Nada mais efetivo do que uma equilibrada administração de expectativas para salvar um domingo que já se dava como perdido desde a quarta-feira. Quem se preparou para o pior antes de assistir ao Flamengo x Santos encarou o 0×0 com bom humor e até algum entusiasmo. Tudo bem, foi um empate contra o time C do Santos, continuamos na lama absoluta com míseros 5 pontos e mantendo na tabela aquela posição estratégica de porteiro de zona. Mas e daí?
Os dois pontos perdidos são mixaria diante dos ganhos advindos da barração de Felipe e André Santos, talvez a primeira atitude macha de Ney Franco desde o seu retorno à Gávea. A simples ausência desses dois queridíssimos atletas e frasistas de sucesso do nosso campo visual já agradaram de cara à resiliente torcida rubro-negra. Sem mencionar que sem os dois bacanas a média de entusiasmo, dedicação e seriedade do time subiu na hora. E nessa análise não tem nada pessoal, é matemática pura.
Mandou bem o Ney, mas como os motivos pra barração permanecem difusos corre-se o risco que já no próximo jogo os dois fanfarrões estejam de volta ao time titular. Primeiro porque a panela é de aço e depois porque sabemos que se não se pode exigir muito de Ney Franco em matéria de escalação pode-se exigir menos ainda quando o assunto for substituição. Desde 2006 que suas substituições são macabras. A sorte do Ney Franco, além da graça suprema de ter sido ungido professor de futebol, é que seu passatempo é a musica e não a dança. Porque do jeito que esse cara mexe mal qualquer um que dominasse os rudimentos da coordenação motora já o teria encorajado a procurar outro hobby.
Noves fora as imperícias franquistas quem esperava um massacre ou uma vergonha rubro-negra ficou razoavelmente satisfeito ao fim dos 90 minutos. Por mais incrível que possa parecer não foi um suplicio ver o jogo. Não, pera, me deixe reformular. Por mais incrível que possa parecer o suplicio de ver o jogo do Flamengo foi menos doloroso do que o habitual. O Flamengo não chegou a jogar bem, estamos longe disso, mas rolou uma disposição, um atenção ao serviço que a mim pareceram novidade. Podemos chamar isso de evolução sem medo de estar fazendo um uso incorreto do termo.
Pra continuar evoluindo o time do Ney Franco tem que vencer, empate não enche barriga e nem segura o emprego de ninguém. E pra vencer esse time do Flamengo precisa mais de juventude e da incontrolável vontade de ser alguma coisa na vida do que do cansaço e do enfado dos grandes nomes que já estão com o boi na sombra. Ney Franco, se queres ter vida longa no Flamengo a partir de agora não confie em ninguém com mais de 30 anos.
Institua uma verdadeira meritocracia no Ninho do Urubu premiando a competência e punindo quem ficar de sacanagem. Incentive a molecada, dê valor a quem corre mais, a quem sua mais, e não a quem ganha mais. Trate o Nixon, Negueba, Matheus e aos nossos outros seilaquenzinhos dimenó com o mesmo desvelo que dispensou à baciada de ipatinguers que você trouxe em 2006. E, óbvio, inclua o Mugni na sua lista de protegidos, talvez você não tenha sido informado, mas ele é o único armador do elenco que ainda não está pensando em quem vai convidar pro seu jogo de despedida.
O momento é grave, o futuro incerto, chegou a hora de dar moral a quem tem fome. São os moleques do Flamengo, e só eles, que podem salvar a sua pele. A sua e a nossa.
Fonte: Urublog