Terminando a série de colunas onde discutimos como reestruturar o nosso futebol, irei abordar hoje a situação das categorias de base. Afinal de contas é através dela que poderemos formar times vencedores e jogadores compromissados com o clube.
Mas como formar jogadores com a legislação esportiva atual? Para os mais jovens, até o início da década de 90 os clubes eram detentores do chamado “passe” de seus jogadores, após a Lei Zico e altamente modificada pela Lei Pelé, os clubes passaram apenas a serem formadores de atletas, sem poder criar vínculos mais longos com jogadores jovens e promissores.
Sem querer usar termos jurídicos e sem ser chato também, vou tentar simplificar ao máximo o trecho da lei que trata da formalização de contratos com jogadores abaixo dos 20 anos.
A lei permite que um atleta maior de 14 anos e menor de 20 receba um “auxílio financeiro” do clube formador, porém só poderá assinar um contrato profissional a partir dos 16 anos e com prazo máximo de cinco anos.
Sabendo que um jogador somente está formado completamente depois dos 23 anos, tanto que até esta idade onde a Fifa indeniza o clube formador em transferências futuras.
Um exemplo, você um jovem promissor completa 16 anos, assina seu primeiro contrato profissional com prazo de cinco anos e aos 21 poderá se transferir para onde você quiser, ou para onde o seu empresário mandar. Sim, porque após a Lei Pelé o jogador deixou de estar preso ao clube e virou escravo do empresário.
Com isso muitas vezes vemos jogadores sendo “fatiados” entre clube e empresários, o nosso Brocador mesmo tinha 50% dos direitos econômicos sendo do Flamengo e o restante entre empresários e o Mogi Mirim. Outro caso emblemático foi o do jovem Caio Rangel, nunca jogou pelo time profissional, tem 18 anos, pediu uma grana enorme para renovar com o Flamengo e o clube para não ver um atleta formado por ele ir para outro lugar sem ao menos ganhar nada, vendeu por um valor irrisório.
A lei não permite que pessoas físicas ou empresas sejam donas de jogadores, então o que fazem os empresários, compram clubes pequenos ou fundam os chamados “clubes empresas” e atendem a lei quanto ao vínculo do jogador. Existe um clube em Minas Gerais que ao ver seu “elenco” é de se causar inveja a qualquer clube da Série A.
Vou escalar um time que possui vínculo com o Tombense: Marcelo Lomba (Bahia), Bruno Vieira (Flu), Henrique (Flu), Antonio Carlos (São Paulo) e Cortes (Criciúma); Ibson (Sport), Cicero (Flu), Diego Souza (Sport) e Rodriguinho (Grêmio); Welignton Nem (Shaktar) e Rafael Marques (ex-Bota). E olha que no banco teríamos Jean do Flu, Willian do Cruzeiro, Léo Moura, fora diversos jogadores de categorias de base de vários clubes do Brasil.
Como que o clube vai investir na sua base sabendo que não poderá ter lucros no futuro, já que o garoto pode passar a ser representado por um empresário qualquer e forçar a sua saída do clube, Luis Antonio que o diga.
Investir em categoria de base não é apenas colocar o moleque em campo e definir posições, você investe na educação do garoto, forma além de atleta profissional um cidadão também. A conduta dos garotos na base tem que ser moldada já visando a sua vida profissional. Mas com a influência de empresários como fazer isso.
Para ilustrar bem o nosso cenário, o melhor jogador brasileiro na atualidade disse durante a Copa do Mundo que não tem muito conhecimento sobre táticas e estratégias de jogo. Saiu com 21 anos do Brasil e vai terminar sua formação na Europa.
O Flamengo que antes batia no peito para dizer: “Craque o Flamengo faz em casa”, já não forma um craque na acepção da palavra há muito tempo e coleciona um vexame atrás do outro em diversas categorias. E enquanto este cenário perdurar, veremos muitos 7×1 acontecerem com a mais pura naturalidade.
Obs. 1: Como é bom ter fregueses fiéis, obrigado pela preferência Botafogo mineiro.
Obs. 2: Hernane pode voltar? Com Luxa? O bairro de Botafogo vai tremer se isso acontecer…
Obs. 3: Parabéns aos 116 anos do Vasco, o SEGUNDO time que mais nos dá alegrias.
SRN!!
Marcelo Neves
Fonte: Flamengo RJ