A Copa do Mundo aportou no país, trouxe seus craques, emoções e ampliou a visão futebolística dos brasileiros. Mas no Flamengo algumas rotinas não mudam. Principalmente no que diz respeito à velha briga política que tradicionalmente ocupa os bastidores do clube. O impasse da vez diz respeito à proposta de permuta envolvendo a mansão da antiga concentração de São Conrado.
O Conselho Deliberativo vai votar, no próximo dia 24, a proposta feita pelo fundo imobiliário BNY Mellon, que já é dono dos dois terrenos ao lado do casarão. A incorporadora quer derrubar o imóvel para erguer um prédio comercial nos três terrenos. Em troca, o Flamengo teria direito a 12 salas.
O problema é que o Flamengo tem dívidas junto ao INSS que, somadas, chegam a R$ 7,6 milhões. O casarão é a garantia de que essa conta um dia será paga. Portanto, caso aceite a permuta, o Rubro-negro terá as salas comerciais penhoradas. E é aí que nasce a discórdia.
A oposição critica a negociação e vem pedindo aos seus membros para não comparecerem à votação ou votarem contra. O argumento é que, se o imóvel está avaliado em R$ 3,5 milhões e a dívida gira em torno de R$ 7,6 milhões, o negócio não poderá render menos do que R$ 10 milhões, para que o débito possa ser quitado. Já a diretoria, por sua vez, garante que o negócio é vantajoso.
— A construtora nos procurou e fez uma proposta em que trocaríamos o imóvel por andares comerciais. Achamos que é vantajoso e entendemos que é absolutamente positivo para o Flamengo. É bom lembrar que a casa em questão está destruída e abandonada há anos — comentou o vice-presidente de patrimônio, Alexandre Wrobbel, quem sugeriu que a proposta fosse levada a votação.
A mansão de São Conrado fez parte do momento mais vitorioso do Flamengo. Nos anos 1980, serviu de concentração para a geração de Zico. Hoje, apenas lembra o clube de seu passado vitorioso — e das dívidas.
Fonte: Extra Globo