Após aumentar o preço dos ingressos para o jogo contra o Corinthians, domingo, no Maracanã, e ser acusada de trair a torcida, a diretoria do Flamengo vai atrás de uma reaproximação. O marketing do clube terá um encontro com as lideranças das organizadas na noite de sexta-feira, na sede da Gávea.
A relação entre clube e torcida, que estava em clima de lua de mel, azedou esta semana com o anúncio dos novos valores. Em carta ao presidente Eduardo Bandeira de Mello, a Atorfla (Associação das Torcidas Organizadas do Flamengo) acusou a diretoria de ter descumprido um acordo, feito quando o time estava na lanterna do Brasileiro, de manter os preços das entradas a partir de R$ 40. Além disso, a Atorfla cobrou novamente os treinos na Gávea — em véspera de jogo no Maracanã aos domingos —, trato que só foi cumprido apenas uma vez.
Ao ser perguntado sobre o aumento dos preços, o técnico Vanderlei Luxemburgo deixou claro não ter nada a ver com a decisão. Segundo ele, é a diretoria quem tem que entender com a torcida.
— O problema do aumento não pertence a mim. É uma decisão da diretoria com a torcida. Que resolvam lá. Mas continuo falando da importância do torcedor em abraçar a equipe para sair da confusão — afirmou o treinador logo após a derrota contra o Goiás.
O departamento de futebol é contra o aumento dos preços, uma decisão tomada pelo marketing. O vice de futebol, Alexandre Wrobel, tem dito pelos corredores da Gávea que vai lutar para fazer os valores voltarem aos patamares antigos nas próximas partidas. No primeiro dia de comercialização, cerca de dez mil ingressos foram vendidos para o jogo.
A polêmica decisão provocou críticas de ex-presidentes. Márcio Braga acusa a atual diretoria de fazer a torcida pagar pelo mau acordo com o Consórcio do Maracanã.
— Esses preços são absurdos e não têm sentido para a torcida do Flamengo. Eles alegam que precisam aumentar porque colocaram 54 mil no Maracanã e o clube só recebeu 600 mil. Mas isso é porque eles negociaram mal com a empresa que administra o Maracanã. Estão pagando mais do que devia — atacou o ex-presidente.
Já para Kleber Leite, a decisão sobre os valores precisa passar por outras cabeças. Hoje, ela está nas mãos do setor de marketing, que, segundo ele, não entende as necessidades do futebol:
— Isso é um tipo de coisa tão importante que não pode ficar na mão de uma ou duas pessoas. Porque essa pessoa pode ser gulosa.
Fonte: Extra Globo