Depois de uma semana de troca de farpas entre aqueles que estão a frente do mais querido e outros que já estiveram no mesmo lugar parece que o Papa Francisco também tem algo a dizer sobre o atual momento do clube:
Caros dirigentes e torcedores do clube mais querido do Brasil,
Eu sei que vocês possuem seu próprio Deus, aquele que desfilou sobre relvados e que operou milagres no maior templo do futebol mundial o Maracanã.
Não obstante ao que parece uma heresia, sabemos todos o que a paixão pelo futebol promove dentro dos nossos corações. Perdemos o rumo, negamos o óbvio, enaltecemos caminhos tortuosos, tudo pelo regozijo da vitória. Mas quando nada parece dar certo, e não tendo mais o vosso Deus em campo, clama-se pela piedade e apoio do altíssimo, aquele com quem eu tenho alguma conexão direta por ser o Papa da vez.
Garanto-vos, isso ajuda!
Vejam só, já levei a Argentina para a Final da Copa no vosso maior templo e já consegui aquele apoio para o San Lorenzo, meu clube de coração, conquistar a América.
Como simpatizante desse grande clube que é o Flamengo e depois de ficar sabendo das dificuldades atuais do mesmo e das trocas de cartas entre dirigentes atuais e ex-dirigentes, gostaria de dar minha contribuição através de 4 lições que me foram ensinadas pelo Grandíssmo, não o Zico, se bem que poderia ser…
1. Sê humilde:essa é a maior qualidade de um verdadeiro líder. Tanto o vosso quanto o meu Deus sempre demonstrou a importância dessa característica. Mas não basta o discurso, há de ser autêntico! Saiam de seus nichos e aproximem-se, trabalhem como se todos estivessem num mesmo nível de responsabilidade, somos todos iguais perante o segredo da vida e do futebol.
2. Abra a sua mente: meu lema é “o povo em primeiro lugar e todo o resto depois”. No fundo o que interessa é o verdadeiro torcedor rubro-negro, aquele que veste seu filho de vermelho e preto assim que vem ao mundo, aquele que anseia por estar no seu maior templo, aquele que na ingenuidade de sua paixã, se doa, ama incondicionalmente e respira Flamengo. Uma vez de coração aberto aos que compartilham dessa paixão, evite o julgamento daqueles que pensam diferente, receba-os e lave seus pés como eu lavei os pés de homens e mulheres de vários credos. Não transformem suas atitudes em um monólogo, (re)considerem a natureza mutante dessa paixão. Diálogo aberto sempre com todos aqueles que querem contribuir.
3. Não faça tudo sentado na sua mesa de trabalho: Bote a mão na massa! Vá a campo (literalmente), aproximem-se de seus fiéis. Não é de longe ou por meio de cartas que o pastor conduz e protege o seu rebanho. Decisões ou reivindicações à distância não dão os resultados necessários. Dentro ou fora, é preciso estar próximo e atuar efetivamente em prol do clube. Mesmo os que estão de fora do processo de decisão mas se sentem aptos para contribuir devem estar presentes, arregaçando mangas e assumindo efetivamente a parte cabível. Reclamar sem atuar não engrandece o homem.
4. Não se abalem com as derrotas: Nesse momento esta é a maior lição que posso vos dar. Ano passado eu mesmo, que na minha posição não precisava reconhecer, confessei aos meus fiéis que também posso errar. Evitar reconhecer as adversidades e não enfrentá-las não funciona. Vocês vacilarão e erros virão, como já aconteceu no passado, mas toda a história passada e presente foi e será sempre combustível para triunfos futuros! A fé nessa paixão continuará movendo milhões rumo às grandes vitórias!
Com essas singelas palavras despeço-me nessa carta, acreditando que os grandes rubro-negros que estiveram e estão no comando desse grande clube entenderão minha mensagem. Certamente terão um semana de reflexão em busca da clarividência necessária para reconhecer que são apenas um entre 40 milhões de fiéis.
Fiquem com Deus, ou com Zico se assim preferirem.
Papa Francisco I
Texto de carta fictícia baseada na reportagem de Tony Gentile da Reuters: “Quatro lições de liderança do Papa Francisco” O Globo – 15/08/14
Fonte: Falando de Flamengo