A paixão que sentimos pelo Flamengo, não deve impedir que enxerguemos a realidade. Nosso grupo tem limitações, sim. Não foi formado para vencer mais um Brasileiro. Foi formado para passar incólume por 2014 e ser reforçado pontualmente em 2015. E, até superando algumas expectativas, já conquistou o Carioca deste ano e ainda vai brigar por um título de Tetra-Bi na Copa do Brasil.
Não há nisso demérito algum. Pagar a conta que nos deixaram exige sacrifícios e é o que estamos fazendo. Por menor que seja nossa vocação para frequentar meio de tabelas, é o que nos cabe este ano e, muito possivelmente, é com isso que vamos conviver até o final.
É chato? Em se tratando de Flamengo, CLARO que é! Mas torcedor que pensa lá na frente, não está reclamando.
Vem chamando minha atenção, surpreendendo mesmo, a compreensão da nossa torcida com o nosso momento e a nossa realidade. Deixamos para trás a imagem de “A que mais Empurra e a que mais Cobra”. O apoio tem sido incondicional. Não se ouvem mais vaias. Pelo contrário! Neste momento, além de termos a MAIOR e a MAIS bonita, temos a mais inteligente também.
Lotamos o Maraca na lanterna, batemos recorde de público brigando apenas pela 1ª página, lotamos estádios fora do Rio, cantamos nosso hino após uma derrota. Sinceramente, não me lembro de ter visto isso em nenhuma outra época e de nenhuma outra torcida. Estamos dando AULA de torcer.
O resultado disso, inegavelmente, vem se refletindo dentro de campo. O crescimento de produção do João Paulo é o maior exemplo. Depois de ANOS tendo nossa jogada mais eficiente pelo lado direito, é do nosso lado esquerdo que vêm saindo nossas jogadas mais perigosas. Com a empolgante fase do Everton e a animadora colaboração do nosso lateral. O porquê dessa mudança? CONFIANÇA! Passada pelo treinador e pela torcida.
Confiança faz o jogador chegar antes na dividida, se permitir um passe mais ousado e arrastar a bunda no gramado com mais prazer.
Falando em inteligência e confiança, vamos precisar muito das duas hoje. Os caras vão jogar em casa, pressionados, desfalcados, ameaçados, cobrados, desesperados. Vão ter que vir pra cima da gente; não há outra opção para eles. E penso que isso nos favorece. Não temos uma equipe com poder de fogo para encurralar adversários. Nossa arma é a velocidade no contra-ataque, apoiada por uma forte marcação e solidez do sistema defensivo. Um estilo que tem tudo a ver com o jogo de hoje. Mesmo jogando fora, minha expectativa é de vitória. E é bom mesmo que seja.
Temos um Fla-Flu no domingo e o São Paulo, no Morumbi, na rodada seguinte. Duas equipes inegavelmente mais capacitadas tecnicamente que a nossa e que, certamente, nos darão MUITO trabalho. Por isso, os 3 pontinhos hoje serão fundamentais para nos mantermos nessa meiuca e nos afastarmos ainda mais de qualquer tipo de risco.
Risco mesmo é o que correremos a partir de agora com as arbitragens. Da mesma forma que a repercussão dos pênaltis marcados contra o Curitiba, acabaram induzindo a arbitragem do jogo contra o Goiás a não dar um no final do jogo a nosso favor, estejam certos, o impedimento não marcado contra o Curintia, certamente influenciará as arbitragens contra nós a partir de agora. Mesma linha vai acabar em bandeira pra cima e pênalti por toque de mão dentro da área, nem com zagueiro adversário fazendo ponte e espalmando para escanteio.
Vamos repetir a escalação do jogo passado? Ótimo! Que se repita também a mesma aplicação tática, o mesmo poder de marcação, a mesma seriedade, a mesma atenção e se melhore um pouco as finalizações. Ultimamente, quando vejo o Alecsandro jogando e finalizando, a vontade que me dá é “finalizar” o próprio.
Pois então, que as bem sucedidas saiam dos pés de Eduardo, Everton, Walace ou qualquer outro. Minha maior confiança, hoje em dia, não está só nos 11 dentro de campo. Apesar da descrença de MUITOS “intendidos”, está no cara que fica na beira dele.
PRA CIMA DELES, MENGÃO !!!
Ricardo Perez
Fonte: A Fazenda