Após a última rodada escrevi que o Flamengo estava no meio do caminho entre o G4 e o Z4, o jogo contra o Grêmio fecharia o 1° turno e apontaria contra quem o Flamengo batalhava. O desafio era árduo, se do outro lado os desfalques eram no ataque, no Flamengo o sistema defensivo sofrera o golpe com a suspensão pelo 3° amarelo de Wallace e Éverton e a convocação de Cáceres para a seleção do Paraguai.
Desde a chegada de Luxemburgo, após as primeiras semanas, vimos um Flamengo consistente defensivamente, dando pouco espaço pro adversário criar chances de perigo e a presença de Cáceres mostrava-se fundamental, mas havia quem dizia que contra os times da parte de baixo da tabela era fácil não tomar gols, portanto, enfrentando um time que briga pela vaga na Libertadores, sem os dois principais referenciais da defesa, o Flamengo teria seu maior teste.
Luxemburgo optou por mudanças conservadoras atrás colocando o experiente Chicão pelo lado esquerdo da zaga e o veloz Recife como 1° volante. Já na frente as substituições fugiram do padrão, fazendo o time sair do 4-3-3 para o 4-4-2 com a entrada de Mugni no lugar de Éverton e a inexplicável opção por Arthur no lugar de Paulinho, que não joga mais esse ano após a lesão sofrida quarta-feira.
O Flamengo foi a campo com Paulo Victor – Léo Moura, Marcelo, Chicão, João Paulo – Recife, Canteros, Márcio Araújo, Mugni – Arthur e Alecsandro.
A escolha por Mugni pode até ser questionada, mas a única opção seria Mattheus, que eu até acho que já merece uma chance visto que Mugni tem tido dificuldade em dar continuidade nas jogadas, porém não dá pra dizer que Luxemburgo errou. Agora, para o lugar deixado por Paulinho tinha Eduardo, Gabriel, Nixon, Igor Sartori e Negueba, todos já tendo feito muito mais que Arthur em campo esse ano.
Quando a bola rolou vimos que o Flamengo manteria sua política de jogar apenas um tempo de jogo, mantendo as linhas compactas em 3/4 do seu próprio campo e deixando o restante pro Grêmio girar a bola. Geralmente Éverton e Nixon eram os responsáveis por receber o lançamento e puxar o contra-ataque, mas sem eles a bola acabava sobrando pra Mugni que é lento e necessita que os companheiros encostem para jogar, o que não acontecia pela movimentação equivocada de Alecsandro e Arthur e o posicionamento excessivamente recuado de Canteros e M. Araújo. Sem o contra-ataque em velocidade, com os dois laterais não aparecendo muito na frente, as chances criadas pelo Flamengo praticamente inexistiram no 1° tempo.
Era nítido que o time carecia de velocidade, o que teria com a entrada de Gabriel, além da precisão e movimentação inteligente de Eduardo que deveriam entrar no 2° tempo, porém voltaram do intervalo no banco. Luxemburgo tentou corrigir os problemas com conversa e a subida mais frequente de Canteros e Márcio Araújo ajudou a deixar o jogo um pouco mais equilibrado no início do 2° tempo, porém ainda era o Grêmio que chegava com mais perigo. Após os 15 minutos saíram Mugni e Arthur e entraram Eduardo e Gabriel, o jogo mudou e o Flamengo passou a ter o controle da partida, pressionava e criou mais chances de perigo, porém ainda pecando no último passe.
Foi então que nos acréscimos, quando todos já pareciam conformados com o empate, Luan pegou a bola no contra-ataque e partiu pra cima da defesa passando três e chutando de dentro da área. Uma jogada de um jogador que havia entrado há pouco tempo em cima de uma defesa já cansada acabou com a invencibilidade do Flamengo, mas não tira o imenso mérito da mesma defesa que atuou de forma segura e manteve um 0 a 0 quase sem sustos até o finalzinho.
Um time que quer brigar pela Libertadores precisa antes de tudo tomar poucos gols, algo que o Flamengo mesmo com a defesa desfalcada consegue manter inclusive contra os times ponteiros. O ataque é um problema a ser resolvido, não adianta pôr Eduardo só 30 minutos, se dá pra ele jogar 60, que assim seja, e deixa os últimos 30 pra Gabriel, também tem-se que pensar em alternativas para quando Éverton não estiver disponível, contra o Grêmio foi o jogador que mais fez falta justamente por ser o puxador de contra-ataques mais eficiente do Flamengo. Luxemburgo terá pouco tempo para trabalhar, mas precisa pensar urgentemente nessas formações alternativas, já que suspensões e lesões acontecem, de toda forma agora os ajustes são menores, o esforço maior já foi feito e consolidado, de forma que mesmo com a derrota, ainda acredito que a briga é em cima.
O destaque do jogo, por outro lado, não esteve em campo e sim nas arquibancadas. A torcida compareceu em massa, quebrou recordes desse ano e, mais importante, cantou e apoiou desde antes do jogo começar até depois de ele terminar, mostrando que não se abalaria pelo tropeço no finzinho do jogo. E, dado que o Flamengo enfrentará a maioria dos adversários diretos pelo topo em casa, a camisa 12 tem tudo para fazer a diferença.
Saudações Rubro-Negras
Em tempo: Não sou supersticiosa, mas sempre que vejo o time entrar com o 3° uniforme em campo sinto frio na espinha.
Fonte: Flamengo em Foco