Arthur Muhlenberg destaca Jayme e entrada de Mugni.
{{#values}} {{#ap}} {{/ap}} {{^ap}} {{/ap}} {{/values}} Dificilmente alguém que fica de bobeira na internet desconhece aquela história das desvantagens em se discutir com um idiota, atribuída às vezes a Mark Twain, às vezes a Maquiavel, Schopenhauer ou Clarice Lispector. É aquela que diz que em tais embates o idiota conduzirá a discussão a um nível de raciocínio mononeural desconhecido pelo seu contendor, supostamente mais preparado, e o vencerá pela maior experiência. Bem, tenho ótimas notícias: O Jayme não fica de bobeira na internet! Porque se Jayme ficasse de bobó no Face ou dando ideia no Twitter já conheceria o sábio conselho apócrifo e jamais aceitaria pugnar com o porco no terreno proposto pelo treinador alviverde. No 1º tempo de ontem no Maracanã o Jayme se meteu na discussão que se deve evitar. E não foi o Gilson Kleina que fez o papel de idiota. Numa demonstração de grande auto conhecimento Kleina seguiu rigidamente o protocolo tático do time pequeno quando enfrenta um grande e armou uma retranca descarada com 295 jogadores atrás da linha da bola. Jayme pode até estar longe dos odores mefíticos dos comentaristas de ocasião da internet, mas ainda deve ter sido muito azucrinado pela cornetagem desenfreada que assola a, às vezes ingrata e sempre impaciente, torcida do Flamengo. Jayme topou a discussão proibida e, inexplicavelmente, achou que era uma boa ideia combater a anunciada retranca suína com uma retranca ainda mais horrorosa do que a do adversário, pois abriu mão de um armador, botou 3 bonecos no ataque e armou um meio de campo daqueles de tirar as crianças da sala. E o que aconteceu nos 45 minutos iniciais foi que o Palmeiras jogou na sua, tranquilão. Retrancado, olariano, mas com um armador em campo que sabia o que fazer com a bola enquanto o Flamengo, todo capenga, parecia o time da padaria, defendia em bolo e atacava em massa. Quando os caras atacavam era aquela barata voa enlouquecida na nossa cozinha e quando o Flamengo tinha a posse de bola não sabia o que fazer com ela. Mesmo com 3 atacantes não oferecemos perigo, só tinha carregador de piano no meio e na base da bicuda não se chegou a lugar algum. Tomamos dois gols de churrasco e arrumamos um gol na correria. Intervalo, água gelada, cafezinho, sei lá o que o Jayme fez. E também não importa, porque no vestiário Jayme percebeu o mais importante: que o Flamengo não consegue jogar como pequeno, que jogar fechadinho, miudinho, à la Palmeiras, vai contra tudo em que acreditamos. E fez a substituição do ano quando tirou Nixon e colocou Mugni, que muita gente não suporta e esquece que ele é o único armador do elenco. O 2º tempo começou e o Palmeiras continuou a ser o time pequeno que se tornou nos seus últimos infelizes anos, defensivo e sem muita iniciativa. Me solidarizo com o torcedor palmeirense na sua dor, não deve ser fácil testemunhar esse processo de miniaturização do time que já foi um dia a Academia. Mas o Flamengo não tem nada com isso e, agora completo, não precisou de muito tempo pra impor sua maior categoria. E o Jayme teve seus 15 minutos de Oto Glória, foi de besta a bestial. O Flamengo que voltou do vestiário era outro time. Com alguém no meio pra distribuir o jogo ficou muito mais fácil que a bola chegasse nos atacantes do Flamengo. Dá muito desespero ficar vendo o Alecsandro lá na risca do meio de campo tentando armar jogada, não é a dele mesmo. Ele tem que receber a bola o mais lá dentro possível e quando o Mugni não joga ele acaba saindo demais da área. Com ele em campo fez 2 gols, sendo um, golaço. Nixon, Negueba, Artur, Matheus, todos esses caras podem ter sua chance, enquanto o Brocador não volta, mas seja quem for o atacante o Mugni não pode ficar fora do time. Quanto a isso creio que já não cabe discussão. Meus níveis de exigência estão notavelmente mais baixos, depois de 5 jogos o Flamengo finalmente fez um jogo legal de se assistir. Ganhou, saiu da zona e arrancou indômito rumo ao hepta, um monte de bons motivos pra comemorar. Adoraria falar mais sobre o jogo, mas atualmente é quase impossível falar qualquer coisa sobre o time do Flamengo sem que apareça algum mala pra reclamar do preço dos ingressos e outro mala pra defender. É um saco pra quem quer falar de futebol ter que ouvir essas queixas de economia doméstica, mas pra não me meter nas discussões que devemos evitar prefiro fugir aos debates que começam com comparações esdruxulas entre os públicos dos jogos do Flamengo com os do Florminense. Onde já se viu comparar públicos dos jogos do Flamengo com um jogo de um time da série C no sábado à noite com entrada a 10 real e que deu prejuízo? Me poupem.