do vice” pela primeira vez na minha já trintona vida?

Porém bastou eles fazerem o gol, que tudo se inverteu, o Flamengo voltou a ser Flamengo e o Vasco a ser Vasco. Tudo em seu devido lugar. A raça rubro-negra falou mais alto, a torcida acreditou e o título veio, como manda o figurino, com pitadas de sadismo clássico. O grito vascaíno continuou entalado, assim como está há 26 anos ininterruptos em finais contra a gente. Até porque um time que, na série B do Brasileirão, não consegue vencer o América-MG e perde para o Luverdense, com todo o respeito a estas modestas equipes, não pode sequer sonhar em ser Campeão Carioca.

Mas no fim das contas, tudo terminou como deveria. Foi apenas um pequeno cochilo de 15 minutos dos “Deuses do Futebol”. Aí eles acordaram de uma hora para outra, meio assustados, já com o Léo Moura cobrando o escanteio. A confusão no lance seria inevitável, porém com o final dentro do esperado: gol e 33º título carioca para o Flamengo, com mais um vice do Vasco. SRN.

Daniel Mercer.
Coluna do Flamengo

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