A trajetória da mediocridade.

Antes de mais nada, esclareço que uma trajetória medíocre é aquela fiel à média. Média, daí medíocre e, por conseguinte, dentro da mediocridade. Dito isso, lembro ser comum se dizer que todo brasileiro entende de futebol desde o nascimento. Entretanto, basta expressar sua opinião para que alguns, desabituados ao exercício do diálogo, lhe condenem à pior qualificação possível, como se fossem sábios e profundos conhecedores do tema. Na maioria das vezes são ignorantes absolutos, sequer conseguiram jogar uma pelada, um rachão, um babinha, não fazem três embaixadinhas, só jogaram futebol no corredor de casa, sozinhos, longe dos olhos de todos e quando eram donos da bola. Crescem, mudam de endereço sem deixar rastros e se transformam em craques, a contar histórias fantásticas de seus gols espetaculares e de suas façanhas nos gramados, nas quadras, nas ruas. Aí, como as mentiras repetidas acabam se transformando em verdades até para os seus autores, passam a se considerar doutos no velho esporte bretão.

A cada três pontos que conquistamos, um grupo de enganadores me ataca como se fosse minha a culpa pelo campeonato fraco que fazemos. A cada vitória sou alvejado como se houvesse uma disputa em particular contra os críticos. A rigor, não só me incomoda muito a campanha, como não tenho satisfação alguma de opinar com sinceridade sobre a qualidade do elenco rubro-negro. Apenas estou comprometido com a verdade, ainda que ela custe a minha tristeza. Isso fica mais doído no meu caso de amor com o Flamengo, depois de mais de cinquenta anos de arquibancada vitoriosa, onde presenciei tudo e mais alguma coisa. Cada jogo mal jogado, cada coleção de passes errados, cada gol perdido, cada falha bisonha sangra este coração rubro-negro como uma facada desferida pelo destino.

Na gangorra do Brasileiro passamos para a segunda página. Para isso, precisamos apenas de dois empates seguidos contra adversários na descendente. Primeiro deixamos escapar uma vitória fácil, fora de casa contra um Palmeiras destroçado, cujo destino foi a lanterna logo depois, com uma humilhante goleada de 6 x 0 para o Goiás. Os goianos souberam aproveitar o que o Flamengo não soube e resolveram o jogo no primeiro tempo. Na rodada de fim de semana perdemos outros dois pontos para um rival carioca que vinha de derrota para o então lanterna do campeonato. Disfarço a colocação medíocre com a ilusão de que é a primeira página e somos os líderes. Faz tempo que não sabemos o que é liderar o Brasileiro uma rodada sequer. Não vale a primeira. Como em 2009 provamos que o importante mesmo é estar na liderança na trigésima oitava rodada, ainda podemos sonhar, não é? Afinal, sonhar não custa nada.

Se chegarmos à última rodada em décimo sexto lugar, mesmo aos trancos e barrancos, me darei por satisfeito nas atuais circunstâncias. A opção pela mediocridade feita pela atual gestão, sob o enganoso argumento de sanear as dívidas, nos deixou impedidos de almejar algo melhor. Ainda assim, há remunerações atrasadas dos jogadores e compromissos não quitados. Fomos enforcados por acordos benéficos em tese, cuja contrapartida maltrata a qualidade do clube no campo esportivo. Houve gastos equivocados e apostas mal feitas em contratações ruins. Houve erros crassos que poderiam ter custado mais caro do que a ameaça de descenso em 2013. E os reflexos estão aí, nessa luta quixotesca contra moinhos que viraram dragões pela incompetência dos dirigentes.

Finalmente, por justiça, me obrigo a elogiar o Luxemburgo. O Pofexô conseguiu quase uma omelete sem ovos, dando uma lição de humildade inequívoca aos dirigentes soberbos e escondidos que temos hoje. Conhecendo o perfil do Luxa, para minha surpresa, ele reconheceu de público a inferioridade do elenco, montou um esquema adequado às suas limitações, deu a cara para apanhar e fez o time reagir na competição. A bem da verdade, mesmo obrigados a tomar essa decisão a fórceps, o Pofexô é dos poucos acertos dessa diretoria no futebol.

Fonte: Magia Rubro-Negra

Coluna do Flamengo

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