Depois do Camp Nou, lá estávamos nós, Valéria e eu, no Maraca ontem. De Manto Novo e tudo, o meu choque de realidade continuou violento. Saí do nosso Templo Maior possuído pela indignação. Só valeu mesmo reencontrar a Vivi Mariano depois de um tempão. Quando se sai de férias a tendência sempre é essa. Quando se vai a outros países, mais organizados e desenvolvidos, na gestão e na reação, pior ainda. As manifestações daqui são imbecis, nada inteligentes e destrutivas do pouco que temos. Os ignorantes quebram o que deixarão de usar e pagarão pelos prejuízos, de um jeito ou de outro. O desgoverno persiste, a corrupção aumenta e os políticos estão cada vez mais ricos, quebre-se ou não. Mas haverá Copa e, sobretudo, ficarão milionários os beneficiados pela dinheirama arrolada em obras e mentiras oficiais, como o legado para a população. Lembram da piada do trem-bala Rio-São Paulo? E na mobilidade urbana? Mentiras, mentiras e mais mentiras. No panes et circenses tupiniquim o estádio da abertura da Copa não tem teto. Ô meu, esclarecendo: lá nas bocadas de Itaquera o estádio não será dos Sem Teto, ficará sem teto. Segundo o guru disso tudo e dos enganados, “Nós nunca tivemos problemas em andar a pé. Vai a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento, vai de qualquer coisa. Mas o que a gente está preocupado é que tem que ter metrô, tem que ir até dentro do estádio? Que babaquice é essa? Tem que dar garantia para essa gente assistir ao jogo, tem que ter o melhor da comida brasileira, tem que tratar bem as pessoas nos hotéis…”. Ah, então tá.
Não, não pare de ler. Essa é um texto sobre o Flamengo, sim. Estou somente contextualizando. Temos governantes também na Gávea, dos quais não tenho referência de malversação de orçamento, pelo menos até o momento. Mas, as medidas adotadas pela gestão do futebol deixam muito a desejar desde a posse, demonstrando um desconhecimento de causa e uma incompetência absurdas. Não me iludi com as conquistas exacerbadas pelos chapas-brancas de plantão e pela massa desatenta. Penso que a Copa do Brasil, vencida por um time melhor do que o atual, bem como a rotineira conquista da Taça GB e do Carioca nos fizeram mal. A pífia, vergonhosa e humilhante participação na Libertadores comprovou isso. As performances no Brasileiro de 2013 e no de 2014 ratificam a fraquíssima condição do elenco.
As manifestações da Imensa Nação Rubro-Negra acompanham essa inoperância. Para se igualarem à ignorância das ruas só falta picharem os muros da Gávea e danificarem algum patrimônio público ou privado. A pressão tem que ocorrer no Maracanã, no grito uníssono de indignação de um estádio de casa cheia. Ontem perdemos uma excelente oportunidade de demonstrar a insatisfação com esse estado de coisas. Não com aquela modesta reação da Raça Rubro-Negra. Durante o jogo precisamos apoiar o time que já é fraco, ao invés de vaiarmos um e outro jogador. A reação precisa ser maciça, com faixas, vaias e gritos antes do jogo começar, no intervalo e depois da partida. Temos que vestir luto por esse tratamento pequeno ante as tradições rubro-negras.
Sanear finanças é obrigação de quem dirige até orçamento doméstico. Porém, isso não é sinônimo de campanhas ridículas como estamos fazendo desde o ano passado, com a Copa do Brasil caindo em nosso colo num mata-mata empurrado pela força da torcida. Enquanto isso se joga dinheiro fora com Cadus e quetais. Agora mesmo, culpa-se o Jayme e dobra-se o custo com o treinador para trazer alguém cujo currículo não traz diferença e nem milagres realizados. E quem responde por não investir mais na volta do Elias, cuja saída desmontou nosso meio-campo e enfraqueceu de forma decisiva o time? Para não falar mais, os 600 mil mensais jogados fora pelo Cadu e os 200 mil a mais para o novo técnico todo mês podem não pagar a diferença do investimento no Elias, contudo ajudariam muito.
E a escalação do André Santos na última rodada do Brasileiro 2013? Quase nos custou o rebaixamento e ninguém explicou até hoje. Essa despencada na tabela é a versão André Santos 2014. Falam em Robinho, e têm a pachorra de falar em planejamento? Essas as obras da gestão atual, tão incompletas quanto as da Copa. O que essa administração cheia de soberba espera? São Judas Tadeu anda sobrecarregado e não parece em condições de ajudar muito. Portanto, Magnética, é conosco! Vamos agir ordeira e inteligentemente. Vamos exigir dos dirigentes atitudes mais dignas e competentes. Pedir desculpas ao Jayme não resolve. Silenciar sobre a escalação desastrosa do André Santos, também não. Precisamos de efetividade, de AÇÃO! Chega de fala mansa e de discursos vazios. Queremos um time decente. Se não há dinheiro para um super-time, que se use a criatividade e a força da nossa marca para pelo menos não corrermos riscos de uma vergonha maior. Aliás, com prejuízos financeiros incalculáveis. De enganação e cortina de fumaça chegam os políticos e a Copa das promessas descumpridas. Agora os enganados já sabem que o Brasil não terá legado com a Copa, salvo os organizadores, os daqui e os da FIFA.
NÓS QUEREMOS RESPEITO E COMPROMETIMENTO! ISSO AQUI NÃO É BRASIL, ISSO AQUI É FLAMENGO!
Por Alexandre Fernandes
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Fonte: Magia Rubro-Negra