Seja fake ou não a renúncia do Wallim, as coisas começam a se definir com mais clareza. Nossa história se inspirou no naufrágio da Pherusa, porém ninguém fugiu de suas responsabilidades. Aqueles narizes de defunta apresentados a cada argumentação dos derrotáveis passaram a dar lugar ao focinho de ratos descendo a corda em velocidade para escapar do naufrágio. Vamos aguardar pelo próximo, que sequer prestigiou o patrocínio na camisa do basquete campeoníssimo. Dá vergonha ocupar a décima nona posição entre vinte concorrentes? Dá e não me lembro disso ter ocorrido antes, seja qual for a lambança dos dirigentes anteriores. Mais vergonha é ter votado em gente tão despreparada para uma responsabilidade tão grande. O presidente fala manso demais e se exaspera como torcedor ao discutir com a torcida. O inimigo não está na Magnética, presidente, está ao seu lado. Dois executivos ditos bem sucedidos e com o nariz empinado, que supuseram uma Gávea menor do que o BNDES ou a SKY. Chegaram ao cúmulo de imaginar uma gestão à distância, tocando seus negócios e se ausentando do clube. As calcinhas estão arriando. E faltam arriar mais.
Dirigir o clube mais popular do país do futebol não é para qualquer um. A temperatura precisa medição permanente, a dedicação exige quarenta e oito horas por dia, o Flamengo sempre será maior do que todos nós. Não sabe brincar, não desce para o parquinho. A última a tentar isso foi escorraçada e saiu pela porta dos fundos, do clube, da vida política, sumiu, ninguém sabe ninguém viu. O rubro-negro não quer saber da Copa, do Neymar, do escambau a quatro. O Flamengo é a Imensa Nação, somos quarenta milhões, um país dentro do outro, nosso Mundial é em preto e vermelho. Ao contrário do envolvimento com o campeonato mundial da desigualdade, do roubo descarado de nossos impostos, do enxovalhar de nossa cidadania, do enriquecimento dos mesmos encastelados no poder, ao qual a Magnética não terá acesso, passaremos todo esse período em penúltimo lugar. Os desavergonhados estarão de férias se recuperando do que não fizeram; os executivos flanarão pelas tribunas com credenciais especiais ou viajarão pelo mundo sob a alegação de descansar ou contratar salvações forjadas. Quem sabem não trazem de volta o Cadu? Por R$ 1 milhão/mês, penso que aceitaria.
Enquanto isso, nós, que fomos, somos e seremos os verdadeiros rubro-negros, sofreremos os danos da incompetência alheia. Nós, que encurtamos o orçamento para poder empurrar o time, os que clamamos onde estiver estarei, estaremos humilhados nessa colocação indigna de nossas tradições. E daí que o Wallim renunciou? O menino resolveu brincar de Monopólio rubro-negro, olhou para os demais com um olhar de superioridade e ao ver a derrocada jogou o tabuleiro para o alto e disse: não quero mais jogar! Vou para debaixo da saia da mamãe? Malandro, o jogo não parou com a sua saída covarde, com o rabo presunçoso entre as pernas. Se era para sair deveria tê-lo feito no início da temporada, levando junto os muquiranas inventados, Pelaipe e companhia limitada. Agora, com o leite derramado e azedo, é fácil dizer “segura aí a minha lambança que eu não sei consertar”. E o diploma de notável? Enrolou e enfiou aonde? E não faltou parceria nessa debandada? Tem mais nariz de defunta para virar rato fujão da nau sem rumo. Se o barco já está à deriva mesmo, então nos livrem da sanha toda de vez. Ou da vez, como preferirem.
Os números bombásticos passaram a questionáveis, o orçamento discutido, os resultados financeiros só o tempo dirá. E em campo, nosso carro-chefe, uma cortina de fumaça enganou meia dúzia de alegres e agora um horizonte devastador se anuncia. Dirá o arauto das mídias sociais: Jayme não volta, conforme Plano Diretor; fulano chegando, negociações adiantadas; sicrano não vem, posso garantir; beltrano ainda não acertou; Wallim saiu conforme Plano Diretor, agora haverá uma gestão pela quintessência rubro-negra. Não subestimem a nossa inteligência, por favor! Sou de uma época em que as boas notícias chegavam ao mesmo tempo e para todos, sem rótulo nem papel de presente. E ninguém embrulhava espinha e cabeça de peixe no lugar do filé. A paciência acabou e o destino do Flamengo está em jogo. Parafraseando o Cláudio Cruz, não dá para pagar o aluguel e ficar sem comer. Parafraseando o Walter Monteiro, é tiro, porrada e bomba. Há um país em que os governantes fazem o querem, tripudiam do povo e deixam a esculhambação para quem venha arruinar mais. Não aceitamos mais isso no Flamengo. O futebol do clube é coisa muito séria. Está aberta a temporada de caça aos notáveis.
NÓS QUEREMOS RESPEITO E COMPROMETIMENTO!
ISSO AQUI NÃO É BRASIL, ISSO AQUI É FLAMENGO!
Por Alexandre Fernandes
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Fonte: Magia Rubro-Negra