O River Plate foi campeão argentino.
Somou 5 pontos a mais que Boca Juniors, Estudiantes e Godoy Cruz, equipes que mais se aproximaram dos ‘millonarios’.
Se você olhar os jogos da equipe comandada por Ramon Dias e que tem Lanzini com a camisa 10, precisará fazer força para entender como conquistou o título.
Não conseguiria uma vaga entre os 5 mais bem classificados se jogasse o Brasileirão.
Talvez não ficasse entre os dez.
Isso mostra que a péssima participação dos times brasileiros na Libertadores não foi culpa do declínio técnico deles, tal qual muitos afirmam.
A questão é outra.
O vexame pode ser usado como aprendizado, apesar de eu achar difícil que alguém faça isso.
Quase ninguém cobra as mudanças básicas e óbvias.
Falei disso na minha coluna do último sábado no Lance!
Reproduzo o texto aqui.
A lição dos humildes
O desempenho dos times brasileiros na Libertadores foi de corar até os maiores caras de pau.
Você pode chamá-lo de vergonhoso, fraco, inaceitável e não cometerá injustiças.
Três equipes caíram na segunda fase, entre elas o Botafogo e o Flamengo como lanternas de seus grupos, duas foram eliminadas nas oitavas-de-final e o Cruzeiro, campeão nacional, chegou tropeçando nas quartas e parou no San Lorenzo, dono do título argentino apenas até amanhã, quando River Plate, ou Estudiantes, ou Gimnasia conquistará o ‘Torneo Clausura’.
A participação pífia deveria fazer dirigentes, treinadores e jogadores refletirem.
Passou da hora de trocarem as desculpas pela auto-crítica.
Não acredite no papo da moda, que aponta o declínio técnico dos representantes do Brasil como maior causa do fracasso.
Apesar do nível ter piorado desde o ano passado, nenhuma equipe que disputará a semifinal tem atletas de qualidade superior aos de, por exemplo, Atlético e Cruzeiro.
Na Libertadores, os brasileiros várias vezes perdem ou equilibram os jogos quando são melhores tecnicamente, mas raramente vencem se contam com boleiros inferiores aos dos rivais no trato da bola.
Por que a regra é esta e não muda?
Os jogadores são mimados – não todos, claro – no Brasil.
Alguns pecam pela arrogância ou indiferença.
Os dos vizinhos, cientes da própria inferioridade ao lidarem com a redonda, se dedicam bastante na questão tática e provocam, pois sabem que na parte psicológica o profissional do futebol, aqui, é fraco.
Os argentinos, uruguaios, paraguaios… pensam no benefício coletivo ao catimbarem, e os brasileiros reagem como se a briga fosse pessoal e o objetivo do time secundário.
E os treinadores?
A regra, aqui, também é clara.
Se os que falam português equilibrarem a disputa tática contra os gringos, está ótimo. Ganhá-la com sobras é raro.
Temos, sim, o que aprender com os menos talentosos.
Preguiçosos
No Brasil tem gestor e coordenador técnico de futebol que não vê sequer o campeonato argentino.
Os times daqui são, de longe, os mais ricos do continente.
Mas a política mantêm os preguiçosos nos seus cargos.
Eles não fazem o trabalho básico de garimpar bons reforços na América do Sul.
Tal ignorância a respeito do mercado no continente é exclusividade brasileira.
Parabenizo
O San Lorenzo nunca passou das semifinais da Libertadores.
Jogou as de 60, 73 e 88.
O Bolívar participou apenas de uma, em 86, quando havia dois grupos com três times nessa fase.
Tenta ser a primeira equipe do país a ser finalista.
O Defensor tinha chegado nas quartas-de-final em 2007 e 2009, e perdido ambas.
O Nacional do Paraguai jamais havia superado a fase de grupos.
OBS: quando o texto foi enviado ao L!, a última rodada do campeonato argentino não havia acontecido.
Fonte: Blog do Birner