Longa estrada.

Amigos rubro-negros, depois das minhas longas férias na coluna é natural que uma extensa pauta de assuntos tenha se acumulado, pauta esta que será abordada ao longo das próximas colunas. Hoje, prefiro tratar apenas da gestão do nosso clube que completou neste meio de ano a metade do seu mandato.

Pena que este marco passou praticamente despercebido da torcida, mais preocupada com a péssima fase que passava nosso time de futebol, desempenho este que antecipou o processo eleitoral com a oposição tecendo críticas pouco ou nada construtivas.

Difícil fazer uma avaliação geral ou mesmo dar uma nota para os blues até aqui. Como qualquer gestão, houve erros e acertos. Avançamos bem em alguns setores, enquanto em outros nem tanto.

Na minha opinião, o melhor resultado até agora não foi esportivo, nem financeiro nem no marketing, mas no resgate da nossa credibilidade bastante arranhada pela irresponsabilidade fiscal de gestões anteriores que entregaram o clube com uma dívida enorme, frutos das engenharias financeiras e sem crédito na praça.

Todo o discurso do nosso presidente Eduardo Bandeira pregando austeridade e responsabilidade tem endereço certo: nossos credores, que precisam acreditar na mudança do modelo de gestão no clube para renegociar esta dívida de uma forma que nossas receitas não sejam penhoradas e tenhamos enfim um planejamento financeiro de curto e médio prazo.

Por outro lado, apesar dos títulos da Copa do Brasil em 2013 e do Carioca em 2014, considero a gestão do futebol abaixo do esperado, em função das sucessivas confusões e dos muitos desencontros que tivemos nestes 18 meses.

Um ditado que gosto muito de usar em administração se aplica muito ao nosso futebol: cachorro que tem dois donos morre de fome.

Na realidade, nosso futebol tinha ou tem mais de dois donos. Não se sabia ao certo quem era o responsável pelo nosso futebol, se era o então vice de futebol, se era o diretor-executivo ou se era um Comitê Gestor formado pelas principais cabeças do grupo de executivos que liderou a chapa vencedora das últimas eleições.

Depois de 18 meses este tal Comitê Gestor se desfez, após a saída de dois nomes de peso, o diretor-executivo foi demitido, o vice pediu demissão.

Agora, estamos sem vice, com um novo diretor-executivo e no sexto técnico.

Complicado.

Num modelo profissional e defendido no projeto da então Chapa Azul, o vice-presidente, obrigação estatutária, tem o papel de dar sustentação política e estabelecer as metas para o trabalho da equipe de profissionais liderada pelo diretor-executivo responsável pelo setor. Simples assim, mas que na prática não foi implementado no futebol, seja por vaidade ou seja mesmo por incompetência.

Para sanear o clube, eu estou disposto a abrir mão de títulos no curto prazo para colhermos o fruto no médio prazo, mas entendo que a maioria dos torcedores não pensa assim. Futebol mexe muito com a emoção e quando a emoção entra em campo, estratégia e planejamento são termos totalmente esquecidos.

Com esta nossa cultura, é preciso que nossos dirigentes tenham a sensibilidade de que sem um time forte e competitivo todo este esforço de restaurar a credibilidade do clube pode ser jogado fora. Um time forte é matéria-prima de qualquer produto do clube.

É neste contexto que entra o marketing, ou deveria entrar. Como o resgate da nossa marca nos gerou muitos compromissos financeiros, nosso fluxo de caixa para os próximos anos ainda está seriamente comprometido, acho que nosso marketing tem sido pouco criativo em buscar novas fontes de receita explorando este imenso potencial da nossa marca e da nossa torcida.

Sem contar a receita pela venda de jogadores, o Flamengo foi o clube que mais arrecadou em 2013, o que mostra um sensível avanço. Apesar deste bom resultado, ainda acho pouco, porque o crescimento foi obtido pela excelente bilheteria e pelo lançamento do Programa Sócio-Torcedor.

Precisamos avançar mais, justamente para conseguir investir num time realmente de ponta sem comprometer os compromissos financeiros. Sabe-se que a meta de receita para 2014 não será obtida, porque o PST não cresceu como planejado e a bilheteria também não será como prevíramos, devido ao fracasso na Libertadores e a necessidade de rever a política de preços dos ingressos. Somente uma arrancada meteórica no Brasileiro ou um novo sucesso na Copa do Brasil poderá recuperar o planejamento.

O Programa Sócio-Torcedor foi lançado, mas agora estacionou. Este programa precisa ser revitalizado trazendo mais benefícios de modo a atrair mais e mais torcedores. Hoje é simplesmente um programa de carnê de ingressos, com pouquíssimos atrativos, ainda mais para quem mora fora do Rio de Janeiro.

Na área de patrocínio, onde na época das eleições anunciavam grandes empresas interessadas, conseguimos apenas de uma montadora de carros e de uma empresa estatal.

Precisamos pensar fora da caixa. Fugir do modelo tradicional, de bilheteria + direitos de TV + patrocínio + PST + venda de jogadores. O futebol é a razão de ser do Flamengo, mas a marca FLAMENGO extrapola o futebol. O futebol faz parte de uma grande indústria, a indústria do entretenimento, uma com as maiores taxas de crescimento no mundo.

Vimos agora na Copa do Mundo que tudo gira em torno do futebol. Muitos negócios; muito dinheiro. Acho inadmissível que o clube de maior torcida da oitava economia do mundo não consiga gerar projetos de forma a se transformar definitivamente numa potência esportiva.

Continuo apoiando e, principalmente, acreditando neste modelo de gestão. A estrada é longa e não existe mágica em gestão. O segredo é trabalho, trabalho e trabalho. Como escrevi acima, o processo eleitoral foi antecipado no clube e tende a esquentar progressivamente nos próximos meses, influenciado até pelos resultados no campo. Só espero que todos no clube entendam que este modelo responsável de gestão é irreversível, com ou sem a Lei de Responsabilidade Fiscal no Esporte (LRFE). Não podemos mais tolerar aquelas manchetes depreciativas que cansamos de ver.

O FLAMENGO merece ser FLAMENGO.

Márcio Neves

Fonte: Flamengo RJ

Coluna do Flamengo

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