Ney Franco na sua primeira entrevista como treinador do Flamengo, afirmou que conhecia muito bem o elenco. Posso supor então que ele acompanhava minimamente os jogos do time e já tinha uma ideia de como armá-lo, e isso me preocupa. Além de me preocupar, também me deixa mais à vontade para criticar sua atuação na estreia, afinal de contas não é alguém que desconhece por completo o time, segundo suas próprias palavras.
O que vi nessa primeira partida foram erros antigos e outros novos. O antigo, no qual Jayme também insistia muito, foi abrir mão de um meia-armador. Everton e Paulinho são jogadores que rendem jogando pelos lados em velocidade e se qualquer um dos dois tenta fazer a função de meia centralizado, não sabe nem se posicionar por ali, muito menos desempenhar bem a função.
Quando o Hernane se lesionou, permitindo ao Ney acertar o time colocando um meia-armador, ele optou pelo Elano ao invés do Mugni. E embora o argentino ainda esteja oscilando em suas atuações, é sem dúvida o único no elenco capaz de fazer a função de meia-armador e pensar o jogo com qualidade.
As novidades do Ney ficaram por conta do time com dois centroavantes e uma dupla de volantes que sai mais pro jogo. As duas novidades vão ao encontro do rótulo de treinador ofensivo que lhe é atribuído, porém não vejo como possam funcionar no Flamengo atual.
Um ataque com dois centroavantes, a meu ver, deveria ser uma opção apenas em circunstâncias específicas no decorrer de uma partida. Na escalação inicial apenas em situações muito raras e vale destacar que o São Paulo não é um time retrancado, nem joga com três zagueiros ou algo do tipo.
Quanto à dupla de volantes Luiz Antônio e Márcio Araújo, não acho que possa dar a proteção que a nossa zaga precisa, pelo menos enquanto tivermos Léo Moura e André Santos nas laterais. No fim das contas ficou evidente o espaço que demos ao adversário, sem sermos ao menos ofensivos por outro lado.
Times ofensivos também dependem de consistência defensiva para, entre outras coisas, ter posse de bola e também não sair sempre atrás do marcador, permitindo ao adversário se fechar. Em outras palavras, times ofensivos precisam de um mínimo de equilíbrio.
Durante o 2º tempo, Ney ainda tentou melhorar a organização do time com o Mugni e renovar o gás com Negueba, mas o adversário já cozinhava o jogo, fechado e valorizando a possa de bola, e não conseguimos mudar o panorama da partida.
Parece que o Ney chega com uma preocupação de fazer muitas mudanças em relação ao trabalho do treinador anterior. Esse tipo de atitude de um novo líder é muito comum e não apenas no futebol. O problema é que isso às vezes embaça a visão do novo comandante, impedindo decisões puramente técnicas quando são necessárias.
Ney Franco terá mais trabalho pela frente do que eu imaginava.
Saudações Rubro-Negras!
Rodrigo Alverga