O Flamengo criou chances de gol contra o Figueirense? Criou. O goleiro Tiago Volpi fez defesas importantes? Fez. Sinal de que as coisas estão melhorando para o rubro-negro em seu calvário no Campeonato Brasileiro? Claro que não.
O desastroso empate no Morumbi – aliás, por que o Morumbi? – exibiu algo mais importante do que a limitação técnica do elenco. Porque esta, além de conhecida, não é um ponto fora da curva em um campeonato de nível assustadoramente ruim. Times de maior talento precisam de duas, três chances para chegar ao gol. Ou, ainda, de alguns minutos de domínio para construir a vitória. O Flamengo que tropeçou nesta quarta-feira até se viu diante do gol rival algumas vezes, passou quase todo o segundo tempo rondando a área. Mas faltava precisão, a tal qualidade, o tal talento.
Só que há um ponto que merece maior reflexão. Salvo Alecsandro, o time do segundo tempo teve, do meio-campo para frente, Amaral, Márcio Araújo, Paulinho, Mugni, Luiz Antônio, Negueba e Igor Sartori. Tornou-se menos importante, agora, discutir se são bons ou maus jogadores. A questão é a aptidão para resolverem partidas num clube do tamanho do Flamengo e sob forte cobrança. Bons ou ruins, fato é que não são personagens habituados às grandes ocasiões, à pressão tão comum para quem veste uma camisa pesada. Não é questão só de talento, é de representatividade.
Em um momento ou outro, serão capazes de realizar boas jogadas. Mas na hora em que o futuro está em jogo, em que a paz está ameaçada, clubes de massa devem sim recorrer a bons jogadores. Mas precisam de algo mais: precisam de quem é íntimo das grandes decisões, das ocasiões que colocam o atleta no limite tênue entre céu e inferno. Jogar quando a faca lhe está colocada contra o peito, não é para qualquer um. Assim é a vida num clube de massa.
E o erro da montagem do elenco do Flamengo foi ignorar a realidade em que se vive. Há uma enxurrada de jogadores sem representatividade, experiência, intimidade com a efervescência, o ônus e o bônus dos clubes gigantes. O que não significa que sejam jogadores ruins. Indica, apenas, que estão num estágio da carreira que ainda não lhes conferiu a tal representatividade.
É um elenco que, sem desfalques, sem pressão e com paz, pode até levar o Flamengo a um campeonato tranquilo, em meio de tabela e voo de cruzeiro. Mas que na hora da pressão, está fraquejando. E sem dar sinais de conhecer o caminho da reação.
Fonte: Blog do Mansur