Ganha um doce quem souber escalar o time do Flamengo de 2014. Prêmio dobrado para o que acertar o esquema de jogo da equipe no ano. Entre dispensas e desfalques, o time vem sendo objeto de improvisos, e testes inexplicáveis, perdendo completamente a identidade adquirida no segundo semestre do ano passado.
O jogo de ontem contra o fraco Palmeiras foi mais um exemplo da dificuldade que nosso treinador tem tido para dar um padrão ao já limitado time que tem nas mãos.
Tirar do fundo de sua cartola de surpresas infelizes a escalação do Nixon, faz-me concluir que após deixar a vida de interino, Jayme de Almeida tornou-se mais do mesmo no mundo encantado dos professores de futebol. O que lhe trouxe o sucesso e a efetivação em 2013 foi sua humildade e o jeito simples de ver e tratar o futebol. Com os dois ingredientes e poucas mexidas montou um esquema bem definido com jogadores sabendo exatamente o que fazer em campo. Foi ajudado pela motivação e espírito competitivo que incorporou no time, principalmente após a saída do Mano Menezes. Foi beneficiado por ter no elenco um atleta diferenciado como Elias. O resultado, todos conhecemos.
O que tem me preocupado são os repetidos equívocos na montagem dos times do Flamengo nos, até o momento, dois campeonatos disputados e no início do campeonato brasileiro.
Ontem não foi diferente. Após optar durante os treinos da semana pela escalação de Lucas Mugni, o gênio Jayme resolveu inovar. Viu Nixon fazer três gols em um jogo treino e, subitamente, pensou ter encontrado a salvação para a falta de gols do time do Flamengo. Perdeu a memória. Apagou todas as centenas de chances já dadas a esta eterna promessa não cumprida e deu o colete de titular a ele.
Deu no que deu. Mais uma nova escalação, prejudicando o entrosamento do time. Outro improviso, já que deu ao jovem uma função e posicionamento diferentes do usual. Uma derrota num primeiro tempo ruim de assistir para o fraquíssimo time recém promovido do Palmeiras.
No intervalo, um lapso de lucidez acometeu Jayme. Ele lembrou do feijão com arroz e resolveu consertar o estrago causado por suas ideias mirabolantes. Lançou o jogador que vem mudando a cara do time nos jogos que tem jogado. Mugni claramente ainda não pode ser considerado a solução para todos os nossos problemas técnicos – que não são poucos. O que o professoral treinador precisa enxergar é que hoje, no meio de campo do Flamengo, o argentino é o pouco que ainda resta de criatividade e qualidade técnica no time rubro-negro. Mugni entrou e, mais uma vez, o Flamengo melhorou. Foi o dono do segundo tempo. Com dois passes do hermano, o Mais Querido abriu o caminho para a virada que lhe deu a primeira vitória do campeonato brasileiro.
Jayme substitui bem ou escala mal? Tem feito as duas coisas. O ponto negativo é que, muitas vezes, demoramos a encaixar o jogo e, quando o fazemos, já é tarde, como no jogo contra o Corinthians. Bons treinadores escalam bem e, quando mudam, é para responder a alguma mudança brusca no cenário projetado do jogo. Na maioria das vezes funciona.
Nosso treinador otimista insiste em escalar jogadores que já demonstraram não ter condições de vestir nossa camisa, como na decisão de colocar em campo o sofrível João Paulo no lugar de quem? Do cansado, desligado e amarelado André Santos? Não! Do Negueba! Quem explica? Menos mal que estávamos com o jogo sob controle, mas precisamos ligar um sinal de alerta diante das últimas decisões de nosso treinador.
Ganhamos o jogo. Ótimo! Já era tempo, estava com saudade. Ganhamos quando fizemos o óbvio. Colocamos em campo que devia estar desde o início. Quem, na falta de um substituto melhor, tem que jogar como titular. Ganhamos de um time fraco, desorganizado, e recém promovido da segunda divisão. Não temos motivo algum para pensarmos que viramos um candidato ao heptacampeonato.
O discurso do professor Jayme falando em título é para desviar nossa atenção do fato óbvio de que ele não conseguiu encontrar um time e um padrão de jogo para o Flamengo. Temos muitas limitações como tenho dito sempre. Mas repito: treinamento, sistema definido de jogo e preparo físico de excelência fazem de jogadores medianos uma equipe competitiva. E nem isso nós temos visto.
A pergunta que fica é: Jayme substitui bem ou escala mal? Eu tenho a minha opinião. Qual é a sua?
FLAVIEW